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por Claudio Viana Silveira

 

“O que é Deus?”


Adequada, a pergunta do codificador! Poderia ter perguntado “quem” é Deus, admitindo uma comparação. Irreparável, categórica, a resposta: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”1

Perante o imbróglio das primeiras três questões filosóficas dos Espíritos no Cap. Deus, socorre-nos a filosofia da constatação cotidiana dos efeitos simples de Deus.

Deus é o imparcial do sol, das chuvas, dos ventos! Seu sol brilha sobre bons e maus; sua chuva torna prenhes as terras de uns e de outros; e sua brisa e ventos acariciam e beijam as faces de ímpios e piedosos. Como ousaria privar os bons dessas benesses a despeito dos equívocos dos maus? Bons e maus aos nossos olhos o seriam aos d’Ele? Como arrancaria Ele só o joio, sem o prejuízo do trigo?

Deus é ouvir-se o tagarelar – verdadeiras sonatas – de princípios inteligentes dos quais é o Maestro perfeito. É o instinto desses mesmos seres ao alimentar seus filhotes; montar e remontar abrigos; defender-se de predadores.

É a astúcia, comportamentos, fidelidade, artimanhas, adestramento e até a imaginação desses mesmos grandes seres menores.

É a causa dos efeitos de inteligências brilhantes buscando soluções para a diversidade de problemas que afetam diariamente nossa saúde, economia, alimentação, vestuário, infraestrutura, moradia...

É a ousadia das flores e folhas, dos princípios vitais buscando as claridades; suas raízes indo na direção da vida, e seus frutos guardando sementes para perpetuação das espécies.

É contemplarmos um céu estrelado, a imensidão do mar, uma tormenta com inúmeras descargas elétricas, os abismos de um oceano... e afirmarmos como Voltaire2“É-me impossível admirar este imenso relógio e duvidar que haja um Relojoeiro!”

É observarmos os ciclos muito bem definidos da videira e percebermos que há a estação dos brotos, da floração, dos frutos, da perda das folhas, e do preparo das novas gemas para a continuidade do círculo vicioso dessa cultura.

É o arco-íris natural plantado na diversidade de florestas do Planeta; as multicoloridas culturas de hortaliças, flores e grãos, reunindo agregação humana e a botânica divina.

É a brisa chacoalhando o sino dos ventos, caprichosamente entalhado em bambu pelas quatro mãos da Natureza e do homem, e retirando dele sonidos de causar inveja aos melhores instrumentistas do Planeta.

Se observarmos as maiores inteligências do Planeta nas diversas áreas, economia, literatura, artes, invenções, realizações, soluções... veremos que todas estas “inteligências têm também uma causa e quanto maior for a sua realização, maior deve ser a causa primária.”3

É o Deus estudado, a partir de seus atributos, convenientemente por nós, como Onipotente, Justo e Bom, já que pela categoria de nosso Planeta tais “predicados” nos são de extremo auxílio.

Pois esse Deus, Todo Poderoso e Bom, porque é Justo, coloca o homem em destaque na sua criação: concede-lhe a administração de seu Reino na Terra. E se é “Rei”, somos os seus príncipes, administradores, herdeiros do Reino Principal!

A filosofia da constatação, por menor que seja, nos fará perceber que “tudo que não é obra do homem, a razão nos responderá”4 que é obra e prova da existência de Deus.

 

Bibliografia:

1, 3 e 4. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de J. Herculano Pires, 71ª edição da LAKE, questões 1, 693-a e 4.

2. François-Marie Arouet.   
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita