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por Juan Carlos Orozco

 

A Providência Divina e os mecanismos de sua ação


Esta reflexão vai abordar “A Providência Divina e os mecanismos de sua ação”, com apoio na questão 87 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, cuja resposta ensina: “... os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos). Isto porque: “A natureza inteira está mergulhada no fluido divino” (Allan Kardec. A Gênese. Capítulo II).

A palavra providência significa prevenção, disposição prévia dos meios necessários para obter um fim, para evitar um mal ou para remediar uma necessidade. Este substantivo decorre do verbo prover, que exprime providenciar, dispor, aprovisionar, suprir ou fornecer.

Para a Doutrina Espírita, em “A Gênese”, de Allan Kardec, temos que “A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às menores coisas. É nisto que consiste a ação providencial” (Allan Kardec. A Gênese. A Providência).

Contudo, para entender a Providência Divina é preciso compreender Deus, os seus atributos e a rede espiritual que nos conecta com o Universo e a divindade, como seres à imagem e semelhança de Deus, dotados dos germens divinos para a nossa evolução física e moral a caminho da perfeição relativa à Humanidade, tendo o Cristo como modelo e guia.

Os mecanismos de ação da Providência Divina passam pela compreensão das leis que regem os fluidos, os tipos e as frequências das vibrações energéticas, pois são estes elementos materiais que servem de veículo à manifestação da vontade do Criador e de todos os Espíritos.

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Como seres espirituais e inteligentes, podemos nos comunicar, a qualquer momento, por intermédio de uma rede espiritual que transmite os nossos pensamentos.

O ato de pensar é do Espírito, mas o pensamento é transmitido pelo perispírito. Pela sutileza do perispírito, os Espíritos penetram em toda parte e nos pensamentos mais íntimos. O pensamento do Espírito alcança um tempo e um espaço circunscrito, e o de Deus abrange o Universo e a eternidade. Os nossos pensamentos são como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente.

Imaginemos a natureza inteira mergulhada no fluido divino (fluido cósmico universal), o qual se encontra impregnado do pensamento de Deus, de tal modo que não haverá nenhum ser, por mais ínfimo que seja, que não esteja saturado desse fluido. Qualquer vibração nesse fluido é imediatamente sentida por Deus. É por isso que o Cristo disse que estamos em Deus, como Ele está em nós.

Por estes mecanismos, Deus provê os recursos necessários para todas as situações, sem, contudo, deixar de cumprir invariavelmente a ordem legal do Universo, pois cada filho seu deve assumir responsabilidades, tomar resoluções e fazer o bom uso do livre-arbítrio.

A Providência Divina para com as suas criaturas inclui várias ações e cuidados de um Deus eterno, imutável, onisciente, onipresente, único, imaterial, soberanamente justo e bom. Aos nossos olhos limitados, muitas ocorrências podem parecer coincidências ou sorte, mas na verdade os fatos demonstram a ação da vontade divina, sempre soberana e justa. Nada é por acaso. Tudo tem um fim e uma razão de ser.

Não podemos nos abater pelo desânimo, pela angústia ou tristeza. Devemos seguir em frente, sempre confiantes e com fé, pois todos somos filhos do amor de Deus, que tudo providencia para o nosso crescimento e felicidade.

O Evangelho de Jesus é dádiva suprema para a redenção do homem, apresentando-se como roteiro de vida para a ascensão de todos os Espíritos em evolução.

Cada criatura recebeu determinado talento da Providência Divina para impulsionar o seu progresso, mas é necessário movimentá-lo na prática do bem para avançar na direção da grande luz. Alguns destes talentos são transitórios e úteis à vida no plano físico, durante a reencarnação. Outros são eternos, imprescindíveis à felicidade do Espírito. A sabedoria está em saber utilizar esses talentos sem se escravizar, mas devemos priorizar a aquisição dos bens celestiais. Todo dia é ocasião de semear e colher.

O Pai bondoso, justo e misericordioso, não reclama de nós as obras imediatas a que devemos edificar. Pelo contrário, nos dá o tempo necessário para germinar, crescer, florir e frutificar.

Como Espíritos em evolução, nem sempre conseguiremos a energia suficiente para superar as nossas montanhas de dificuldades, mas devemos sustentar a fé e a confiança em Deus, pois não estamos sós ou órfãos do amparo, do socorro, da luz e da bênção do Pai, mesmo que se esgotem todas as nossas forças.

Quando os nossos recursos se esgotarem, evoquemos pela prece a Providência Divina, a qual deve ser sustentada pela fé e confiança em Deus, depositando toda a nossa esperança na ação providencial, segundo a Vontade do Pai.

Quem deseje encontrar o reino de Deus tome a sua cruz e siga os passos do Mestre Jesus.

 

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

DIAS, Haroldo Dutra. As relações humanas e providência Divina. Disponível em: Link-1. Publicado em: 30 de maio de 2017, por Sandro Morais. Acessado em: 16 de março de 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.


 
 
 

     
     

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