Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Enquanto a infância durar...


O verdadeiro propósito do movimento não é favorecer uma melhor respiração ou nutrição, mas servir à vida e à economia espiritual e universal do mundo
. Maria Montessori


Em casa é importante nutrir os relacionamentos com base na cooperação e solidariedade, pois é isso que cria o  sentido de comunidade e pertencimento. Mas, sem esquecer a ideia de vida compartilhada, é bom lembrar que as crianças não podem se conduzir como adultos, ainda que haja, por parte dos responsáveis, um incentivo contínuo para a sua gradativa independência.

Pensemos: uma casa com três filhos: 11, 9 e 4 anos. Todos participam das tarefas de casa com mais ou menos responsabilidades de acordo com a idade e as habilidades. Mas isso não significa que o mais velho, por exemplo, seja responsável pelos mais novos, pois a segurança em casa nunca pode estar a cargo de uma criança.

Muitos adultos, e por razões diversas, impõem aos filhos mais velhos o papel de cuidado com os irmãos mais novos, entretanto isso é um equívoco, à medida que lhes são atribuídos deveres que não são de sua competência porque são simplesmente crianças…

No dia a dia, é essencial distinguir entre preparar e educar os filhos para serem autônomos da atitude antieducativas de lhes delegar responsabilidades cujas consequências estão fora de seu alcance, e mesmo que existam casos de crianças “precoces”.

Ser mãe, ser pai, ser responsável por uma criança é muitas vezes cansativo sim, pois quem tem filho sabe que a rotina está implicada com cuidar, cuidar, cuidar. No entanto, para as crianças lhes corresponde comportar-se como crianças e fazer as coisas como crianças.

Não apressemos a infância. Os filhos, sem exceção, sobretudo quando são pequenos, necessitam de amor, companhia, supervisão, atenção, cuidados, contenção, limites, e tudo isso depende sempre de um adulto responsável e presente.

Sabemos que há lares nos quais as opções são restritas e mesmo assim não é admissível uma criança de 9 anos responsabilizar-se por uma de 5 anos, o que aumenta, por exemplo, os casos de acidentes. Trata-se de procurar criar espaços seguros para os filhos. Os adultos responsáveis, ao redor das crianças, somos os modelos através dos quais eles experimentam e interpretam o mundo.

Há crianças em casa? Temos que ser os adultos que não se valem de desculpas para descasos ou delegações de funções impróprias, descabidas, e as crianças, por sua vez, simplesmente necessitam ser crianças e enquanto a infância dure.

Notinha

Em muitas casas há crianças parentalizadas, ou seja, crianças que assumem função do pai ou da mãe, ditam regras, cuidam de irmãos menores etc. Essa criança parentalizada sofre, muitas vezes adoece e se torna triste, preocupada, ansiosa, à medida que assume funções que escapam à sua competência junto aos pais ou aos irmãos.

Criança não pode assumir as funções dos pais. Os adultos/cônjuges precisam responsabilizar-se por suas escolhas. Em casa, a criança, amada e orientada pelos pais, precisa desfrutar da infância sendo vista/reconhecida como criança.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita