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por Ricardo Orestes Forni

 

O Divino Maestro


Uma orquestra sinfônica pode ter até cem músicos dependendo da peça a ser executada. Pode inclusive, em alguns casos, ultrapassar esse número. Compõe-se de cinco classes de instrumentos: cordas (violinos, violas, violoncelos, contrabaixos); madeiras (flautas, flautins, oboés, clarinetes, fagote); metais (trompetes, tromboses, trompas e tubos); percussão (tímpanos, triângulo, caixas, bombo e pratos) e teclas (pianos, órgão e cravo).

Não vou me atrever a maiores detalhes porque nada sei sobre esse terreno da música clássica, embora admire imensamente essa face da cultura humana que nos revela, mesmo que de longe, como devem ser as sinfonias em planos elevados da espiritualidade.

Valho-me desses poucos dados da introdução para dizer que o maestro é capaz de identificar uma única nota errada procedente desse mar de instrumentos e sons diversos. É denominado de ouvido absoluto.

Entendo que Deus, o Divino Maestro, fez a sua composição quando instituiu a vida desde todos os tempos. Cada um de nós como Espírito vivente no Universo ou nos multiversos como defendem alguns cientistas, representa uma nota musical. Quando ferimos a Lei do Amor que preenche a toda a obra da criação, somos semelhantes a um músico de uma orquestra sinfônica que emitiu do seu instrumento uma nota errada que foi imediatamente identificada pelo maestro. Assim também se passa com o Divino Maestro dessa sinfonia absolutamente completa que é a vida imortal! A qualquer desequilíbrio que damos origem, por menor que seja ele, é de pronto identificado pelo Criador ou por suas Leis, se preferirem. E todos nós fomos colocados na sinfonia da vida representando uma nota que não pode destoar do conjunto sob a pena de comprometer a musicalidade do Amor.

Emmanuel, no livro Vinha de Luz, nos ensina que urge considerar, porém, que o testemunho cristão, no campo transitório da luta humana, é dever de todos os homens, indistintamente.

E continua ele afirmando que cada criatura foi chamada pela Providência a determinado setor de trabalhos espirituais na TerraAs mães e os pais terrestres foram convocados a negócios de renúncia, exemplificação e devotamento. O cientista vive fornecendo equações de progresso que melhorem o bem-estar do mundo. O cozinheiro trabalha para alimentar o operário e o sábio. Muitos outros exemplos nos fornece o nobre Mentor para deixar bem claro que absolutamente todos nós representamos essa nota musical na sinfonia da vida. E isso é muito importante porque encontramos o hábito de se cobrar com rigor a falha de representantes de uma determinada religião como se esse ser humano tivesse uma responsabilidade maior perante a vida do que os demais. Acentua-se a falha e divulga-se o desequilíbrio daquele religioso como se tal atitude servisse de alguma maneira para encobrir nossos erros. Comenta-se a pedofilia de algum representante dessa ou daquela religião como se o mesmo crime aos olhos de Deus fosse diferente quando uma pessoa não ocupa papel de liderança religiosa. Fofoca-se sobre o adultério de algum representante dessa ou daquela religião como se o mesmo deslize de uma pessoa que não tivesse compromisso maior com a religião citada, encontrasse uma complacência maior perante as Leis da vida. Aponta-se o dedo para a ferida de uma pessoa de destaque como se ela fosse obrigada a demonstrar virtudes das quais estamos muito distantes. Existem aqueles que não assumem religião nenhuma perante o mundo, como se fora de todas elas, tivesse o direito de fazer o que bem entende sem assumir responsabilidades pelo exercício do livre-arbítrio.

Felizmente e por uma questão de absoluta justiça, as coisas não se passam como entendemos, mas sim como deve ser.

Retornamos com Emmanuel no mesmo livro mencionado, quando ele nos ensina que todos os homens vivem na Obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina.

E arremata: Em razão desta verdade, meu amigo, vê o que fazes e não te esqueças de subordinar teus desejos a Deus, nos negócios que por algum tempo te forem confiados no mundo.

Como dissemos no início, o Divino Maestro compôs uma música universal que tem como pauta o Amor. Depositou cada um de nós nessa partitura como as notas musicais para uma sinfonia perfeita.

Será que temos ferido muito os ouvidos Divinos com a nossa desafinação?

Que tal afinarmos o instrumento de nossas atitudes pelo diapasão do Amor?


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita