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por Lillian Rosendo

 

Quem você pensa que é?


Em tempos de crise observamos em nós características adormecidas – porém não ignoradas – pensamentos, emoções e sentimentos que sinalizam a posição moral em que nos encontramos, e essa observação é extremamente salutar, afinal, estamos sendo nós mesmos e isso não é nenhum demérito. 

O autoconhecimento, segundo a psicologia, significa o conhecimento de um indivíduo sobre si mesmo. Conhecemos traços da personalidade à medida que vamos experienciando as circunstâncias que se nos apresentam. O Espírito Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, nos esclarece sobre os benefícios da investigação sobre si mesmo1:

“Se o autoconhecimento é necessário à busca pela felicidade, o desconhecimento de si mesmo, a ignorância de sua realidade profunda, do Eu Superior, é causa de sofrimento. Sem esse conhecimento torna-se difícil identificar nossas fragilidades e direcionar nossas resistências morais, fortalecendo-as. Sem uma compreensão dos objetivos a que deve perseguir, o ser segue na vida longe dos recursos que deve encontrar para atingir sua meta. Cada ser humano é uma incógnita a ser equacionada por ele próprio”.

Vivemos diversas existências e acumulamos traços das características. A cada reencarnação adicionamos uns poucos traços.

Estou nessa existência, construí até agora quem sou de acordo com as experiências, mas, se eu nascesse em outro meio, com outros pais, outros costumes, outra cultura, outras condições, teria muito pouco do que sou hoje, teria outras características.

Para reconhecermos um pouco de nós mesmos é preciso muita sinceridade íntima e a autoconivência é bem generosa. Os Espíritos Superiores 2 nos orientam que o egoísmo é o vício mais radical que nos assola, de que deriva todo o mal, e precisamos extirpar o cerne; é nesse ponto que se faz necessário esse estudo sobre si mesmo.

Quando identifico o egoísmo em minhas atitudes é quando poderia ponderar e me atentar ao sinal amarelo aceso. Mas geralmente avanço o sinal assumindo o risco de protelar a minha evolução. Sim, eu sei que o Espírito progride lentamente, entretanto, muito será cobrado quando se tem consciência do erro.

Será que eu sou quem eu penso que sou?

A virtude é conquistada e ao longo das existências iniciamos o processo; há de perseverar no burilamento, são as situações adversas que nos põem à prova, e a experiência que estamos tendo durante uma epidemia diz muito sobre nós.

Aprendemos através da doutrina espírita que todas as virtudes são meritórias, são indícios de progresso, inclusive quando resistimos às nossas más tendências.3

É motivador, precisa ser automotivador, pois está em nós, o caminho é longo, há muito ainda o que resolver para se descobrir, se aceitar, se compreender e se perdoar; o percurso não precisa ser sofrido. Como nos encoraja o Espírito Emmanuel 4, “a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio”.

Tornar-se consciente de si mesmo, olhar em volta e para o alto, no alto do sentimento do que está além dos interesses próprios.

Ainda não sou quem almejo ser, vou construindo de modo a aprender ser uma pessoa melhor e resistir à atração do egoísmo que há em mim, atendendo a sugestão daquele sábio da antiguidade, “conhece-te a ti mesmo”5.

 

Referências bibliográficas:

1 FRANCO, Divaldo P. Autodescobrimento – uma busca interior. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Liv. Espírita Alvorada, 2000.

2 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 913. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.

3 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 893. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.

4 XAVIER, F. C. O Consolador, Espírito Emmanuel, pergunta 253, 28edição. FEB 2008.

5 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 175° Edição. Questão 919. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2007.


 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita