Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Criança, liberdade, movimento


Quando eu ainda não sabia ler, brincava com livros e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo
. Cecília Meireles


Ah, a impaciência, a pressa… Queremos que nossos filhos se desenvolvam logo. Que aprendam palavras, números, a função das coisas.

No dia a dia? Cercamos as crianças de brinquedos, de telas, de inúmeras atividades, em vez de lhes dar tempo para simplesmente brincar.

Mas uma criança precisa de muitos brinquedos?

Na realidade, a criança anseia por liberdade... Tempo disponível para explorar o mundo através das brincadeiras.

O meninozinho quer pular na poça d’água – três vezes?

A meninazinha insiste em subir e descer uma escada de três degraus sete vezes. Para quem desfruta da infância, o mundo é amplo e vastas são as opções de brincadeiras: brincar com um balde d’água; brincar com as colheres no chão da cozinha; brincar com as folhas do grande arbusto que cresce solitário na praça; ajuntar pedrinhas; rir do pássaro pousado na árvore sem saber o nome dele…

Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo: a criança curiosa encontra por si mesma opções para brincar.

E nós, os adultos? Precisamos apenas confiar que a criança é capaz de fazer escolhas e acompanhá-la em seu protagonismo – brincar com o cachorro, brincar com a terra no jardim e, depois, pular amarelinha, construir uma cabana com o cobertor vermelho, que bela invenção é uma bola!

Toda brincadeira livremente escolhida fará bem à criança. Pois lhe trará alegria de viver, felicidade, entusiasmo e oportunidade de desenvolvimento.

Para nós, que temos uma criança em casa, é fundamental recordar a frase maravilhosa de Maria Montessori: “Deixem que as crianças sejam livres!”

Com confiança, e para a felicidade da criança, vamos permitir que ela tenha diariamente tempo e liberdade para eleger suas próprias brincadeiras.

 

Enquanto não têm foguetes

para ir à Lua

os meninos deslizam de patinete

pelas calçadas da rua. Cecília Meireles

 

Notinha

Brincar livre é quando o adulto oferece essa possibilidade à criança, sem interferir no que deve ser escolhido/feito. O adulto permanece próximo da criança monitorando o ambiente, acompanhando-a com uma atitude de encorajamento, admirando com sinceridade as diversas descobertas que ela é capaz de fazer.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita