Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Pais muito exigentes?


A saúde da criança durante toda a vida vai depender de como nos portamos em sua proximidade. As tendências que a criança desenvolve dependem de como nos comportamos perto dela
. Rudolf Steiner


Muita gente (ainda) valoriza resultados e, por isso, há pais que se fiam no costume de exigirem excessivamente dos filhos – e desde a primeira infância.

A demanda por excelência cria, na realidade,  a oportunidade de a criança crescer perfeccionista, autoexigente. Além disso, diante do fracasso, o indivíduo perfeccionista tende a responder de forma mais dura emocionalmente. Ele sente mais culpa, mais vergonha. E também sente mais raiva e desconfiança.

O perfeccionismo é uma idealização, porque não somos perfeitos. Ou seja, podemos ser excelentes em algumas coisas, mas em outras, não. Um bom desempenho em matemática, contudo um esforço aprender as regras da gramática ou mesmo uma razoável compreensão dos temas de geografia. E ainda assim não somos menos!

Crianças que são muito exigidas pelos pais tendem a procrastinar ou a desistir das coisas – e por medo de errar. Além disso, ousam pouco, pois o hábito de ter tudo sob controle lhes furta, de outro lado, a liberdade criativa.

É obvio que a crítica é bem-vinda no cenário da educação. Mas desde que sejam críticas feitas com afeto e bom senso, sem esquecer o responsável pela criança de realçar também suas qualidades e esforço cotidiano.

Pais que dão valor ao negativo e criticam a criança em demasia são tão nocivos quanto aqueles que elogiam sem critério ou que superprotegem os filhos, evitando que experimentem experiências relacionadas à frustração – e que são vitais na formação de qualquer ser humano.

Como tudo na vida, cobrança em  excesso não é pedagógica e acaba por desqualificar um ser humano que necessita, em seus anos iniciais, de amor, carinho, atenção e respeito. 

Notinhas

Pesquisas recentes revelam que  a autocrítica, muito presente no perfeccionista, pode desencadear sintomas depressivos, que, por sua vez, agravam o senso autocrítico (ciclo de angústia). Também foi constatado que a autocompaixão – virtude que falta aos perfeccionistas – é uma das formas de proteção mais poderosas contra a depressão e a ansiedade. Já a autocrítica, na qual os perfeccionistas são tão bons, pode levar à depressão.  Ademais, o perfeccionismo pode levar a pessoa a se tornar um  workaholic (viciado em trabalho) e, por isso, muito inconsciente a respeito da necessidade de pausas para relaxar – e que são importantes para o funcionamento saudável do cérebro e organismo.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita