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por Édo Mariani

 

Lições de vida


Com o título acima, o então articulista da Folha de São Paulo, Luciano Mendes de Almeida, em texto publicado no referido jornal, comentou certa vez, com bastante propriedade, a situação em que vivia o nosso país – e com certeza ainda vive nos tempos atuais:

“A corrupção tem por raiz o anseio desregrado de enriquecimento que leva a buscar até meios ilícitos para conseguir o seu propósito. Se analisarmos esse comportamento, percebemos o individualismo de quem pensa somente no seu próprio proveito e se esquece dos outros e, além disso, a ilusão de escolher o enriquecimento a todo custo como meta de vida. É preciso corrigir o erro. A riqueza é projetada como miragem e provoca um dinamismo de sofreguidão que descontrola a percepção de valores e acarreta desvios de conduta. Nessa perspectiva perde-se o empenho pelo bem do próximo e o respeito às exigências da solidariedade. Com efeito, um dos efeitos do enriquecimento é a busca de vida cômoda demais, a acumulação doentia de bens materiais e a procura de vantagens pessoais sem atender ao dever de cidadania de auxiliar os que se encontram em extrema necessidade. O remédio para esses desvios está na educação para a solidariedade que nasce da estima do próximo e do reconhecimento de que o direito do outro a condições humanas de vida tem total procedência sobre meu bem-estar. À luz do Evangelho, cresce ainda mais a responsabilidade pelo próximo, a quem devemos amar e ajudar como Cristo nos ensina, escolhendo até uma vida mais simples, em sintonia com a maioria do povo”.

A sofreguidão com que, nos dias atuais, a maioria dos encarnados busca a riqueza material indica claramente a falência dos ensinamentos da educação moral e emocional do ser humano. Vestindo a armadura de um materialismo desenfreado, o homem luta pela posse dos bens perecíveis, iludido de que tais conquistas proporcionarão a si e familiares o gozo da vida na visão ilusória de que a felicidade aguardada consiste em vivenciar os prazeres que o corpo físico lhe oferece.

Assim, pensando e agindo, fecha-se em não cogitar de onde viemos, por que aqui estamos e quais são os objetivos visados pela oportunidade que a vida nos oferece para a nossa evolução espiritual, no atendimento à lei divina que consiste em nos encaminhar para a felicidade tão sonhada por todos, que deve ser conquistada com o  esforço de cada um reparando os erros cometidos em outras existências, nos atentar para a importância de trabalharmos estudando para aprender vivenciando o aprendizado, no atendimento  aos ensinamentos deixados por Jesus, nosso Mestre e Senhor.

A educação intelectual é importante. O homem tem necessidade de se instruir para uma vida consciente e independente, mas apenas a educação intelectual não faz o homem de bem, é também necessária a educação moral e espiritual, que aprimora os sentimentos para que o amor e o saber, juntos, complementem a personalidade individual criando então o homem de bem.

Os Espíritos superiores nos ensinam que “dois são os mandamentos da lei: Amai-vos, o primeiro; instruí-vos, o segundo”.

Falta ao homem o conhecimento do verdadeiro fundamento da bondade, das responsabilidades e consequências que advêm de seus atos. O homem está esquecido que há mais de dois mil anos houve Alguém que nos alertou a esse respeito, ensinando que “a cada um será dado segundo suas obras”.

O homem não tem certeza de que ele é um Espírito imortal e de que sua vida não termina no túmulo. A imortalidade da alma é uma verdade. Ninguém morre ou, nas palavras de Charles Richet, em carta dirigida a Cairbar Schutel, “A morte é a porta da vida”.

O Espiritismo, através da ciência espírita, vem provar essa realidade. Os fatos espíritas pesquisados por cientistas de nome nos dão a certeza de que somos Espíritos e que aqui estamos matriculados na escola da Terra, a fim de aprender as lições que ela nos proporciona. Nossa morada real, porém, é o mundo espiritual.

As religiões precisam unir-se para proclamar essas verdades aos quatro ventos, mostrando, de forma racional, a dimensão da imortalidade. O dia em que os ensinamentos cristãos ganharem a consciência da generalidade das pessoas, o mundo se transformará e a paz será uma constante. Pairará sobre os homens a certeza de que só o amor, lei divina, poderá nos proporcionar a felicidade que, em vão, é procurada na contingência da matéria e da riqueza, que passam.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita