Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Chico recebeu a visita do Espírito de Frederico Figner quatro meses após sua morte. O ex-milionário apareceu do Além pronto para colocar no papel suas primeiras impressões sobre o outro mundo. Já tinha até um título na cabeça para suas memórias: Voltei.

Ele voltou para o "outro mundo" decepcionado. Chico recusou a missão e pôs a culpa em Emmanuel. Seu guia considerava o projeto prematuro. Só dois anos mais tarde o livro chegou às lojas. Mas, antes, o escritor submeteu os originais às filhas do empresário, uma medida de segurança para evitar um "caso Humberto de Campos II".

Sorte dele. As herdeiras do ex-milionário ficaram revoltadas com o texto. Não acreditaram numa só palavra sobre o dia a dia do pai no outro mundo. O morto vibrava com a bênção de ter-se libertado das "correntes materiais" e comemorava o fato de estar mais vivo do que nunca. Para elas, tudo não passava de invenção de Chico.

O livro foi publicado. O título continuou o mesmo, mas o nome do autor mudou bastante. Virou Irmão Jacob. Figner não conseguiu mostrar aos amigos empresários quanto era imortal, indestrutível.

Chico Xavier fechava os olhos para os céticos e jogava no papel frases assinadas por mortos ilustres. No dia 26 de julho de 1948, o desabafo atribuído a um certo Alberto Santos Dumont aterrissou nas páginas em branco. O chamado Pai da Aviação, que se suicidou após crise depressiva provocada pelos bombardeios aéreos durante a Revolução Constitucionalista de 1932, ainda lamentava os estragos causados por sua invenção na Segunda Guerra Mundial. Sob o impacto das carnificinas em Hiroshima e Nagasaki, ele avaliava, com algum atraso: "Facilitar comunicações às criaturas que ainda não se entendem possivelmente será acentuar os processos de ataque e morte, de surpresa, nas aventuras da guerra". Para atenuar sua culpa, definia a evolução como uma fatalidade e se dedicava a conselhos elevados: "Outra deve ser a vocação da altura. Não há voo mais divino que o da alma. Sejamos descobridores de nós mesmos".

 

Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita