Artigos

por Luiz Eduardo de Freitas Mourão

 

“Hora vazia, nunca!”


Joanna de Ângelis foi especialmente cirúrgica nesta sentença. [1]

A Veneranda nos alerta, no mesmo texto, que “grandes males são maquinados quando se dispõe de espaço mental em aberto”.

No momento atual, que vivenciamos o recomendado confinamento, o ensinamento torna-se ainda mais crucial.

André Luiz [2] também chama nossa atenção para o risco que corremos em tal situação e sugere procedimentos fáceis de serem viabilizados: ler um livro edificante (ressaltando que a leitura deve ser acompanhada da fixação/reprodução das lições) ou, em um cenário mais uma vez atual, “pense no irmão enfermo que reclama socorro espiritual e auxilie-o com as suas vibrações de carinho, se as circunstâncias lhe não favorecem a visita pessoal”.

Várias pessoas/grupos religiosos, espíritas e não espíritas, estão indo além na vivência do ensinamento: diante da população em situação de rua que continua a existir, especialmente nas grandes cidades (mais injustas?), se reúnem/se cotizam/preparam/montam/distribuem refeições e kits de higiene a seus irmãos economicamente carentes.

Divaldo Franco, que vem sendo um manancial de palavras consoladoras no momento que atravessamos, nos esclarece que “os valores mais resistentes são os valores do ser” e foi o veículo que trouxe a mensagem amorosa de Bezerra de Menezes (no encerramento da 22ª Conferência Estadual Espírita da Federação Espírita do Paraná – 15/03/2020): “não oculteis a mão socorrista aos padecentes”. Naquela oportunidade, o “médico dos pobres” deu, ainda, a receita ideal: “mais do que nunca, Jesus precisa de vossas mãos, falar pelos vossos lábios, sentir o calor da vossa compaixão e a misericórdia dos vossos sentimentos”.

É esta receita que os irmãos, citados acima, estão aplicando em suas atividades diárias junto aos “padecentes”. E recebendo entre outras respostas, exemplos sublimes que relaciono a seguir:

- uma senhora, que diariamente improvisa sua “cama” diante de um comércio fechado, agradeceu e recusou, mais de uma vez, a quentinha oferecida, justificando que, naquele dia, já havia se alimentado e deixava a oferta para companheiros de ruas próximas ainda com fome;

- rapaz que já havia se tornado conhecido do grupo que distribuía diariamente naquela região, informou que mais cedo uma outra equipe já havia feito a distribuição naquele local e, agradecendo, recusou a quentinha indicando outros companheiros acomodados na outra calçada da grande avenida, ainda não atendidos.

Fica claro, portanto, que seja para evitar a hora vazia, seja para superar as consequências de uma enfermidade disseminada rapidamente pelo planeta, tudo passa pela prática da Pedagogia do Amor, que o Mestre Nazareno veio exemplificar para nós há mais de dois mil anos.

 

Referências:

[1] Episódios Diários, de Joanna de Ângelis, por Divaldo Pereira Franco - Ed. LEAL.

[2] Irmãos Unidos, de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier - Ed. GEEM.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita