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por Leonardo Queiroz Leite

 

DESPERTAR PELA DOR: a crise global do coronavírus e a transição planetária


As dores do parto da Nova Era se intensificam, como há muito previsto pelas escrituras, pelos profetas e pelo próprio Consolador prometido pelo Cristo há mais de 2 mil anos. Um mundo novo está sendo gestado: os tempos são chegados e aí estão, para aqueles que tiverem “olhos para ver e ouvidos para ouvir”. Isso ocorre porque a inexorável Lei do Progresso se cumpre e, para que efetivamente se implemente no planeta neste momento, mudanças substanciais são necessárias e já começam a ocorrer em condições jamais vivenciadas pela humanidade terrestre.

Assim, verificamos que a grandiosa transição planetária - que deve elevar a Terra da condição de um mundo de expiação e provas para um mundo de regeneração, conforme preconizado há mais de 150 anos pela Doutrina Espírita - se desenrola neste instante a olhos vistos, todos os dias, perante todas as nações da Terra, agora mais integradas e bem mais atentas devido ao chamamento geral ocorrido nos últimos meses, o qual exige ações coordenadas e maior cooperação entre os povos para conter a escalada do vírus.

O despertar para realidades além da matéria é grande neste momento, pois o temor da morte e a conscientização forçada da nossa condição material precária e frágil nos faz elevar o pensamento ao mais alto, questionando: e se isso chegar a mim? E se isso tudo fugir do controle? Mas, apesar do forte chamado ao despertar, devido às seculares resistências humanas ancoradas nos nossos piores sentimentos de egoísmo, orgulho, tola vaidade e imediatismo material que há muito atrasam a nossa evolução espiritual, esse processo de evolução coletiva demandará a ação purificadora da dor em grande escala.

Ao elevarmos nosso pensamento para o ponto de vista espiritual, tirando o véu material e com a ideia da transição planetária como pano de fundo, constatamos claramente que há uma ferida pulsante que foi dramaticamente exposta e que não há mais como adiar sua cura. Simplesmente não há mais tempo, e o mundo de “antes” já está em putrefação avançada, pois o processo é irreversível. Não há volta nesse caminho, e os espíritos mais materialistas simplesmente não conseguem se conformar com isso, uma vez que recusam-se levianamente a despertar do sono profundo da ilusão material, o que leva muitos desses irmãos adoecidos ao desespero, às agressões injustificadas e a ataques de irracionalidade generalizados contra as vozes sensatas que agora se multiplicarão como nunca visto em a favor da razão e da ciência.

O mundo, perplexo, enfrenta uma crise multidimensional de caráter econômico e social, com profundíssimas implicações morais e éticas, e de abrangência internacional, não poupando nações e não distinguindo pobres e ricos. As causas dessa crise são múltiplas e complexas, e devemos ouvir com atenção os especialistas das mais diversas áreas para buscarmos explicações racionais e fundamentadas em evidências e conhecimento técnico. Pela ótica do Espiritismo, doutrina que preza pela ciência e que reconhece suas profundas consequências filosóficas e científicas nos sistemas de conhecimento humano, sem sombra de dúvidas, o materialismo exacerbado está na raiz desses problemas.

Isso acontece porque, ao ignorar sua essência espiritual e o caráter precário e passageiro dessa existência terrestre, o homem se apega em excesso às ilusões materiais, criando e legitimando sistemas doentios que escravizam e rebaixam a nossa paternidade divina, submetendo seus semelhantes a processos de subjugação e exploração desenfreada que a partir de agora serão desmontados um a um.

Desse modo, os sistemas religiosos, econômicos, políticos, administrativos, tecnológicos, filosóficos, científicos, enfim, tudo o que até hoje serviu de alicerce a uma ordem social calcada no materialismo, sofrerão progressivamente perdas de adesão e de funcionalidade, fazendo o conhecimento humano e a ação do homem avançar em novas fronteiras: o “velho” já não é mais capaz de dar respostas às novas perguntas que surgirão a partir de agora e o homem terá sede de conhecimento.

Em termos concretos, embora relatos espirituais apontem que desde a década de 1980 a Terra já havia iniciado esse processo, a aceleração do processo transicional terrestre deu-se a partir do final de 2019, com a instalação silenciosa e com a posterior propagação mundial do coronavírus. Foi um “fator surpresa” que deixou até os países mais desenvolvidos desprotegidos, forçando agora ações emergenciais que acabaram por centralizar todas as atenções internacionais para um mesmo ponto, ao mesmo tempo.

Esse fato inesperado causou comoção generalizada, e talvez por algum tempo tenhamos que conviver com as consequências mais ou menos sérias que virão adiante, dependendo de como seremos capazes de reagir hoje mesmo, enquanto humanidade, a esta temível prova de fogo. Porém, o mais importante para nós espíritas é interpretar o significado mais amplo que atrás por detrás do véu material de toda esta trama: ao fim e ao cabo, a crise atual anuncia o nascimento de um novo paradigma de convivência social e de organização da sociedade e da economia, impondo à humanidade dilemas e decisões inadiáveis. Além disso, momentos de crises e catástrofes de grande alcance costumam despertar sentimentos nobres de solidariedade e compaixão, como também temos visto em toda parte em ações de resgate para minimizar os danos provocados pela temível pandemia global.

Todavia, embora meritórias, as ações de socorro emergencial e assistencialismo geral que predominam neste momento são ainda muito tímidas para promover o “reset” de todos os sistemas carcomidos que operam as sociedades humanas até o momento: a inauguração de um novo paradigma econômico, social e ambiental vai exigir que se coloque definitiva e irreversivelmente o materialismo em cheque, indo muito além de algumas ações pontuais e passageiras para remediar um problema imediato.

Essa mudança definitiva de paradigma, tão aguardada, significa ir além dos atuais momentos críticos e, principalmente, promover paulatinamente uma visão de mundo renovada que coloque o Espírito imortal acima da matéria, o que naturalmente levará o ser humano a progressivamente priorizar cada vez mais e mais o meio-ambiente acima da produção capitalista desenfreada, o consumo consciente acima da frivolidade e, essencialmente, a vida acima do lucro, com a consequente promoção do interesse geral acima de interesse mesquinho de pequenos grupos. Esse é o ponto fulcral que deve guiar aqueles interessados em cooperar na construção de um novo tipo de pensamento que deverá fundamentar os novos paradigmas emergentes.

Enfim, aqueles que acompanham atentamente as previsões e mensagens mediúnicas que tem-se proliferado neste momento como prova da solidariedade perpétua entre os mundos, sabem com a tranquilidade consoladora que, caso a humanidade resista a mais esse impulso renovador trazido pela crise global do coronavírus, outras estratégias bem mais eficazes – e também mais dolorosas – serão trazidas pela espiritualidade, que está atenta a tudo que ocorre no orbe terrestre, influenciando todos os processos de renovação transicional para garantir que a Lei do Progresso se cumpra.

Portanto, isso tudo é necessário, em grande medida, para que muitos irmãos infelizes, recalcitrantes no doentio e criminoso abuso dos recursos materiais, sejam finalmente despertos, pois sua ação deletéria retarda a evolução terrestre neste momento grandioso. Se isso ocorrer, devem passar a cooperar com a parte já desperta da humanidade interessada em construir um mundo novo sob a égide da Nova Era. Caso contrário, deixando este precário invólucro carnal, partirão para mundos rudes melhor adequados à sua condição evolutiva retardatária. Neste novo ambiente - longe da Terra em regeneração, a exemplo do ocorrido em tempos remotos com os famosos “Exilados de Capela”, e como espíritos em evolução jamais desamparados pela Providência Divina - aprenderão, não sem dor, a respeitar a vida e conviverão entre seus iguais, aprendendo a dar valor real às preciosas condições evolutivas desprezadas neste momento único da nossa História.


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita