Brasil
por Paulo Salerno

Ano 13 - N° 662 - 22 de Março de 2020

 

Divaldo Franco: “É necessário que haja paz, mas a paz somente é possível quando existe moralidade”

 

No dia 12 de março, retornando pelo 66º ano consecutivo à cidade de Ponta Grossa – também conhecida como a Princesa dos Campos – Divaldo Franco foi entrevistado por uma emissora de TV local, ocasião em que respondeu a questões sobre seu sentimento com relação a Ponta Grossa; o novo coronavírus e o COVID-19; o grande desafio do ser humano, isto é, fazer a grande viagem para o seu interior, descobrindo-se, e a mensagem de Jesus, modelo e guia da Humanidade, um exemplo de ética e de moral irretocáveis.

Após bela apresentação do Coral Vozes de Francisco, e perante os dirigentes espíritas locais, regionais e estadual, e cerca de 2.000 pessoas que lotaram o auditório do Clube Princesa dos Campos, Divaldo Franco proferiu mais uma magnífica palestra.

Realizando um passeio pelos fatos marcantes da Humanidade, ressaltou a necessidade de os conhecer para refletir sobre os fatos históricos e, desse modo, compreender melhor a realidade dos dias atuais.

Passando ligeiramente pela fundação de Roma e sua importância, destacou os seus dois triunviratos, com maiores detalhes em torno do período em que Caio Júlio Cesar, militar romano, conduziu a transformação da República romana para o Império Romano. Conquanto fosse um gigante da sociedade patrícia, Júlio Cesar foi mesmo assim traído por parte do Senado e morto a punhaladas, sendo sucedido no cargo pelo segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que encerrou o triunvirato - após as mortes dos outros dois integrantes - restabelecendo a República e governando com reconhecidos valores morais, com o que buscava reparar os equívocos e excessos perpetrados por Júlio Cesar.

Foi um período de muita paz e progresso para os romanos. Sabiamente, Otaviano Augusto compreendera que um povo só é feliz quando está em paz. É necessário que haja paz, mas a paz somente é possível quando existe moralidade. Essa deve começar pelos seus governantes para servir de modelo aos governados.

Foi durante o governo de Otaviano Augusto que nasceu em humilde aldeia de Belém aquele que seria o modelo e guia de toda a humanidade: Jesus.

Emoldurando a história, Divaldo apresentou a Palestina dos tempos evangélicos com suas paisagens, flores e perfumes, a brisa suave e o mar da Galileia.

Israel experimentava então inquietações que não identificava. Jesus estava por chegar e permanecer algum tempo entre os homens. Havia uma expectativa no ar, havia angústia, decepção, pois que a criatura humana havia sido reduzida em importância. Israel era monoteísta, mas cercada por politeístas.

Na casa de Simão Pedro, Jesus, cuja face fazia lembrar uma noite de estrelas, com dois sóis, seus olhos doces, em suave tonalidade azul, havia realizado várias curas durante todo o dia, notadamente a de Natanael Ben Elias. Ele viera trazer Boas Novas de alegria e ali estavam as necessidades humanas e suas aflições. A multidão, como na atualidade, estava ansiosa por curas.

Vendo-o cansado, Pedro dispersou a multidão ao entardecer, e levou o Mestre a descansar à beira do mar da Galileia. Sentado em uma pedra, sob generosa sombra de uma árvore, Jesus chorou. Pedro, exultante pelos resultados positivos daquele dia, imaginava que Jesus chorava de alegria. No entanto, o Mestre lhe disse que era por compaixão, porque aqueles que haviam sido beneficiados pela cura estavam perdendo-se novamente nos desvãos da imoralidade e da iniquidade.

Como para as curas é necessário que o ser humano creia, a fim de poder conquistar qualquer objetivo, crer é uma proposta terapêutica. Simão Pedro e os que foram curados também não compreendiam o sentido de tudo aquilo. Ora, Jesus não viera para curar as feridas do corpo, mas as da alma. Viera para curar as feridas da alma para que os corpos não tivessem feridas. E, além disso, prometeu que intercederia pelos homens rogando a Deus que enviasse à Terra outro Consolador, para que ficasse permanentemente com os homens, ensinando, relembrando, esclarecendo e, por fim, consolando.

O Espírito de Verdade veio para restaurar a mensagem do Cristo, trazendo conhecimentos novos, e a sublime mensagem do amor alcança os ouvidos e os corações dos que O escutam. Jesus veio para amar.

Perpassando a história do Cristianismo, Divaldo Franco descreveu o panorama inaugurado pelos primeiros cristãos, quando os cristãos experimentaram dores acerbas no testemunho de sua fé.

Como, porém, o homem é insensato! Nos períodos que se seguiram, e tendo os cristãos assomado ao poder, passaram a perseguir e a matar os perseguidores de outrora. Perseguido ontem, perseguidor hoje, como nos mostram a História, as Cruzadas, os tribunais do Santo Ofício, a Inquisição.

Jesus trouxe-nos sua mensagem de amor para que o homem deixasse os pântanos das emoções descontroladas, atreladas às sensações impostas pelos instintos, ensinando que os bens imperecíveis são os do Espírito imortal.

Discorrendo, ainda, sobre algumas análises elaboradas por destacados estudiosos, Divaldo abordou o pensamento da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que considera Jesus o maior psicoterapeuta de todos os tempos. Suas análises e considerações estão reportadas no livro Jesus Psicoterapeuta.

O amor é inspirador da busca de um sentido profundo e transcendental para a vida, encaminhando o ser humano para alcançar o discernimento e a capacidade de distinguir o bem do mal. O amor não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece. O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anseios humanos.

Não há, portanto, razão para que a criatura humana se deixe envolver pelo manto de pessimismo com que os dias atuais vêm cercando a sociedade. Não se deve valorizar o mal que grassa no seio da sociedade humana, nem mesmo se deve permitir que nos tirem a paz e a alegria de viver.

Apesar dos dias tumultuosos da atualidade, com as aflições, os ódios, as intolerâncias, os sofrimentos e as violências que deparamos na sociedade, é urgente aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-se o ser humano, assim, mais gentil, tolerante, pacífico e manso, de acordo com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha, o que permitirá a formação de uma humanidade mais justa e feliz. Muitos, ao invés de se amarem uns aos outros, como preconizado por Jesus, elegem se armarem uns contra os outros, seja no campo material, seja no emocional.

A Doutrina Espírita convida a criatura humana a estabelecer profundas reflexões sobre a vida, suas existências e o potencial que cada pessoa possui para melhorar-se moralmente, empregando o verbo amar em toda e qualquer circunstância. A humanidade atual vive momentos de aflição e muita apreensão ante a avassaladora multiplicação de contaminados com o coronavírus e o surto do COVID-19.

Destacando a imortalidade, o Embaixador da Paz evidenciou o trabalho contínuo que muitos Espíritos pioneiros de Ponta Grossa, já desencarnados, continuam incessantemente realizando, sentindo-se felizes por poder auxiliar o próximo, principalmente o que se acha na dimensão material. Frisou que se deve equalizar o EGO e o SELF, estabelecendo um eixo equilibrado. Todo aquele que se diz cristão tem o dever de acolher Jesus em si, isto é, viver segundo seus ensinamentos, tornando-se um ser mais solidário, fraternal e amoroso. Amemos a vida com serenidade e sem pânico. Está na hora de abraçar a caridade, é hora de não reclamar, de não pedir nada, mas de agradecer, de ser grato por tudo e todos.

Nas suaves estrofes do Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou a conferência, recebendo fortíssimos aplausos, permitindo aos presentes sentir a presença do amor incondicional de Jesus envolvendo a todos.


Nota do Autor
:

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita