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por Wellington Balbo

 

Reflexões sobre as Leis Naturais

 
Quando se inicia o estudo da Lei Divina ou Natural, que consta em O Livro dos Espíritos, percebe-se que Kardec, na elaboração das perguntas aos Espíritos, objetiva eliminar as contradições que, por vezes, algumas respostas possam trazer.

Vejamos abaixo:

Na questão 615 (OLE), indaga Kardec se a Lei de Deus é eterna. Os Espíritos respondem afirmativamente.

Então, Kardec lança, em seguida, na questão 616, a indagação se Deus poderia ensinar algo numa época e que, em outra, seria proibido.

Os Espíritos não se contradizem e reafirmam: a Lei de Deus é eterna e imutável como o próprio Deus.

Portanto, se há alguma lei que deva ser aperfeiçoada, esta lei é a humana, pois, conforme a evolução do próprio homem, vai sofrendo modificações.

Os Espíritos, ainda neste tópico, dividem as leis naturais em duas partes: As leis da matéria e as leis morais.

O objetivo é dominarmos essas duas leis para conhecer-lhes o mecanismo de funcionamento, no caso das leis da matéria, e, no caso das leis morais, aplicarmos seus princípios a nós mesmos.

Uma existência é pouquíssimo tempo para o homem avançar nos domínios dessas duas leis, tendo então o homem que reencarnar várias vezes para progredir.

Trarei um exemplo para ilustrar: Vivemos o tempo das especializações, conhecimento vertical, que se aprofunda em apenas um tema.

Há pessoas, por exemplo, que estudam apenas o "dedinho do pé esquerdo" e nele desenvolvem suas pesquisas e se aprofundam cada vez mais para, desse "dedinho", tudo saber.

Imagine, então, quanto tempo levaremos para dominar amplamente as leis da matéria e as leis morais.

Eis por que, em algum momento de O Livro dos Espíritos, os Espíritos dizerem que o progresso é quase infinito, o que resulta num número muito alto de reencarnações para que o homem atinja o estado máximo possível no progresso.

Allan Kardec segue indagando aos Espíritos sobre as Leis Naturais.

Na questão 619 de O Livro dos Espíritos, Kardec tenta averiguar se todos os homens podem entrar em contato com a Lei de Deus, ou, como queiram, as Leis Naturais.

O objetivo de Kardec é também verificar se existem privilégios na ordem das coisas, ou seja, se a Lei Natural está disponível apenas para um grupo seleto de pessoas.

Nessa indagação, dentre tantas coisas, Kardec descobre que a Lei Natural está aí para todos, sem exceção, aprenderem sobre ela.

Porém, há aqueles que só conhecem a Lei de Deus e aqueles que também a compreendem.

Existe, nesse caso, uma diferença hierárquica entre conhecer e compreender.

Compreender está acima de conhecer. Quem compreende a Lei de Deus são os homens de bem e aqueles que procuram essa compreensão.

Aliás, constatamos essa diferença entre conhecer e compreender todos os dias na nossa vida, e para isso é só observar a nós mesmos e o contexto em que vivemos.

Quantas vezes agimos de forma equivocada sabendo que estamos equivocados?

Ou seja, conhecemos a Lei, contudo, ainda não a compreendemos, visto que não a praticamos.

Não basta apenas conhecer a Lei de Deus; é preciso pela reflexão – que, ao menos teoricamente, fica mais potente a cada existência corporal – distinguir o bem do mal e pelo esforço andar ao lado dessa Lei, porque, conforme nos ensinam os Espíritos, será cumprindo-a que teremos a paz de consciência.

Avançando um pouco mais nas questões que tratam da Lei Natural, Kardec busca investigar o perfil do verdadeiro profeta.

A ideia de Kardec nas questões 622, 623, 624 e 625 (OLE) é saber se a revelação da Lei de Deus pode vir por intermédio de algum homem.

Os Espíritos respondem que sim, e informam que, de tempos em tempos, Deus envia Espíritos Superiores para ajudar o homem a descobrir as Leis Naturais.

A missão dos Espíritos Superiores é clarear os caminhos para o homem comum, ensinando as Leis de Deus que, repetimos, podem ser divididas em duas partes: Leis da matéria e leis morais.

Kardec, então, indaga qual o perfil do verdadeiro profeta. Os Espíritos respondem que é um homem de bem, cuja coerência entre palavras e ações é perfeita.

Indo um pouco além neste tema, Kardec pede aos Espíritos uma referência, alguém em quem o homem possa se inspirar para ser sempre melhor.

Os Espíritos respondem de maneira lacônica: - Jesus!

Kardec, após a resposta dos Espíritos, faz importante comentário acerca da moral ensinada por Jesus, deixando claro que o Espiritismo, por meio da compreensão da Lei de Deus, objetiva a melhoria moral da humanidade.

Surge, entretanto, uma dúvida que é legítima, principalmente para aqueles que não conheceram Jesus, seja porque nasceram antes de sua vinda, seja porque pertenciam a uma cultura que não trabalhou os elementos contidos nos Evangelhos.

Os que não tiveram a oportunidade de conhecer Jesus, como ficarão?

A resposta à indagação consta na questão 622, em que os Espíritos disseram que em todos os tempos, aqui e alhures, tivemos Espíritos Superiores reencarnados na Terra para ensinar a Lei de Deus.

Basta um passeio pela história da humanidade em suas mais diversas culturas para compreender que os Espíritos estão certos.

Reencarnamos, e sempre teremos, aqui na Terra, professores, Espíritos mais experientes que nos ajudarão a compreender a Lei de Deus, ademais, mesmo tendo muito chão pela frente, não há motivo para desânimo, pois a eternidade nos aguarda.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita