Brasil
por Paulo Salerno

Ano 13 - N° 660 - 8 de Março de 2020

 

Divaldo: “A mensagem de Jesus dá ao homem a oportunidade de descobrir o sentido da vida”


Em 18 de fevereiro de 2020, o Centro de Eventos da LAR Cooperativa Agroindustrial, em Medianeira (PR), ficou lotado, recebendo Divaldo Franco com muita alegria e reverência.

O público, expectante, assistiu à bela apresentação do Coral Enrique Eliseo Baldovino, antecedendo a magnífica conferência realizada por Divaldo Franco, que foi recebido pelas lideranças espíritas a nível local, regional e estadual.

Fatos não programados acontecem amiúde na vida das pessoas, contrariando desejos e ações, mesmo as programadas. É comum os indivíduos se perguntarem sobre os motivos que levaram a não alcançarem determinados  resultados, mesmo quando bem preparados. Assim aconteceu com um homem notável que influenciou positivamente o Reino Unido e os Estados Unidos da América, o eminente bispo Anglicano James Albert Pike (14.2.1913-set.1969), quando se viu envolvido em acontecimentos, tendo seus conceitos e conhecimentos abalados por ocasião do suicídio de seu filho Jim Pike em 1966, em um quarto de hotel da cidade de Nova York, acrescido dos desdobramentos daí decorrentes.

O acontecimento causou um inesperado impacto no bispo e na sua vida, levando-o a refletir sobre os acontecimentos relativos ao seu relacionamento com o filho, agora morto. Mergulhando nas reminiscências, lembrou-se de ter sido informado pela escola de que seu filho era um usuário de drogas. Recordou-se da indisfarçável surpresa e constrangimento de que fora tomado naquela ocasião, quando preferiu dar crédito ao filho, que lhe afiançava não ser drogadito, embora admitisse consumir drogas eventualmente. Ante o fato estarrecedor, refletindo, o bispo Pike havia confiado nas palavras do filho, quando o correto teria sido o de aprofundar as análises. Meses mais tarde, lembrou-se o bispo, havia ficado comprovado que Jim era um toxicômano.

A maioria dos pais – advertiu Divaldo – não reflete com profundidade sobre os riscos que envolvem os filhos pelo uso das drogas, pois acreditam, ingenuamente, que eles jamais usariam drogas. Os pais, asseverou, devem ficar muito atentos aos sinais indicativos - físicos e comportamentais - de que seus filhos são usuários de drogas: agem de modo diverso do seu comportamento habitual; tornam-se ou silenciosos ou rebeldes; apresentam tremores nas mãos; sudorese fria e viscosa; ligeira palidez na face; a comunicação verbal é ineficiente, às vezes confusa; uso do linguajar quase monossilábico. Na medida em que a dependência aumenta, há uma dilatação dos vasos sanguíneos dos olhos, que para disfarçar esse sintoma, o dependente se utiliza de forma constante do uso de óculos de sol, mesmo à noite, dada a fotofobia produzida, uma das consequências do uso de drogas.

O lar é o ambiente ideal de educação, ali tem início a construção moral dos filhos, que mediante o comportamento dos pais, dando-lhes exemplos de valor, do conhecimento, do caráter, da honra, da convivência doméstica. Essa é uma tarefa indispensável, nunca deve ser transferida totalmente para a escola, encarregada da instrução, na qual se devem induzir os hábitos saudáveis através da conduta dos mestres.

Infelizmente a criança não é devidamente valorizada. Os pais não dão a atenção indispensável, o carinho e a assistência no lar. Preocupam-se em dar coisas, evitando darem-se a si próprios, mesmo que isso resulte em menos conforto e maior esforço na manutenção da família. O pensamento materialista favorece o surgimento de uma sociedade imediatista, agressiva, cruel e indiferente. Divaldo Franco fez séria advertência aos genitores: não se iludam, o seu lar não está imune a esse flagelo! Observem o comportamento dos filhos!

Contudo, se o drama das drogas já se instalou em seu lar, não fuja, ignorando o fato devastador. Não se revolte, nem seja hostil. Faça uso do diálogo, esclarecendo, orientando e assistindo o filho. Lembre-se que além do auxílio dos recursos médicos, há a poderosa força do amor, use-a sem moderação. A Doutrina Espírita é manancial disponível para a construção da moral, visando obter a reeducação e a felicidade de todos. Sua base sólida está assim constituída em seis pilares:

1. Existência de Deus: O emérito Allan Kardec perguntou aos Bons Espíritos, em O Livro dos Espíritos, na questão 4: Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? A resposta é sublime, pois é tirada do pensamento lógico: “Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

2. Imortalidade da alma: Ninguém morre, somente o corpo físico perece.

3. Comunicabilidade dos Espíritos: A mediunidade abençoada que – à semelhança do que aconteceu com o bispo Pike - instrui, consola e restabelece a esperança e revigora a fé.

4. Reencarnação: Que responde: Por que sofro? A Reencarnação possui a capacidade de informar o que somos, o que fazemos de nós, bem como afiança que o destino está nas mãos de cada criatura humana.

5. Pluralidade dos Mundos Habitados.

6. O Evangelho de Jesus: O Espiritismo tem por base o tratado mais notável de princípios éticos de que a Humanidade jamais teve a glória de conceber: O Evangelho de Jesus.

Feitas essas considerações, Divaldo Franco retornou ao drama do bispo Pike, que se mudara dos EUA para a Inglaterra, habitando o mesmo apartamento onde por muitos anos seu filho residira. Assim, diante de fatos inusitados envolvendo ocorrências paranormais, o bispo Pike procurou o auxílio de uma médium inglesa – a Sra. Ena Twigg (1914-1984). Pela psicofônica – um dos tipos de mediunidade – Jim, desencarnado, manifestou-se revelando que sua morte não fora por suicídio. Jim informou que morrera após ingerir, inadvertidamente, uma grande dose de medicamentos e calmantes para poder vencer a insônia, e diante da ineficácia da medicação passou – em um gesto automático – a tomar vários até que sobreveio a desencarnação. Ele era, sim, um suicida indireto, por ter sido um toxicômano.

O bispo James Pike voltou à casa da médium, Sra. Ena Twigg, por mais dez vezes, em intercâmbios bem-sucedidos, colhendo depoimentos do filho e de um amigo de infância, também já falecido. Os depoimentos deram-lhe as provas da imortalidade da alma e da comunicabilidade dos Espíritos. Diante dessas evidências incontestáveis o bispo Pike readquiriu a fé, agora iluminada pela razão, levando-o narrar todos os pormenores dessa redescoberta em suas conferências, sermões e entrevistas aos meios de comunicação. Os fatos ensejaram-lhe, também, a oportunidade de publicar o livro The Other Side (O Outro Lado), sua autobiografia.(1)

Os fatos da vida podem ser elucidados, ou melhor, compreendidos, à luz da majestade do pensamento espírita, o Consolador prometido por Jesus. A mensagem de Jesus dá ao homem a oportunidade de descobrir o sentido da vida, isto é, amar, superando o vazio existencial, ao buscar Deus, compreendendo que as dificuldades fazem parte da existência. A mediunidade propicia momentos ricos de bênçãos. A vida está presente em tudo e em todos os lugares. O atual momento é de esperança, de mudanças a caminho de um mundo melhor, cada ser humano está diante da Eternidade, da mais pura realidade, convidando a viver com felicidade, amando, sendo e vivendo a transcendência, pois que cada criatura humana é a manifestação de Deus do verbo amar, asseverou Divaldo Franco, o Paulo de Tarso do Espiritismo.

Declamando o poema Meu Deus e Meu Senhor, de Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou magistralmente a conferência, recebendo caloroso aplauso, pondo-se o público de pé.


(1)
 Mais detalhes sobre o bispo Pike, seu filho Jim, e os desdobramentos deste episódio, se encontram no cap. 26 do livro Um Encontro com Jesus, uma compilação de Delcio Carvalho.


Nota do Autor
:

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita