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por Leda Maria Flaborea

 

Confiemos em Deus, confiemos em nós


“Urge, porém, renovar atitudes mentais na obra a que fomos chamados, aprendendo a confiar no Poder Divino que nos dirige.” (*)


O evangelista Mateus, no capítulo 6, versículo 31, registra as seguintes palavras de Jesus: “Não andeis inquietos”. O que isto significa hoje em dia em um mundo onde aflições, angústias e medos fazem parte de um viver infeliz, para todos aqueles que habitam esse planeta tão sofrido pela iniquidade, ganância e desamor? Jesus não recomenda com essas palavras a indiferença ou a irresponsabilidade frente aos graves problemas da era moderna, consequência do despreparo que temos frente a eles. Ao contrário, é severa advertência a todos aqueles que, por causa do pessimismo crônico que toma conta do campo mental da humanidade terrena, se despreocupam ante o acervo do serviço a realizar.

O combate a esse estado mental de desânimo deve ser incansável a fim de renovar nossos pensamentos, aprendendo a confiar em Deus e em nosso trabalho de transformação íntima, na lavoura do Senhor, dentro da ordem natural que nos orienta a ascensão espiritual.

Em todos os lugares encontramos derrotistas intransigentes que conseguem enxergar baixezas por todos os lados, desconfianças e inabilidades em todas as criaturas. Inquietam-se com a presença de pequenos obstáculos e têm seus mundos íntimos tingidos de negro. Mas, também, encontramos pessoas em pleno trabalho nas mudanças íntimas necessárias, a nos darem força na luta contra espinheiros – às vezes dentro do próprio lar –, quase sempre indispensáveis para aprendermos a confiar no Divino Poder. Por essa razão, Deus espera de cada um dos Seus filhos o amor como contribuição na oficina dos séculos vindouros.

Há milênios Jesus devota Seu amor e nos envolve para que não percamos a confiança no Pai, Nele e em nós mesmos. E se Ele se fez servo de todos por amor e se tem esperado que cresçamos em sua direção, como adotar a aflição e o desespero se estamos apenas começando a servir?

Somos filhos de Deus e fazemos parte da Vida que pulsa no Universo. Dificuldades são características da existência, mas é imprescindível que coloquemos nossa mente acima delas para abençoar a prova redentora que nos eleva e equilibra. Seja qual for a perturbação que ora nos assalta, acalmemos nosso coração e aguardemos, trabalhando naquilo que temos de fazer, da melhor maneira possível. O importante é confiar na nossa capacidade de encontrar a serenidade nesses momentos, buscando assimilar o Plano de Deus para nós. 

Muitas vezes, a dúvida sobre nossa capacidade de suportar tantos problemas nos assola e acabamos por nos entregar ao desânimo e ao pessimismo infundado. Todavia, se confiamos no Pai que nos orienta a existência, conseguiremos retornar ao equilíbrio do corpo e da mente. É difícil? Certamente! Mas dispomos de alguns recursos que podem nos devolver a confiança. Parar o movimento do corpo e da mente, recorrendo à oração, fonte bendita de paz; trocar os pensamentos sombrios por possibilidades de esperança na solução do problema; receber cada amanhecer como promessa de vitória; preparar-se melhor para o repouso noturno, afastando ideias de desequilíbrio não importa as origens: a leitura de uma página edificante, evitar atritos, a música que nos inspira bons sentimentos e leveza no coração. Tudo isso pode nos levar a um recanto pacífico da consciência onde Deus habita, lembrando-nos que para Ele nada é impossível.

Encaremos os obstáculos de ânimo firme e procuremos estampar o otimismo na nossa alma, para que não fujamos dos compromissos assumidos perante a existência. Confiemos em Deus, confiemos em nós servindo, pois é necessário materializar nossa confiança em trabalho nobre. Por essa razão, é impossível separar prece e trabalho, ideal e realização, porque, quando temos certeza da Providência Divina em nossa jornada, transformamos essa certeza em obras, sejam elas grandes ou pequenas, reconhecendo que tudo é patrimônio de Deus e que o nosso trabalho é instrumento de crescimento para nós e para os outros.

Na Carta aos Hebreus, capítulo 10, versículo 35, o apóstolo Paulo de Tarso nos alerta: “não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão”, num convite para não jogarmos fora a confiança que nos alimenta o coração. Muitas vezes, diante do vício que parece vitorioso, dos descrentes ferrenhos que desencorajam nossa crença vacilante, nos constrangemos. Todavia, se aceitamos Jesus por nosso Divino Mestre, precisamos aprender a receber e aceitar o mundo como um educandário que nos revela, enquanto estivermos no corpo físico no qual habitamos, um imenso campo de aprendizagem.

Em cada ato de fé e de esperança que realizarmos, não permitamos que a dúvida se interponha como sombra entre a nossa necessidade e o poder do Pai Celeste. Aquele que confia em Deus e em si mesmo consegue perseverar na realização dos ideais mais nobres, e não permite que as energias que procedem de si sejam engessadas. A dúvida no plano exterior, altamente desejável, muitas vezes pode auxiliar a experimentação neste ou naquele setor, a fim de conseguir os melhores resultados; mas a hesitação no mundo íntimo poderá dissolver as melhores energias.

Não podemos duvidar da nossa capacidade de vencer os obstáculos, porque nossa existência na Terra nos mostra quadros aflitivos de desequilíbrios no jogo dos interesses humanos.  A imortalidade é nossa herança divina e a carne é tão somente nossa veste. Tudo passa, todos passam. Ficará somente nossa confiança em Deus, em nós e no futuro que a existência presente, realizada com Jesus, nos esperará sempre justiceira, no dia de amanhã.

No livro Fonte Viva, o respeitado benfeitor Emmanuel afirma que “quem duvida de si próprio perturba o auxílio divino em si mesmo e que ninguém pode ajudar àquele que se desajuda. Compreendendo o dispositivo de confiança que deve nortear-nos para   frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso alcance”. E prossegue no convite: “Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente – eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro da nossa vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e a morte”.

Ao nosso redor caminham os corações que se vinculam à presente reencarnação e que dependem das nossas atitudes frente às dificuldades inerentes a ela. Assim, diante desses obstáculos, pensemos neles primeiro, pois, servindo, cumpriremos nossa tarefa. E em qualquer instante de incerteza, não permitamos que a dúvida se instale em nosso íntimo, paralisando nossa capacidade de ajudar.

 

Bibliografia:

(*) XAVIER, F. C. Vinha de Luz – ditado pelo Espírito Emmanuel – 14ª ed., FEB, Brasília/DF - lição 86.

____________ Fonte Viva – ditado pelo Espírito Emmanuel – 31ª ed., FEB, Brasília/DF - lição 128.

____________ Palavras de Vida Eterna – ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª ed., Editora CEC, Uberlândia/MG – lições 33 e 106.


 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita