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por Lillian Rosendo

 

Antes de partir cumpro a regra áurea?

 

Envolvimento no horizonte

Atravessando em mim uma crosta de cada vez

Considero o anúncio da curta hospedagem

Abraçando o bem que evidencia a timidez

Entre risos e lágrimas queixo em quitar a passagem


Com olhar e sentido único deveras fosse todo cortês

Saldar a fração que apenas cabe em cruzar a margem

Suprimindo lentamente essa vazia, triste e tola altivez,

Mirando o espelho noto uma alma dorida em cada viagem.


Compaixão, nós sabemos o que a palavra expressa. No dicionário entre outros significados nós elegemos: a dor que nos causa o mal alheio. A aflição que se apodera do outro pode nos dar uma ideia do que ele representa para nós, quando há o comprometimento para minorar essa aflição, há o exercício da compaixão.

Segundo o poeta Guimarães Rosa, “misericórdia é colocar o coração na miséria alheia”. Muitas cenas e notícias observadas por nós em circunstâncias várias, e vivenciadas no cotidiano, inclusive no seio familiar, nos permitem avaliar o desempenho natural da misericórdia, como esse sentimento está rachando as crostas do personalismo, que foi moldado e de forma equivocada continua alimentada pelo instinto da autopreservação.

O altruísmo mesmo tímido avança com mais liberdade na medida em que se rompe esse personalismo que elenca a intolerância, a impaciência, a incompreensão, a impiedade, e a inclemência.

O desejo de acolher aquele que prova desafios rudes, suscita a renúncia. Com relação a esse pensamento nos cabe a elucidação em O Livro dos Espíritos, na questão 46. Allan Kardec questiona: O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem?

— O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva.

Essa veste de curta duração nos proporciona atuar no Planeta de modo a conquistar objetivos para viver materialmente e psicologicamente confortável, visando sempre se colocar como prioridade, o que pode dificultar a compreender que seguir os passos de Jesus, de ser misericordioso e pacífico que viveu a servir, a compreender e levantar os estropiados do corpo e do espírito. As minúcias da vida diária nas relações demonstram que a finalidade da existência é mais espiritual, requer mais empenho em compreender e amparar os que carecem.

Há pessoas em nosso sistema que esperam de nós um pouco mais de compaixão, faz-se mister o exercício da ponderação e agir independentemente, pois estamos seguros de que foi e será dado: “a cada um segundo suas obras” (Rm 2:6), entendermos a consciência individual que está sendo constituída gradualmente para a integração espiritual; nesse sentido importamos a assertiva do apóstolo dos gentios: “Tende a mesma mentalidade para com os outros como para com vós mesmos”. (Rm 12:15-16.)

O desencarne está logo aí, pode ser hoje, amanhã, daqui a alguns meses, anos ou décadas. E quando no momento do desenlace se for possibilitada a reflexão dessa fala de Jesus: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas" (Mt 7:12), que possamos ter concluído com o planejamento por nós estabelecido com cada irmão que nos foi espelhado na bendita oportunidade da reencarnação. Seja pai, mãe, irmão, cônjuge, filho, amigo, desafeto ou desconhecido. Questionando sobre a regra de ouro: eu fiz a todos o que eu gostaria que eles fizessem por mim?  




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita