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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

Liberdade e libertinagem


Erroneamente, a liberdade tem sido confundida com a libertinagem.

A liberdade, conquista árdua das sociedades democráticas, é categoria axiológica que não se coaduna com o desrespeito.

Isto posto, é imperioso apontar que os tempos atuais têm sido bastante difíceis às manifestações culturais.

Em grande medida, os espetáculos são eivados de traços psicopatológicos; as manifestações musicais apresentam letras chulas; as exposições são de baixíssimo padrão moral. E, a denominada cultura, é utilizada por mentes vis que, em nome de uma liberdade, espalham conteúdos degradantes.

Não faz muito tempo que, em nome da arte e da liberdade, um homem despido se deixou apalpar por uma criança em museu brasileiro.

Noutro cenário, uma escola de samba, evocando a mesma liberdade e a “galhofa” do período carnavalesco, apresentou Jesus num desfile apanhando de Satanás, enquanto caveiras sambavam em torno Dele.

Há alguns anos, caricaturas desrespeitosas do profeta Maomé foram feitas por determinada revista francesa que culminou com um ataque terrorista aos seus editores. (Mais uma vez, em nome da liberdade.)

Recentemente, no Brasil, um vídeo natalino do grupo Porta dos Fundos, apresentou um Jesus gay, além de outras situações constrangedoras na película. Isto gerou bastante revolta, discussão, e culminou em atentado terrorista com bombas (coquetéis molotovs) à produtora do grupo.

Por óbvio, esta ação não é a forma adequada de se repudiar a prática do grupo. E, felizmente, não houve vítimas.

Cumpre considerar ainda que existe a lei n.º 13.260/2016, que disciplina o terrorismo (ato que foi praticado contra o grupo Porta dos Fundos) e que precisa ser cumprida. Lembrando que se trata de crime imprescritível, inafiançável, não suscetível de anistia ou graça, ou seja, os envolvidos podem ser punidos a qualquer tempo. (O que, pelo histórico do nosso país, dificilmente acontecerá.)  

Não bastasse toda a confusão, o Judiciário do Estado do Rio de Janeiro impôs censura ao filme. Todavia, o grupo, após recorrer, conseguiu mantê-lo no ar.

E, mais uma vez, a liberdade foi evocada para justificar práticas culturais ofensivas.

Tentam a todo instante macular a imagem do Mestre incomparável, que há dois mil anos é luz e fanal das consciências humanas.

Mas não só dele. A liberdade tem sido utilizada para se justificar violências, seja contra Jesus, seja contra qualquer outra figura ou condição.

Sou contrário à censura. Igualmente contrário a desrespeitos em nome de uma “liberdade”.

E penso que caberia uma reflexão de nós espiritistas sobre a conjuntura atual e como poderíamos contribuir para manifestações culturais mais edificantes. Sem quaisquer laivos de censura, de reproche. Mas, sim, espraiando o belo, o divino, o conteúdo edificante por meio da arte espírita, por exemplo.

Lembremos, por fim, da lição de Paulo que disse: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. E assim é na vida, na alimentação, na arte, na cultura.

Bom senso, sempre! 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita