Brasil
por Paulo Salerno

Ano 13 - N° 652 - 12 de Janeiro de 2020

 

Divaldo Franco: “A Paz em ti ajudará a construir a paz no mundo”


O Movimento Você e a Paz, idealizado e colocado em prática pelo humanista e pacifista Divaldo Pereira Franco, está em sua 22ª edição, sendo realizado em 11 Estados Brasileiros, 10 Países e 74 cidades no Brasil e no Exterior. O Movimento teve sua geratriz após Divaldo Franco ter visitado um presídio na Guatemala, onde teve uma lição de miséria, de amargura, de preconceito. Ali ele resolveu que deveria fazer algo por si mesmo, apaziguando-se, realizando algo em prol da paz. Para pôr em prática e divulgar a não violência, idealizou o Movimento Você e a Paz no ano de 1998. A realidade da vida, a caridade e o amor não possuem coloração política, social, econômica, ou de crenças. A paz deixou de ser somente um substantivo para se tornar, também, um verbo, segundo os melhores dicionários, o verbo pazear.

Na Praça Irmã Dulce

Iniciando uma série de apresentações na cidade do Salvador, o Movimento Você e a Paz esteve em 11 de dezembro de 2019 na Praça Irmã Dulce, no Largo de Roma. Engalanada através do hercúleo trabalho realizado pela Equipe de Eventos da Mansão do Caminho, liderada pela eficiente e dedicada Telma Sarraf, Vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção – CECR -, tal como engrenagem muito bem ajustada, esmerou-se em bem receber o público, apresentando uma estrutura funcional e eficiente em todos os eventos promovidos pela Mansão do Caminho, recebendo expressivo público de forma acolhedora e carinhosa.

Após encantador momento artístico, o palco foi formado por Manuel Sonyer, espanhol, representando as caravanas presentes, pelos expositores Juan Danilo Rodríguez Mantilla, Ruth Brasil Mesquita, Marcel Mariano e Divaldo Franco, e por Telma Sarraf e João Araújo, o mestre de cerimônia, todos imbuídos e dedicados divulgadores da renovação de sentimentos e das atitudes de pacificação.

Juan Danilo destacou a necessidade de cada ser humano construir a paz em si mesmo, eliminando, tanto quanto possível três inimigos internos: o sentimento de competição, de suplantar ou submeter o outro; a insatisfação com a vida, a inconformidade com as situações e consigo mesmo: e a falta de perdão, tanto para si como ao outro, aprendendo a compreender.

Ruth Brasil Mesquita enalteceu a conduta, as atitudes e a amorosidade da mãe de Irmã Dulce, - Dulce Maria de Souza Brito Pontes -, que soube dar a ela as condições necessárias para cumprir com êxito a sua tarefa missionária. Fruto dessa mãe zelosa e amorosa, Irmã Dulce via em cada doente, Deus.

Marcel Mariano, discorrendo sobre a violência cotidiana, destacou ser necessário identificar as causas geradoras, quase sempre alicerçadas na matriz da radicalidade, o egoísmo. Com tolerância, em todos os sentidos, é possível conviver, desenvolvendo a paz interior, tornando-se agente pacificador, pelo menos no seio familiar.

Divaldo Pereira Franco, superando os limites impostos pela idade e pela dor, apresentou de forma sucinta a história de alguns pacifistas e que se superaram a si mesmos, pacificando-se e disseminando a cultura da paz, desde as relações domésticas, sociais e culturais. A tenacidade, traço comum entre eles, ensejou a mudança de comportamento, de crenças e de costumes. Leis foram modificadas, sempre tendentes a humanização nas relações. A produção literária também foi inspiradora e motivadora para a adoção de uma cultura de paz. Rosa Parks (1913-2005), norte-americana; Mahatma Gandhi (1869-1948), indiano; Martin Luther King Jr. (1929-1968), norte-americano; Léon Tolstói (1828-1910), russo; Irmã Dulce (1914-1992), brasileira, que com sua doçura e beleza caridosa, pacificava os corações aflitos e atormentados por doenças, porque, pacificada, tornou-se a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. Todos esses pacificadores, profundamente amorosos, pelas suas ações e convicções legaram à humanidade que a cultura da paz é possível, basta tornar-se pacífico, apaziguador.

O homem pacificado sabe amar todos e tudo, inclusive a natureza. O amor está acima de qualquer convicção política, de fé, de crenças, pois que a paz que Jesus dá é a paz do coração, da consciência reta, a da prática do bem. Para tal, a família é o instrumento valiosíssimo na construção da paz, pois que está alicerçada no amor.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), estabeleceu os seguintes itens para a construção da paz no Planeta: 1. Respeito à vida; 2. Rejeitar a violência; 3. Ser generoso com todos; 4. Ouvir para compreender; 5. Preservar o Planeta; e 6. Redescobrir a solidariedade. É necessário, frisou Divaldo Franco, diminuir as queixas, as mentiras, o egoísmo, amando indistintamente.

Na Praça dos Namorados

As atividades divulgadoras e promotoras da paz tiveram continuidade na noite do dia 13 de dezembro na Praça dos Namorados, na orla marítima de Salvador. A formosa praça foi palco para mais um magnífico evento em prol da paz. O Movimento Você e a Paz, uma realização da Mansão do Caminho, reuniu centenas de pessoas comprometidas em construir a paz em si mesmo, disseminando o sentimento pacífico através de atos não violentos. Os cantores líricos Ângela Laborda e Eduardo, acompanhados por Débora Limeira no teclado, encantaram o público que interagiu vivamente. A Banda de Música Maestro Vanderlei, da Polícia Militar do Estado da Bahia, sob a batuta do Maestro Subtenente Aristóteles, trouxe um ar solene através de hinos e canções, especialmente na execução do Hino Nacional, que todos cantaram juntos.

Manuel Sonyer, da Espanha, e representando as caravanas presentes, convidado a se expressar, destacou ser muito importante viver a paz, exemplificando-a no cotidiano da vida, tornando-se mais solidário, construindo um futuro pacífico para todos.

Marcel Mariano, um dos expositores habituais deste evento, frisou que a paz não se estabelece por impositivos burocráticos, como a assinatura de um acordo, mas pela sua construção na intimidade do ser humano. Como a criatura humana ainda é um ser belicoso, a ausência da paz se dá entre as nações, na vida do homem em sociedade, na família e até mesmo no campo cibernético. Para que a paz se perpetue é necessário que os indivíduos tenham a paz em si mesmos, semeando-a, pacificando-se continuamente, construindo a paz coletiva, tornando-se, portanto, pacifistas.

Juan Danilo Rodríguez ressaltou que há uma fórmula infalível para treinar a paz interior. Ei-la: quando estiver desarmônico, não reaja, aprenda, antes de tudo, a refletir, acalmar-se, renovar-se de paz, então aja.

Divaldo Franco, idealizador deste fabuloso movimento em prol da construção da paz, asseverou que é possível viver a paz, mesmo estando as nações em guerra. Narrou um episódio acontecido na Primeira Grande Guerra, quando na noite de natal de 1915, e tendo os fuzis e os canhões silenciados, e as baionetas embainhadas, momentaneamente, por um cessar-fogo não oficial, um soldado francês, de 22 anos, estando em sua trincheira situada bem em frente a trincheira inimiga, a dos alemães, e sem mesmo esperar a autorização de seu superior, disse que iria fazer a paz, levantou uma bandeira branca, simbolizando uma trégua. No lado inimigo, a agitação, a apreensão, tomou conta daquele setor da trincheira alemã, que com ordens, também, de não atirar, animou um soldado alemão a fazer o mesmo gesto do francês. Marcharam um ao encontro do outro, agitando as suas bandeiras brancas, deram-se se as mãos a meio caminho, abraçaram-se, desejaram-se um feliz natal.

Como todos os demais soldados estivessem atentos, e estimulados por aquele pequeno gesto de coragem e destemor, desarmaram-se, saindo de suas respectivas trincheiras, encontrando-se na linha divisória que separavam os dois exércitos, a chamada zona neutra. Confraternizaram, cantaram, trocaram abraços, comemoraram o natal, cantaram a canção Noite Feliz, afinal não eram inimigos pessoais, defendiam posições estabelecidas por suas nações. Pela manhã jogaram uma partida de futebol, que teimosamente ficou empatada, pois que o sentimento acalentado pelos soldados não era o de vencer o “inimigo”. Porém, logo após, o monstro da guerra se fez presente, e a bestialidade, a belicosidade do ser humano, colocou os dois lados em confronto sangrento, dizimando-se.

Há também, disse o Embaixador da Paz, uma guerra na intimidade dos lares. É igualmente perversa, pois que, tudo quanto se instala na intimidade de um ser humano e que o leva a perder a alegria de viver, onde o desalento se instala, a ideia de extinguir a vida passa a ser uma constante, com insidiosa tendência a se tornar realidade, concretizando-se no suicídio algumas vezes.

Don Miguel Ruiz, autor mexicano, em seu livro Os Quatro Compromissos, publicado em 1997, estabeleceu os compromissos necessários para a construção da paz individual. 1º) Seja a sua palavra inviolável; 2º) Aprenda a ouvir para compreender; 3º) Seja você quem ama; e 4º) Nunca devolva o mal que lhe faça. Esses compromissos foram colhidos dos toltecas. Eles eram conhecidos no sul do México como "homens e mulheres de sabedoria". Teothuacan, a cidade antiga das pirâmides situadas nas proximidades da Cidade do México era conhecida como o lugar onde o "Homem se Torna Deus”.

Pensar no bem é salutar, pensar no mal é intoxicar-se, destruindo-se. Divaldo Franco emprega ingentes esforços para construir a paz em si mesmo, a aprender a conciliar o SELF com o EGO. Aconselhou a não se deixar dominar pela tristeza, mantendo a alegria de viver, não atribuindo valor ao que não tem valor. Asseverou que a felicidade é construída a partir do amor ao próximo, do autoamor, de viver em paz com a consciência, sem se perturbar com as provocações alheias, atraindo o outro pelo amor, sem condicionar, sendo verdadeiro, sem impor-se, aceitando e compreendendo, solidarizando-se.

Procure, ensinou o atento professor Divaldo, olhar o lado melhor da vida, ver o lado positivo, o bem e o bom. A paz é comovedora. Seja um pouco de paz no coração do próximo, ame-o. Não aceite provocações, lembre-se, estás em treinamento para desenvolver a paciência, seja o exemplo de bem-proceder, tenha coragem de sonhar e agradecer a Deus todas as intercorrências da vida, boas ou más. 

No Dique do Tororó

Ao entardecer do dia 15 de dezembro, com toda a infraestrutura pronta e montada pela eficiente equipe liderada por Telma Sarraf, Vice-presidente do CECR, as crianças e adolescentes da Escola de Artes da Mansão do Caminho, com talentos extraordinários, se apresentaram cantando, tocando e encantando com a excelente performance, cativando os presentes. Juan Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano radicado no Brasil,  voluntário da Mansão do Caminho e fazendo parte da Escola de Artes, cantou e tocou, alegrando os corações sedentos de paz e de beleza.

Ruth Brasil Mesquita, Iraci Noronha e Marcel Mariano deixaram as suas mensagens de paz, destacando que o ser humano, ainda em formação moral, requer cuidados, de orientação clara e segura, construindo-se na paz e no amor, devendo observar as ações do presente se utilizando da experiência do passado, construindo o futuro desejado, seguindo os passos de Jesus, modelo e guia para a humanidade, pois que pacífico, possui a força dos argumentos.

O pacifista Divaldo Franco se utilizou de um episódio verídico contido na obra Perdão Radical, de Brian Zahnd, para narrar, com sua verve característica, a excelência do perdão e do amor. O genocídio do povo armênio, provocado pelos turcos otomanos, ocorreu durante a guerra levada a efeito entre Turquia e Armênia nos anos de 1915 a 1917 e que dizimou cerca de um milhão e quinhentos mil seres humanos. Essa incursão bélica e destruidora ocorreu em paralelo à I Guerra Mundial.

A protagonista, jovem com 15 anos, presenciou sua família ser cruelmente destruída pelo exército turco. Em um domingo pela manhã, e estando a família reunida para o café matinal, foram surpreendidos pela ação militar, sendo o seu lar invadido violentamente. Seus pais foram mortos de súbito, impiedosamente, sua irmã menor foi jogada aos soldados que a violentaram até a morte, e ela foi feita escrava sexual do comandante da tropa.

Após fugir das atrocidades que lhe foram impostas, contando com o auxílio de um soldado que se apiedou dela, passou a viver da Turquia, onde se diplomou enfermeira, pois declarava que havia nascido para amar e salvar vidas. Tendo sido muçulmana, se converteu ao cristianismo. Assim, por volta do ano de 1925, e porque o Diretor da clínica não havia encontrado um profissional que tivesse coragem para cuidar de um enfermo em putrefação e prestes a morrer, perguntou àquela dedicada enfermeira se poderia cuidar o paciente tal qual uma filha abnegada, assistindo-o na morte próxima.

Ela, então, se deparou novamente com o seu algoz implacável, tendo oportunidade de salvar-lhe a vida, apesar de o ter reconhecido desde o primeiro momento no hospital em que trabalhava, na Capital da Turquia. O algoz, então comandante daquela força exterminadora, era um farrapo humano, e que lhe foi confiado para que o assistisse na morte iminente. Colocado sob os cuidados da jovem enfermeira, dedicadamente tratou-o, por cerca de seis meses, restituindo-lhe a saúde.

Por ocasião de sua alta hospitalar, e porque era um oficial de destaque, foi agradecer ao diretor do hospital. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira que o havia cuidado diuturnamente, internando-se com ele, a fim de prestar-lhe um excelente serviço.

Ao dirigir-se a enfermeira, o oficial notou que ela tinha um sotaque que lhe lembrava o povo armênio, onde estivera durante a guerra. Ela confirmou sua origem, declarando que o conhecia, e que ele a havia escravizado sexualmente, após dizimar a sua família, descrevendo a cena de horror que ele impôs à sua família. O oficial, tomado de inusitada surpresa, perguntou-lhe porque não o havia deixado morrer. Ela, então, redarguiu-lhe que havia aprendido a perdoar, que Jesus é o seu Mestre, que aprendeu a amar até mesmo os inimigos, e que sua profissão é dedicada a salvar vidas, jamais extingui-las.

Nos primeiros momentos, narrou a enfermeira, desejava morrer, contudo, sustentada no ódio sobreviveu aguardando a oportunidade para a vingança. Quis o destino trazê-lo de volta, e por ser agora cristã, tinha como primeiro desafio perdoar, assim, disse ela: sai do inferno e passei a experimentar a suave brisa de paz, por isso o perdoei. Chamo-o agora de irmão.

É a demonstração da poderosa força transformadora da mensagem de Jesus, quando bem compreendida e vivenciada, despertando o verdadeiro amor na criatura humana. Esse amor levou a jovem armênia a perdoar radical e incondicionalmente o algoz que a havia desventurado e exterminado sua família impiedosamente.

Divaldo Franco, então, questionou os presentes quanto à capacidade de cada um de perdoar, dando um freio à violência, incitando o público à reflexão mais profunda: - Você seria capaz de perdoar?

O perverso possui o dom de destruir a intimidade da criatura humana. O Perdão é uma das virtudes mais difíceis de ser praticada. Perdoar é não devolver a ofensa, tornando-se em um permanente desafio. Divaldo, apresentando aspectos da violência cotidiana, destacou que o emprego judicioso da justiça, o sentimento de amor e o de perdão ainda estão longe dos indivíduos. A sociedade humana vive um momento grave de desamor. A mudança se dará quando os indivíduos aprenderem a amarem-se, adquirindo a noção do bem-proceder. A paz não é uma necessidade, mas uma urgência a ser atendida com presteza. Todos têm os mesmos direitos de viver, e os valores espirituais levarão o homem a viver em harmonia, em paz.

Cada criatura humana deve viver como Espírito imortal, com paz no coração à luz do Evangelho de Jesus, o grande propagador e exemplo de paz, empenhando-se ao máximo para que o EGO não perturbe o coração e seja possível instalar a paz em si. Há um amanhecer de luz, de paz, de amor, de ações no bem, de solidariedade. Faça algo para que alguém tenha, também, paz, desenvolvendo forças para poder ouvir, com serenidade, a própria verdade, a do outro e a verdade transcendente.

Ao final dos eventos, com o público animadíssimo e estimulado para a construção da paz, foi entoada a Canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, quando todos, de mãos dadas uniram vozes, corações e sentimentos, igualados no desejo de estabelecer a paz, embelezando com harmonia ímpar o ambiente.

No farol da Barra

O Município soteropolitano tem em seu calendário de manifestações cívicas e culturais, o Dia do Movimento Você e a Paz, comemorado anualmente em 19 de dezembro, instituído pela Lei Municipal 5.819/2000, de 29 de novembro de 2000. O farol da Barra foi o palco em que esta efeméride foi comemorada. Para lá se dirigiram milhares de pessoas comprometidas com a divulgação da paz, da não violência, da formação de uma cultura de paz. A Equipe de Eventos do Centro Espírita Caminho da Redenção, sob a liderança de Telma Sarraf e conduzindo seus liderados atentos e comprometidos com a funcionalidade e perfeição, montou toda a infraestrutura para atender com excelência as autoridades e o público.

O momento artístico foi rico de momentos de harmonia e enlevo, conduzido pelo Coral Santa Dulce dos Pobres; Assis Diomar; Banda Redenção, sob a liderança de Juan Danilo, da Mansão do Caminho - um dos vários programas educacionais da Mansão do Caminho -; e Nando Cordel (abaixo).

Com as autoridades estaduais, municipais, eclesiásticas e convidados no palco, a Banda de Música do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil, executando o Hino Nacional, por todos cantado, a solenidade foi iniciada. O Movimento Você e a Paz visa manter os ideais de fraternidade, de tornar as criaturas mais pacíficas e pacificadoras, de conscientização da formação de uma cultura de não violência, de preparação de agentes pacificadores e promotores do equilíbrio espiritual, sem caráter político ou religioso. O Movimento já é realizado em 10 países e 75 cidades, das quais 58 no Brasil e 17 no Exterior. O Trabalho de promoção da paz é inadiável.

Os pronunciamentos prévios realizados por várias autoridades políticas, religiosas e militares destacaram que não haverá paz se a própria criatura humana não se tornar pacífica, harmoniosa consigo mesma, pois que o real sentido da vida é a paz, o respeito em todos os aspectos, na humildade praticada, no amor e na caridade. Construir a paz é, antes de tudo, uma atitude de solidariedade, de aceitação do outro, com abnegação, renúncia e perdão. O homem pacífico é o que se educou através de um processo interno, reverenciando a paz, sentindo-a no coração, extinguindo as guerras íntimas e que se estendem para os que estão no entorno. A paz será construída através de ações pessoais, estabelecendo uma conexão com as leis divinas, com ações de amor e de respeito.

O Movimento Você e a Paz, a partir do ano 2.000, instituiu troféus para homenagear três importantes segmentos da sociedade: Personalidade física que se doa; instituição que realiza; e personalidade que viabiliza. Os agraciados desenvolvem meritórios trabalhos de soerguimento do ser humano, promovendo-o, restituindo-lhe a dignidade, minorando estados calamitosos, acolhendo-o amorosa e fraternalmente, sem qualquer distinção.

Divaldo Pereira Franco, médium espírita, Embaixador da Paz no Mundo, idealizador do Movimento Você e a Paz, destacou que o maior desafio da criatura humana é a própria criatura humana. Com mais de dois bilhões e duzentos milhões de anos de desenvolvimento antropossociopsicológico alcançou o cosmo e, ao mesmo tempo, a micropartícula, encontrando a energia, a fonte da vida. Apesar destas conquistas o homem não conseguiu interpretar-se a si mesmo, vivendo, na atualidade, sem paz interior. Embora possuindo tudo, dominando o que seja possível, tanto no macro quanto do microcosmo, e tendo acumulado conhecimento desde o passado remoto e desenvolvido a ciência, isto não deu felicidade ao homem, contudo lhe facultou uma longevidade maior.

Apesar de toda esta conquista, o homem ainda não realizou a sua grande tarefa, a de moralizar-se, o que Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, denomina como falta de desenvolvimento moral. A filosofia tem contribuído para a mudança do pensamento humano, mas o amor, o sentimento ágape, é ainda desconhecido desde o passado até os dias presentes. O apelo material predomina sobre o espiritual.

Na busca da felicidade, a criatura humana experimentou o prazer através do hedonismo, adotando a filosofia de Epicuro, cerca de 300 anos antes de Cristo. Como não se sentiu feliz, Diógenes propôs que a felicidade poderia ser alcançada ao satisfazer a sede de ter e de poder. Zenão de Cicio, em sua filosofia estoicista, declarava que a felicidade era suportar a dor e não sofrer, pois que viver era padecer. Nenhuma delas proporcionou felicidade ao homem. Há, porém, uma proposta ética, capaz de fazer com que o homem se harmonize consigo mesmo, sentido a felicidade, é a do amor, fazendo ao outro tudo o que gostaria que lhe fosse feito. É a proposta de Jesus, onde o homem, conhecendo-se, sente-se integral, harmônico e pacifico.

Quando os indivíduos aprenderem o exercício da solidariedade, dando-se ao outro, sendo-lhe útil, amando, servindo, porque já se amam, serão felizes. Com este nível de amor a paz será constante. Todos estão na Terra para domarem o instinto, desenvolvendo o sentimento. Jesus é o caminho da reabilitação perante as leis divinas. A vida possui um sentido, é o amor, e quem ama já é pacífico. Sem a paz a vida não tem sentido.

A proposta é levar a paz para o lar, para a família, amando com mais intensidade, estar junto física e mentalmente. Amar é sentir o calor humano, é relacionar-se face a face. Ame! Se não é correspondido, continue amando, tocando a alma do outro. O bem não pode conviver com o mal. Assim, não aceite o mal dos maus, não reaja. Não fazer o que os covardes fazem é superar-se a si mesmo. O sonho do pacifista é dar-se as mãos, estampar um sorriso de amor. O homem pode se sentir feliz desde já, em paz consigo mesmo, pois que há muito o que agradecer e nada para reclamar.

Declamando o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou a 22ª edição do vitorioso Movimento Você e a Paz. Dando-se as mãos, todos cantaram efusivamente com Nando Cordel a Canção Paz pela Paz, de sua autoria. Os abraços entre os presentes foram múltiplos, com desejos de paz, felicidade, harmonia e solidariedade através da transfusão de vibrações pacificadoras.


Nota do Autor
:

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita