Artigos

por Vladimir Polízio

 

O cego de Jericó


A oração é o fio invisível que nos liga a esse universo infinito. É através desse recurso que agradecemos, louvamos e exteriorizamos nossas rogativas ao Pai celestial, Senhor da Vida e dos Mundos.

Mas, quando fazemos nossas orações, será que sabemos pedir? Somos justos buscando o necessário para nós?

Essa é uma questão delicada por oferecer oportunidades sem limites aos que pedem. E, por isso, os excessos e os abusos acontecem das mais variadas formas, mesmo porque o gesto de pedir é o que a grande maioria das pessoas faz.

Aquele que exercita a consciência, e é justo em sua vida, certamente não tornará esse momento um momento de exploração, indo além de sua prioridade, de sua necessidade.

Nesta mensagem de Humberto de Campos enviada pela psicografia ao médium Francisco Cândido Xavier, temos a expressão do equilíbrio da parte do necessitado em fazer a rogativa a Jesus, quando pediu-lhe a atenção e a sua bênção.

'O cego de Jericó':  

"O cego de Jericó é das grandes figuras dos ensinamentos evangélicos. Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo caminho, mendigando.... Sentindo a aproximação do Mestre, põe-se a gritar, implorando misericórdia.

Irritam-se os populares, em face de tão insistentes rogativas. Tentam impedi-lo, recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus, contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga com amor:

– Que queres que te faça?

À frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenas isto:

– Senhor, que eu veja!

O propósito desse cego honesto e humilde deveria ser o nosso em todas as circunstâncias da vida.

Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às vezes, esse mendigo de Jericó, esmolando às margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem coragem de marchar para a realização elevada que nos compete atingir. E, quando surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com o Cristo, além de sentirmos que o mundo se volta contra nós induzindo-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir sensatamente.

Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do personagem mencionado no versículo de Lucas, porquanto não é preciso comparecermos diante do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta lhe pedirmos o dom de ver, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o Senhor, portanto, nos faça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossa alegria imortal".
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita