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por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

Esperança na colaboração de jovens e adultos


A capacidade do ser humano para o bem e para o mal é inesgotável. Atualmente atravessamos tempos extremamente difíceis. As incertezas são muitas. As soluções defendidas pelas diversas teorias não param de se desenvolver e, entretanto, vai-se caminhando para um certo abismo econômico-social e bélico. Este primeiro quarto do novo século notabiliza-se por uma crescente desigualdade entre as pessoas.

Próximos do final da segunda década do século XXI, governantes e políticos discutem as suas teses, chegando-se ao limite do absurdo que consiste em retirar direitos adquiridos, alguns dos quais conseguidos em regimes ditatoriais. Parece um pesadelo, mas, de fato, e infelizmente, é a realidade que bate à porta de todos, mas que faz sofrer de forma atroz os mais carenciados. O ano de 2013 já permanece na história como sendo aquele em que os pobres ficaram paupérrimos, e os ricos continuaram com o melhor que a vida sempre lhes proporcionou.

Ao longo dos ciclos governativos, a alternância do poder, num regime democrático, é uma característica que cria novas expectativas, na medida em que várias e aliciantes são as promessas feitas por aqueles que pretendem chegar ao Poder.

Será uma situação para se concordar, ou não, segundo a qual: «(…) não tome nada por adquirido e não acredite em tudo o que lhe dizem. (…). Reconheça a impermanência, o sofrimento e a ausência de ego ao nível do quotidiano e seja inquisitivo a respeito das suas reações. Descubra por si mesmo a paz e se é ou não verdade que a nossa situação fundamental é alegre» (CHODROM, 2007:87).

A vida difícil que tem atingido a classe mais desfavorecida não permite, de fato, acreditar naqueles que criaram expectativas, que venderam ilusões e que agora são os primeiros a levantar a espada da injustiça.

É claro que não se pode atribuir, em absoluto, culpas a um só e determinado sistema governativo, e muito menos a uma pessoa. É toda uma conjuntura mundial que afeta as populações, mas também é verdade que tal conjuntura poderá ficar a dever a grandes grupos econômico-financeiros, através da agiotagem e da especulação.

É verdade que se derrubam regimes ditatoriais, porque não cumprem, minimamente, os direitos humanos; fazem-se opções a favor ou contra determinadas situações políticas, grupos pacifistas e terroristas. Tomam-se medidas para combater a transação de determinados produtos como a droga, armas, corpos humanos etc.

Há que fazer muito mais, no sentido de identificar e punir todos aqueles que criam crises mundiais, que, fraudulentamente, enviam para o desemprego milhões de trabalhadores em todo o mundo. Esta é uma verdadeira guerra que rapidamente urge ganhar sob pena de uma explosão social.

Compreender as razões que levaram pessoas e grupos a determinadas atitudes, por vezes é difícil se, como se sabe, a existência humana é muito curta, não chega, sequer, para se desfrutar de tudo o que se acumulou, com a agravante de que os potenciais herdeiros poderão não valorizar, verdadeiramente, o que foi angariado e, pior ainda, quando tais impérios patrimoniais foram adquiridos por vias ilegais, ilegítimas e injustas, à conta da exploração das pessoas. São absurdos, e, como tal, não têm explicação compatível com a dignidade humana.

O mundo, aqui representado na sua população, não é igual para todos porque, infelizmente, a capacidade do ser humano tem-se orientado para o mal, designadamente nas suas dimensões sociais e culturais, sim, porque também se trata de uma cultura de apoio aos mais desfavorecidos, de uma cultura de redistribuição das riquezas naturais e produzidas, de uma cultura de solidariedade.

A cultura que envolve valores sociais não está verdadeiramente nítida nos Estados e nos Governos. Fala-se, apenas, em Estado Social, mas é, justamente, nos benefícios sociais que mais se corta quando é preciso reduzir despesas. Não existe nitidamente uma preocupação social, precisamente porque é uma classe sem força, aquela que mais precisa de tais benefícios. São os mais fracos a suportarem as injustiças.

Apesar de tantas e tão difíceis situações que atormentam a humanidade, sempre haverá uma janela, ainda que entreaberta, para a esperança, em melhores tempos, porque é necessário acreditar na capacidade de resolução, na boa vontade e determinação dos governantes, das novas gerações para, humildemente, assumirem os erros atuais e resolverem as situações sociais mais deprimentes.

Acredita-se nas potencialidades dos jovens e também não se descura algum receio na tomada de certas decisões. Dir-se-ia que esperança e receio podem andar de mãos dadas, porque o futuro é sempre incerto em quaisquer circunstâncias.

Na verdade: «A raça humana é extremamente previsível. Um pequeno pensamento surge, entra numa escalada e, sem que tenhamos a noção do que nos atingiu, vemo-nos apanhados pela esperança e pelo medo» (Ibid.70).

A situação mundial já era no final da primeira década (2010) deste novo século) muito complexa, repleta de incertezas, de medos quanto ao futuro: como vai evoluir o emprego/desemprego? Como vão sobreviver os reformados com pensões exíguas? Haverá dinheiro para, não só aumentar, como também pagar tais pensões? E a saúde, com a necessária assistência médica e medicamentosa, que caminho irá tomar? A educação e formação profissional manter-se-ão com objetivos de melhorar a escolaridade e o profissionalismo da população? Enfim, é todo um conjunto de questões que atormenta os cidadãos que se preocupam com o futuro.

Ao ser humano, enquanto pessoa de deveres e direitos, não se lhe pode exigir, quase permanentemente, que cumpra deveres, principalmente fiscais, não se lhe oferecendo nada em troca, nem sequer a garantia de um futuro tranquilo, uma qualidade de vida que lhe é devida, depois de um longo período de contribuições, porque é no fim da linha da vida que mais precisa de apoio em todos os aspectos.

Começou-se a verificar que, incompreensivelmente, estava a acontecer o contrário em 2010-2011 e, comprova-se agora que a situação para as maiorias mais carenciadas pouco melhorou. Os governantes devem ter uma consciência social, mais do que uma preocupação com um qualquer déficit orçamental, com metas, com mercados. As pessoas não são números e vêm primeiro.

As crises não se vencem contra as pessoas, muito menos contra aqueles que se encontram mais vulneráveis, em situações-limite, de quase sobrevivência vegetativa. As crises vencem-se com a solidariedade de quem tem poderes decisórios, meios e vontade de ajudar. As crises vencem-se com austeridade, sobriedade e responsabilidade social, abdicando de privilégios que a esmagadora maioria da população não tem. Por isso se acredita nos jovens, na sua generosidade e na ausência de vícios egoístas e materialistas.

Importa, nesta reflexão, destacar-se a esperança que as novas gerações podem trazer à resolução dos problemas que atingem o mundo. Com efeito, a fatura que eles têm de pagar, por culpa dos erros cometidos pelos seus antepassados, será suficiente para não prosseguirem idênticas práticas. Além da sua própria formação que, indiscutivelmente, será bem melhor, desde logo, em vários domínios culturais, técnicos, científicos, axiológicos e profissionais.

A participação dos jovens, integrados em equipes de colegas maduros e experientes, todos dotados de valores essenciais à dignidade humana, pode ser a chave para o sucesso na resolução das crises que, periodicamente, atingem populações inteiras. Não se deve recear a inovação dos jovens, como estes não devem depreciar a sabedoria dos mais velhos. É necessário escolher os melhores, aqueles que, de fato, se preocupam com o bem comum.

Certamente que os mais velhos têm sempre uma palavra neste processo de saída das crises, como devem ter no relacionamento com os mais jovens. Na verdade: «O ser social tradicional respeita naturalmente os mais velhos e aspira conformar-se com as maneiras de ser e de agir transmitidas pelas gerações. Não se esforça de modo algum por ser singular. Tem a impressão de fazer parte de um corpo social do qual não poderá afastar-se sem perder a razão de ser. A noção de pessoa, tal como a entendemos hoje em dia, não faz parte do seu universo» (ANGERS, 2003:68).

Cabe, portanto, aos jovens, esta humildade de saber escutar os mais velhos, e estes têm a obrigação de compreender as dificuldades daqueles, sem se imporem com sabedorias, experiências e maturidades que, nem sempre, correspondem à verdade. Humildade de ambas as partes é a chave do sucesso.

 

Bibliografia:

ANGERS, Maurice, (2003). A Sociologia e o Conhecimento de Si. Uma outra maneira de nos conhecermos graças à Sociologia. Tradução, Maria Carvalho.

CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores.
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita