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por Bruno Abreu

 

Seguindo as palavras…


Há dois mil anos, Jesus Cristo passou na Terra, deixando-nos ensinamentos de amor e fraternidade. Pediu aos seus discípulos que espalhassem pelos quatro cantos os seus ensinamentos de esperança e amor, para que todos tivéssemos acesso às suas palavras. A essa altura, iniciaram eles uma jornada de evangelização, espalhando os profundos ensinamentos do Mestre da vida.

Seus discípulos, corajosamente, enfrentaram todas as adversidades do início do Cristianismo, a fim de partilhar com os outros a maior oferta que já existiu no nosso planeta: as diretrizes da harmonia humana, que mudariam o rumo desse planeta para a Lei de Amor.

Felizmente, conseguiram, através dos ensinamentos de geração a geração, manter viva esta coletânea de sabedoria que continua atual e viva até os nossos dias, por percebermos intuitivamente que esta é a Verdade, tendo-nos sido demonstrada pelo seu autor de forma fiel, não existindo nenhuma diferença entre os seus ensinamentos e a sua maneira de viver.

Certamente, como muitos de vocês, me questiono: por que nós - a humanidade - continuamos a viver envoltos em maldade e caos?

Esta é uma pergunta muito séria, tal que, se realmente a fazemos e queremos chegar à resposta, precisamos olhar para a humanidade toda, incluindo especialmente a nós próprios, e tentar entender o motivo pelo qual, com tantos livros, tantos ensinamentos e tantos exemplos, ainda continuamos presos ao sofrimento que causamos a nós próprios, seguindo um caminho de maldade e destruição.

Naturalmente nós procuramos a felicidade, cada ato que fazemos é na esperança de melhorar a nossa situação, porém, quase sempre é de uma forma individual. Quando não é desta forma, é com uma intenção familiar ou em relação a pessoas amigas com as quais trocamos preocupações, por sua amizade. 

Os ensinamentos que nos são deixados através de palavras escritas por alguém – no caso de Jesus, pelos seus discípulos – são indicações de um caminho a percorrer de forma pessoal. No entanto, só palavras não bastam, é necessário compreender e assimilar esses ensinamentos, de tal forma que eles passem a ser as nossas próprias ações.  

No tempo de Jesus, aqueles a que Ele se referia mais negativamente, com energia “severa”, eram os Doutores da Lei, caiados por fora, mas podres por dentro, chegando a afirmar que esses nada sabiam, pois se achavam donos da Lei, presos em suas próprias percepções e entendimentos.

A busca do Reino de Deus, que está dentro de nós, é uma caminhada humilde que muitas vezes fica bloqueada pelo orgulhoso “conhecimento” da palavra. Como nos diz Joanna de Ângelis, a caminhada é uma descoberta interior através de um renascimento constante do ser que tem, como característica, um dinamismo impressionante.

Nós podemos ver claramente no planeta a escuridão em que vivemos, não a escuridão da noite que termina diariamente com o nascimento do sol, mas uma escuridão criada pelo homem, através de suas ações, que tem como raiz ele próprio. À semelhança do sol que ilumina a Terra, nós temos esperado, ao longo dos tempos, pelos Profetas que nos trarão a paz e a serenidade, uma ideia ultrapassada. Têm reencarnado alguns, com base nos quais se criaram as Igrejas. A elas temos frequentado com a esperança de que seus rituais nos levem a tempos melhores e menos turbulentos. Mas, por ironia do destino, se assim podemos chamar o efeito que buscamos, elas têm separado ainda mais os homens e, em nome delas, temos lutado contra os próprios irmãos de diferentes ideologias religiosas. A verdade é que uma ideologia é sempre separatista e isoladora, de uma pessoa, ou de um grupo.

Poderemos ver facilmente uma escuridão na imagem da generalidade humana, através das guerras, da destruição planetária, da fome e de todos os problemas que há milhares de anos se têm mantido atuais. Depois, podemos ir diminuindo o foco de nosso olhar e perceber que essa escuridão também nos envolve e, na verdade, ela reside e nasce também em nós. A agressividade perante um vizinho tem como origem a mesma raiz da agressividade de um país perante o outro; o que muda é a dimensão.

Os profetas que passaram na Terra nos deixaram mapas que poderemos utilizar, mas o início do caminho em todos esses guias está em nós. O caminho se inicia em você – dizem seus ensinamentos.

A luz humana não é algo que venha de forma externa; ela está dentro de nós. A solução de um determinado problema faz parte do problema em si próprio, ou seja, da compreensão do problema nasce a percepção e a consciência da solução. Na humanidade, a luz que contém a paz e a harmonia nasce da compreensão das trevas que nós mesmos criamos. Por isso alguns estudiosos famosos nos dizem que das trevas nasce a luz.

É fácil, de forma teórica, percebermos que, quando a humanidade deixar de criar o mal que cria, teremos tempos de paz e amor.

O autoconhecimento é a ferramenta essencial para criarmos esta consciência; e o exemplo pessoal, a arte correta para a espalharmos. E as palavras… É importante explicar que elas são, apenas, uma forma de se indicar a direção a percorrer. Têm unicamente esse valor.

Cuidado, meus irmãos, se os conhecimentos doutrinários nos trazem a sensação da sabedoria que nos leva a olhar para os erros do nosso próximo e a salientá-los, tentando constantemente alterar suas formas de ser. Assim, estamos a nos esquecer novamente do maior e mais difícil ensinamento: a indulgência, que nos leva ao caminho da paz e reconciliação com o próximo.

  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita