Brasil
por Almir Del Prette

Ano 13 - N° 644 - 10 de Novembro de 2019

   
De Volta a Nosso Lar: autores falam sobre a obra


De Volta a Nosso Lar
 é de autoria de Aylton Paiva e Sidney Fernandes (foto).

A obra divide-se em uma breve introdução realizada por Sidney Fernandes e, na sequência, seguem 12 

capítulos, totalizando 163 páginas. Em uma nota da editora, na terceira página, o leitor fica sabendo que os capítulos com numeração arábica são de autoria de Aylton Paiva (foto abaixo) e os de número romano de Sidney Fernandes.

O livro foi publicado pela Editora CEAC, de Bauru (SP).

Descrição sucinta do conteúdo – O livro não pode ser relacionado na categoria de romance, nem propriamente de obra técnica (por exemplo), estudo da mediunidade, ou análise literária da obra de André Luiz. Trata-se, em nosso entendimento, de um livro doutrinário-didático sobre o primeiro volume da coleção André Luiz.

Os espíritas mais antigos se recordam do impacto que a obra Nosso Lar, de André Luiz, causou em nosso meio. Entretanto, essa não é a questão que motivou os autores a esse empreendimento. Espíritas e espiritualistas em geral aceitam a sobrevivência da alma. Tomando essa premissa como verdadeira, a questão que se segue é sobre o que nos acontece após a morte. Quem estaria em melhores condições de nos dar informações sobre o tal “outro lado da vida”, senão aqueles que viveram essa experiência? Parece-nos, pois, que essa é a motivação dos autores: a de analisar cuidadosamente as informações contidas no primeiro livro de André Luiz e refletir como a vida presente impacta nesse futuro.

Para alcançar tal intento, eles criaram um enredo bem articulado que se inicia no primeiro capítulo (A morte não é o fim), no qual ficamos conhecendo Eduardo e Alex. Eduardo, ainda sob o impacto da morte e velório do tio, indaga a Alex sobre a imortalidade. Alex recorre a um trecho de O Livro dos Espíritos para responder à pergunta e, após isso, convida Eduardo para participar das reuniões do Centro, onde José Giani irá discorrer sobre o assunto, analisando as informações do Nosso Lar. A partir da aceitação de Eduardo, o enredo se desloca para as reuniões do Centro Espírita, com novos personagens. Nesse espaço, uma sala de um Centro Espírita, os personagens provocam os expositores Giani e Ney, algumas vezes desafiando-os em seus argumentos. Dessa forma, o leitor vai, aos poucos, conhecendo os personagens e pode até imaginar suas características físicas e comportamentais.

Essa estratégia dos autores é bem-sucedida, pois prende a atenção do leitor, que identifica, nas características dos personagens, pessoas com as quais convive no ambiente espírita. Com isso, ficamos sabendo um pouco sobre Joana e Ângela, bastante inquiridoras, algumas vezes impulsivas; sobre Lucas, um pouco tímido, mas bem atento; Alex e Acácio, com questões relevantes... E, também, sobre Ney e Giani, bem-humorados e eficientes na condução das aulas. No entanto, o mais importante é o conjunto de conteúdos e possibilidade de reflexões que o livro enseja.

Considerações finais – Para concluir, acrescento que De Volta a Nosso Lar tem uma redação agradável, estrutura lógica de enredo, continuísmo correto, o que nos leva a recomendá-lo como excelente contribuição para o entendimento do primeiro livro da série André Luiz e do mundo espiritual, bem como das questões que André Luiz nos trouxe. Os autores recorrem a outros pensadores espíritas e não espíritas em defesa dos seus argumentos, a começar por Allan Kardec, León Denis, Francisco de Assis, Emmanuel, Richard Simonetti, Irmão Jacó, Dante Alighieri e outros.

Entrevista – A nosso pedido, os autores do livro, Aylton Paiva e Sidney Fernandes, concederam-nos a entrevista seguinte:

- Vocês em De Volta a Nosso Lar criaram um enredo com personagens frequentadores de um centro espírita e dois outros como expositores. Os frequentadores apresentavam dúvidas sobre o livro de André Luiz, e os outros dois esclareciam. Esse resumo que faço é bastante simplificado, pois, no momento, queremos que nos digam como chegaram a esse formato para o livro.

Sidney: Em sua juventude, Aylton Paiva acompanhava, com muito interesse, as narrativas do senhor José Giovanini, pioneiro condutor da Juventude Espírita Amor e Caridade, de Bauru, em torno dos romances espíritas mais expressivos. Daí surgiu o Senhor Giani, que fazia a releitura da magnífica obra Nosso Lar para um grupo de jovens interessados em aprender o Bê a Bá da Coleção A Vida no Mundo Espiritual, de André Luiz.

Aylton: Os Mentores Espirituais trouxeram os informes básicos contidos em O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, sobre o mundo espiritual, na Parte Segunda – Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos, na referida obra. O espírito André Luiz, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, detalha, sob a sua vivência, essa realidade. Sempre achei de suma importância esse relato e sempre desejei que ele se tornasse o mais possível acessível às pessoas. Também seria uma forma de despertar o interesse para a leitura da obra original. A materialização da ideia o Sidney no-la apresenta.

- Chico Xavier e Herculano Pires tiveram publicação conjunta, porém a parceria na produção de textos não é comum no movimento espírita. Qual foi a história dessa associação para De Volta a Nosso Lar e que critérios adotaram na divisão das tarefas?

Sidney: Tudo surgiu com um “coincidente” encontro entre eu e Aylton, num shopping de Bauru, quando conversamos sobre a possibilidade da publicação de uma obra acessível ao grande público, que comentasse o primeiro livro de André Luiz. Sua esposa, Maria Eny, manifestou seu cepticismo quanto à concretização do projeto. Tomamo-nos de brios e iniciamos a troca de correspondências que corporificou o livro, que foi surgindo gradativamente.

Aylton: Quando me surgiu a ideia, mais propriamente, a intuição para o estudo de Nosso Lar, como é apresentada em nosso livro De Volta a Nosso Lar, eu não estava desejoso de escrever outro livro. À época, por generosidade de Sidney Fernandes, e por sua solicitação, eu fazia a revisão doutrinária de um dos seus livros. Então pensei: Sidney, em seu estilo simples, elegante e objetivo, está em condições de escrever o livro. Por “coincidência”, como ele relata, nos encontramos. Fiz-lhe a proposta, mas ele desejou que eu escrevesse o primeiro capítulo e ele faria o comentário sobre o tema estudado. A partir daí Giani e Ney iniciaram seus estudos.

- Um dos personagens do livro questiona sobre o tempo (cerca de oito anos) que André Luiz permaneceu nas chamadas “zonas inferiores”. Nas experiências de vocês esse questionamento é frequente?

Sidney: Em programa que mantenho na TV CEAC de Bauru, onde, semanalmente, respondo a perguntas do grande público, é muito comum surgirem dúvidas relacionadas com o tempo além da Terra. As orientações transmitidas se resumem aos estados de desequilíbrios por que, geralmente, desencarnados passam, depois da morte e, além disso, à permanência da mesma contagem de tempo, nas cercanias do planeta Terra.

Aylton: Para os profissionais que atendem pessoas em desequilíbrio social ou psicológico há um princípio de que “cada caso é um caso”. Também assim é no retorno à vida espiritual. André Luiz esteve sob a proteção da mãezinha desencarnada e dos amigos espirituais, desde o início da sua doença até sua chegada à zona espiritual do sofrimento. Todavia, quem não se sintonizava com a ajuda espiritual era ele, por seu modo de viver. Vivera no mundo físico apenas preocupado com o bem-estar material. Nas poucas vezes que se aproximara da religião fora de maneira superficial e descompromissada. Não cultivara a visão espiritual da vida, então permanecera na cegueira espiritual até ele mesmo, pela prece, romper o véu e em sua frente surgir o iluminado mensageiro espiritual Clarêncio.

- Vocês relatam no livro sobre a surpresa e desconforto do Chico Xavier com alguns detalhes trazidos por André Luiz. Considerando isso, se o Chico, que tinha familiaridade com o mundo espiritual, teve dúvidas, não é justificado tal sentimento nas demais pessoas?

Sidney: Sem dúvida. Embora o esquecimento das novas encarnações deva ser considerado uma bênção, para que determinados ajustes pessoais ocorram de maneira menos penosa, ele nos provoca a sensação do “novo” em várias situações, certamente já vivenciadas no passado. Recordações inatas nos auxiliam no enfrentamento dessas “novidades”.

Aylton: Acho que é compreensível a existência dessa dúvida. A vida espiritual, por outras religiões é apresentada de forma nebulosa e quando surge relato de um mundo espiritual organizado, real, concreto, isso é surpreendente. Então varia a vivência espiritual de cada um. Conheço pessoas que, de imediato, aceitaram e se encantaram, outras, mesmo espíritas, estudiosas das obras codificadas por Allan Kardec, tiveram dificuldades em assimilar essa “concretude”. Outras, ainda, estudiosas do Espiritismo, não as aceitam. É o livre-arbítrio e a maturidade norteando a receptividade.

- Durante o tempo em que trabalharam nesse empreendimento, vocês receberam alguma comunicação espiritual relacionada a essa tarefa, ou alguma forma de ajuda espiritual?

Sidney: O personagem Ney surgiu, sem dúvida, da inspiração do plano espiritual. A minha intenção era, simplesmente, de elaborar texto introdutório para a obra. Aylton encantou-se com o personagem e sugeriu sua criação.

Aylton: Ostensiva, não. Porém, desde que a ideia inicial em mim surgiu, senti que era uma tarefa espiritual que chegava. Depois, a ideia de partilhar o projeto com Sidney, em seguida o encontro “casual” em um shopping, na cidade de Bauru. Mesmo na facilidade e a fluência para escrever, não posso negar a ação da espiritualidade.

- Para finalizar, solicito que informem se possuem planos para novas tarefas conjuntas e, como de praxe, apresentem suas despedidas ao leitor.

Sidney: Os autores sempre estão e estarão dispostos a novos empreendimentos. Aproveito este momento para agradecer a confiança da Editora CEAC – do Centro Espírita Amor e Caridade de Bauru –, à assistência da espiritualidade, que jamais faltou durante o desenvolvimento do projeto e à generosa aceitação do público leitor, que absorveu a primeira edição do livro no primeiro dia de seu lançamento.

Aylton: Para mim esse primeiro livro faz parte de um projeto. Já estou iniciando as reflexões sobre o livro Os Mensageiros, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Penso que é preciso estimular o estudo e a divulgação dessa série esclarecedora e iluminativa que nos trouxe esse mensageiro espiritual, com o apoio de grande equipe espiritual. Todavia, como Sidney está com muito trabalho no Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, produzindo outros livros e periodicamente faz ciclos de palestras por várias cidades, não sei se ele terá disponibilidade para outra empreitada nesse campo. Ele fará o máximo que lhe seja possível. É um dedicado e competente trabalhador da Seara de Jesus e do Movimento Espírita. Leitor amigo: Encontre De Volta a Nosso Lar, depois siga até “Nosso Lar”, em companhia de André Luiz e do querido Chico Xavier.

 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita