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por Bruno Abreu

 

Para onde olhas?


Ao passar na Terra, Cristo, o Mestre da Vida, deixou-nos como herança apenas uma oração no meio de seus enormes ensinamentos. Passados pouco mais de 1850 anos, a Doutrina Espírita nos vem explicar que os rituais ou cerimoniais são de pouca importância e, muitas das vezes, criadores de um ambiente mitológico que nos embala em uma ilusão “religiosa”, neste caso, empírica de mitologia e fugaz à realidade.

Nos seus ensinamentos, Jesus deixa-nos uma simplicidade que ainda não conseguimos compreender; parece incongruente este paradigma porque a palavra simples deveria descrever algo fácil de compreensão, mas a simplicidade psicológica e/ou moral é de difícil acesso às mentes complicadas da humanidade presente no planeta, que funcionam contrárias a esta humildade de percepção e ação.

Ele nos diz para procurarmos em primeiro lugar o Reino de Deus, e que este não vem de forma exterior, mas está latente dentro de nós. Muitos de nós esperam desencarnar para poderem usufruir deste reino, o que não passa de sua imaginação.

Como a Doutrina Espírita nos explica, o desencarne é uma passagem para o lado espiritual, que alguns de nós permanecerão em zonas mais sombrias por já as vivenciarem deste lado, outros poderão encontrar um pouco de luz como continuação da vida terrena.

Por outras palavras, quem moldar um ser sereno e calmo viverá em paz, seja aonde for, o que nos demonstra que a paz é uma aquisição individual. Oito mil milhões de seres em paz, teremos um planeta maravilhoso, um paraíso construído para desfrutarmos em conjunto.

Como tal, não vale a pena esperar pelo desencarne para melhorar a vida, pois nós somos a vida, essa difícil tarefa tem que ser efetuada agora, no presente, uma vez que este é o tempo em que nós podemos fazer qualquer coisa.

Existe uma ideia errada de que o Budismo não acredita em Deus ou num ser superior. Na verdade, o que Buda aconselha é que não se perca muito tempo a pensar nisso, porque se torna uma ilusão. Dentro de sua Sabedoria tem toda a razão, e reparem que se perguntarmos o que é Deus, e pudemos assistir a essa questão como a primeira questão de O Livro dos Espíritos, é-nos respondido que Deus é a Inteligência Suprema. Na terceira questão nos transmitem também que não temos a capacidade de compreender porque está para além da nossa inteligência, ou seja, de forma simpática, dizem-nos para não perdermos muito tempo com estas questões, já que não temos como compreender nessa forma humana.

E o Espírito? Acham que a resposta é diferente? Claro que não, apenas nos dizem, nas perguntas 23 e 24, que é difícil de ser analisado em nossa linguagem, assim, dão-nos uma ideia que nós transformamos em imagem e pensamos que já sabemos.

O resultado desta ideia é o apego ao ser, como em quase tudo que colocamos as nossas mentes, por pensar que já sabemos.

Nós temos ideia de que somos o Bruno (exemplo) e que este tem um Espírito, ou o Espírito é o Bruno mais profundo. Guardamos em nós uma montagem convencional de que o Espírito são nossos melhores atributos humanos, que nos darão a sobrevivência eterna, mascarando a nossa ignorância.

O ser terreno, o Bruno, não é limitado a uma existência; numa outra reencarnação, ao nascer em outro ponto do globo, terá uma educação diferente, com princípios latentes na sociedade daquela zona. Do Espírito permanece, de uma reencarnação para outra, o fundamento moral.

O Mestre Jesus diz-nos que um dia conheceremos a verdade e ela nos libertará; esta verdade está ligada ao reino de Deus que está em nosso interior, e caminhar em direção a este é conhecer a verdade. Se não conhecemos a verdade, de que forma vivemos? Logicamente, em ilusão.

A psicologia chegou à conclusão de que a realidade de cada um é montada em sua mente. Se é uma realidade diferente a cada pessoa, não poderá ser a verdade de que Jesus nos fala.

O que fica entre nós, seres terrenos, e a verdade?

Nós, é claro, mais nada fica senão nós.

E o que somos nós?

Esse é o maior sentido da existência terrena. A gente vem à Terra quantas vezes necessárias para crescer e evoluir da ignorância. A ignorância são as características humanas que nos colocam na individualidade, separando-nos do restante do grupo psicologicamente, tal como o Egoísmo, o Orgulho, a Vaidade, a Raiva etc., levando-nos a afastar do amor ao próximo e a Deus.

Ao compreendermos isto, tal como Joanna de Ângelis nos explica em sua série psicológica, compreendemos como o nosso ser terreno é vazio e sem sustentação, não passando de um complexo “empedrado” de ideias, que nos parece um ser real pelo apego que despendemos, daí resultarem todas as lutas existentes no planeta, a paixão, a razão de cada um ou de um grupo.

Como poderemos compreender isto?

Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação.

A vigília constante na nossa mente, tarefa extremamente difícil para nós, embora nos pareça simples, é uma forma de atenção, que pode ser desenvolvida com o hábito, e o prêmio, esse é imenso, tal como Joanna de Ângelis descreve: a descoberta dos embustes do Ego!



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita