Brasil
por Carlyne Paiva

Ano 13 - N° 633 - 25 de Agosto de 2019

 

Divaldo Franco: “Quem não vive para servir ainda não aprendeu a viver”


O estimado orador ministrou em Mogi das Cruzes (SP), no mês passado, um seminário sobre o tema “Vazio Existencial”


O Seminário proferido por Divaldo Franco, que ocorreu na Entidade Espírita Cáritas, no dia 26 de julho,  teve a participação intimista de um público de 500 pessoas.

O orador explanou sobre o verdadeiro sentido da vida e o vazio existencial que atinge diversas pessoas na atualidade. Para tanto, o palestrante realizou uma análise, na perspectiva sociológica e histórica, das diversas correntes de pensamento que tiveram como base a busca pela felicidade, mas que também culminaram no adoecimento da sociedade pós-moderna. 

Demócrito,  filósofo pré-socrático, do século V a.C., já mencionava que tudo o que cabe no pensamento é matéria. Voltaire, no século  XVII, iluminista e materialista, ao receber o grau 33 da  Maçonaria, disse: “eu não creio no Deus que os homens criaram, mas no Deus que criou os homens”. No século XIX, Schopenhauer, com sua filosofia pessimista, sugere o suicídio como solução. Também nesse século Nietzsche propõe o niilismo. Em 1917, surge a revolução comunista na Rússia. Para Marx, a religião seria o ópio do povo, cujo intuito seria enganar a massa e, por isso, era necessário acabar com Deus e a religião judaico-cristã, que, na visão dele, pervertia os jovens.

No ano de 1928, na Dinamarca, já se debatia sobre as partículas infinitamente pequenas, com a Teoria da Complementariedade, de Niels Bohr, em que tudo está perfeito, até mesmo o caos. O nacionalismo intenso na Alemanha (1935) desembocou na ascensão de Hitler e, em seguida, na 2ª Guerra Mundial,  iniciada pelo líder nazista, em que 110 milhões de pessoas foram mortas. O existencialista Sartre  lutou contra o nazismo, mas, ao ver  tanta degradação nos religiosos da época, tornou-se materialista. Enquanto se declarava a paz, simultaneamente, as igrejas de Paris ficavam vazias. Em 1947, ocorre a guerra entre as Coreias, em que a Coreia do Norte se faz comunista.

Na década de 60 do século passado, os Beatles iniciaram uma conquista ao mundo com sua música, mas sofreram a angústia de não terem um ideal demarcado. Exemplo disso foi o Woodstock, maior festival de música da história que ocorreu nos 15, 16 e 17 de agosto de 1969. Por meio do som e das letras do rock e também das performances no palco, a contracultura começou a penetrar a sociedade como um todo, no contexto da Guerra Fria, em que os Estado Unidos foram capazes de lançar armas proibidas durante a guerra do Vietnã.

A partir desse retrospecto, Divaldo levou o auditório a refletir sobre a ética, concluindo que quando não se tem ética tem-se o caos.

Em 1980, teve-se o paciente zero da Aids e a sociedade precisou começar a mudar seus hábitos sexuais diante dessa síndrome, pois o sexo desvairado é um instrumento de angústia.

Para ilustrar ainda mais o vazio existencial, Divaldo Franco lançou mão da história narrada por Camus no livro O Estrangeiro. Nela, o personagem Meursault, um homem indiferente à vida e à morte de sua mãe, acaba envolvendo-se em um assassinato por motivo fútil. Segundo o protagonista da obra, tanto faz uma coisa ou outra, pois nada importa no final, há apenas a indiferença de sentimentos.

Divaldo Franco afirmou então que a maioria dos seres humanos, na atualidade, por vezes, em algum instante da vida, sente-se um estrangeiro de si mesmo, com vazio existencial.

Para erradicar o vazio existencial, Divaldo convida seu ouvinte a servir, pois quem não vive para servir ainda não aprendeu a viver. A questão 540 d´O Livro dos Espíritos, que já prenunciava a física quântica, enfatiza a importância do servir, quando os espíritos respondem que “(...) é assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto!”. Logo, fundamentalmente, o objetivo da vida é servir, como Gabriela Mistral, Prêmio Nobel de Literatura em 1945, ilustrou muito bem em seu poema “O prazer de servir”, afirmando que “toda a Natureza é um desejo de serviço”.

Divaldo Franco propõe que se faça uma viagem interior para descobrirmos o sentido da vida. Que se preencha o vazio existencial emitindo boas palavras. Toda vez que vier um pensamento ruim, deve-se trocá-lo por um bom. Pensar no bem, emitindo ondas eletropositivas. Amar, eis o que importa, pois o Amor é latente e está no interior do homem. Estabelecer metas, objetivos, e não se deixar diminuir por aqueles que estão mais atrasados.

O vazio existencial está atrelado ao prelúdio da depressão. Para vencer a depressão, deve-se tomar substâncias que substituam aquelas que não estão sendo produzidas pelos neurônios e que, por isso, desencadeiam a doença. Deve-se, também, oferecer o esforço para curar-se, pois não há terapia que funcione se o paciente não colabora.

O ser humano é fundamentalmente espiritual e, por isso, não se limita às sensações de comer, dormir e fazer sexo. No início, lembrou Divaldo, o homem teve medo da morte e, com isso, surgiu a primeira emoção: o medo. A segunda emoção do ser humano foi a ira e a terceira expressão de sentimento foi o Amor. Como este é uma emoção recente, o medo e a ira ainda assaltam o indivíduo. Por isso, faz-se necessário amar de tal forma como se estivesse amando a si mesmo, redescobrindo o autoamor.

Finalizando sua exposição, Divaldo Franco conclamou a todos a amar como principal antídoto ao vazio existencial,  ponderando que se alguém não gosta de você, o problema é dele. Mas se é você que não ama, o problema é seu. Jesus disse-nos sobre a importância de orar e vigiar. Orar é arar, é estimular coisas boas, dizer a outrem que siga adiante. “Seja você aquele que não permite que ninguém saia do seu lado sem levar algo de bom, pois o importante é não ser inimigo de ninguém”, concluiu o orador.

 

Nota da Autora:

As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas por Edgard Patrocínio.



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita