Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Limites e perseverança...


A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.
 Rudolf Steiner


Educar pressupõe paciência e perseverança.

Desde muito cedo as crianças testam os limites que as rodeiam. Elas identificam, por exemplo, adultos que cedem (facilmente ou não) às suas birras e os que não cedem, elaborando estratégias diferentes para lidar com cada pessoa em cada ocasião… Desse modo, elas vão desenvolvendo suas relações com o mundo. Se a criança entender que certo comportamento a leva a alcançar o que deseja (o chocolate antes do almoço; um brinquedo no supermercado etc.), obviamente voltará a repeti-lo.

Como os pais podem agir? Os pais devem adotar uma postura firme, mas sem desrespeitar ou maltratar o filho.

A criança precisa aprender a lidar com o “não” e a frustração. Na vida, nem sempre nossos desejos podem ser atendidos. Empatia, tolerância, espírito cooperativo dependem desse exercício vivido e repetido arduamente no começo da vida. Quem não viu, na faculdade, um rapaz (ou uma moça) crendo que suas vontades deveriam ser satisfeitas a qualquer custo? Demonstra, em sociedade, um aprendizado distorcido sobre as dinâmicas da liberdade, da autonomia.

No seu livro Mente Absorvente, Maria Montessori anotou: “(…) Deixar a criança fazer porque gosta, quando não desenvolveu ainda nenhum controle, é distorcer a ideia da liberdade.

O resultado que se obtém são crianças desordenadas, porque a ordem que lhes foi imposta estava acima do que poderiam cumprir; preguiçosas, pois foram forçadas a um trabalho para o qual não estavam prontas; e desobedientes, porque sua obediência tinha sido imposta e não construída”.

Trabalhar regras com as crianças é um exercício demorado, que demanda constância, exige tenacidade e presença atenta (pais presentes). Muitas vezes teremos de resgatar as mesmas conversas com nossos filhos,  igual quando ensinamos a eles os hábitos de higiene ou alimentar. Esse é um aprendizado que deve ser estruturado no cotidiano das relações familiares e que depois vai ser estendido ao mundo da escola e das relações sociais. É por meio desse exercício que a criança entenderá que a regra serve para estabelecer os direitos e os deveres de cada um, isto é, o equilíbrio da vida social, não se reduzindo, por isso, somente em mera proibição.

Amar os filhos é desejar que se formem como adultos equilibrados e independentes, logo, não esquecer que a criança é um “ser de promessas”, exigente, por isso e segundo Pestalozzi, de um amor vidente.

Notinha

Se a criança fizer birra e estiver em segurança, “ignore-a”. Mas “ignorar” não significa abandonar, não ligar para sua manifestação: significa que o adulto vai ficar perto da criança e demonstrar que só poderão conversar quando ela se acalmar. E o adulto, pacientemente, deve esperar. Se a birra ocorrer em local público, não ceda à vergonha. Mais importante “do que os outros vão achar” está a formação da educação do seu filho. Explique claramente o motivo do “não” de forma assertiva, para que a criança compreenda as circunstâncias da negação. Mantenha um tom de voz baixo e tranquilo. Não supervalorize a birra, nem se mostre exaltado. Quando a criança perceber que fazer birras não é a melhor estratégia para conseguir o que quer, vai desistir e deixar de manifestar sua contrariedade pelo choro. Ainda, se a criança tiver um padrão de birras sempre que contrariada, mantenha-se firme. Mais cedo ou mais tarde o comportamento vai se alterar e a paciência ganhará vigor. Tente também compreender os sentimentos que motivam a birra; ouça, converse e conforte a criança caso se sinta ansiosa ou com vontade de se expressar. Ajude-a a identificar seus sentimentos pessoais e a lidar com as emoções.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita