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por Wellington Balbo

 

Por que ideias não espíritas são ensinadas nos centros espíritas?


Pode ser que ao ler o título deste texto você imagine que se trata de uma espécie de censura ou proibição a alguma ideia veiculada no centro espírita. Por isso, faço o convite para que prossiga na leitura, pois, adianto, não se trata de censura ou proibição de qualquer coisa.

Kardec ensinou que o Espiritismo é uma doutrina dinâmica, que progride conforme o avanço da Ciência e a observância de alguns pontos deixados pelo próprio Kardec, sendo a universalidade do ensino dos Espíritos um deles, o que equivale dizer o seguinte: ideias novas para serem acopladas ao conhecimento espírita carecem de receber o aval dos mais variados Espíritos e por diferentes médiuns em diversos lugares do mundo, além de fazerem sentido obedecendo a uma rigorosa lógica.

E o mundo avançou um bocado entre o século XIX e o início deste século XXI. Está tudo bem diferente da época de Kardec, portanto, questões novas surgem, sejam vindas da Ciência, da modificação dos costumes da sociedade ou mesmo da literatura mediúnica trazendo, claro, posicionamentos e opiniões de espíritas sobre temas que não foram abordados por Kardec, mas que podem e devem ser analisados.

E neste assunto, em geral, temos duas posições, sendo:

1 – A turma que diz: “Não há em Kardec”.

2 – A turma que aceita tudo sem passar pelo método de Kardec.

Vamos ao modelo 01: “Não há em Kardec”.

Sim, não há em Kardec, mas ele informou que o Espiritismo em sua época não abarcaria tudo (claro, impossível!) e que caberia aos espíritas prosseguir o trabalho de descoberta no que se refere à Ciência Espírita.

Aos homens compete o trabalho de fazer com que a obra de Kardec progrida.

Mas os homens deste modelo 01 pararam, acomodados de que tudo está pronto.

Vamos ao modelo 02: “A turma que aceita tudo sem passar pelo método de Kardec”.

Para os homens do modelo 02 foi esquecida a metodologia aplicada pelo próprio Kardec no que tange aos fenômenos espíritas. Os indivíduos do modelo 02 não aplicam nada, não testam nada, não observam resultados, não comparam e, então, aceitam tudo que vem dos Espíritos.

Na atualidade, todo tipo de ideia é celebrada como uma ideia espírita apenas porque veio de algum Espírito, o que é um equívoco, pois Kardec informa em sua obra que a opinião de um Espírito não tem o valor da verdade espírita.

E, definitivamente, uma ideia proferida por um Espírito, médium, pensador, dirigente ou orador espírita é apenas uma ideia, que pode até ser boa, mas não necessariamente chamada de uma ideia espírita, não sem antes passar pelos critérios estabelecidos por Kardec.

E os critérios se fazem necessários para não confundir aqueles que iniciam seus estudos espíritas.

Até entendo a busca por novidades, considero, aliás, essa busca uma propulsora do progresso espírita, o que não entendo é a pressa em ensinar ideias ainda não assumidas como espíritas no centro espírita, até porque ainda há muito a estudar e aprender sobre as lições trazidas por Kardec.

Portanto, com equilíbrio e método, paciência e observação poderemos colaborar para que as ideias espíritas progridam e dialoguem com o tempo e as questões atuais que tantas dúvidas suscitam.

Pensemos nisto.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita