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por Altamirando Carneiro

 
Conceito de fé

Todas as religiões trabalham com a fé. Todo ser humano, de uma maneira ou de outra, sente e tem fé. Contudo, o conceito de algumas religiões de que a fé é uma graça especial concedida por Deus aos crentes, não só pertence ao passado, como tem uma interpretação errônea e profundamente injusta da visão da Justiça Divina.
O marcante na Fé é o dom, sem dúvida, mas a relação de Deus com os que cultivam a fé é de doação em caráter universal, jamais manifestada na estreiteza dos homens. Como poderia Deus, Pai Supremo de todas as criaturas, fonte da Vida e do Amor, determinar que apenas algumas criaturas possam receber o dom fundamental da fé, sem o qual o homem jamais alçaria voo até Ele, em suas rogativas?
O Espiritismo, em sua essência, coloca o conceito de fé em primeiro lugar, na busca da razão, o que equivale dizer sem fantasias e privilégios que a fé nos é dada como semente e que cabe a cada um cultivá-la e desenvolvê-la como conquista do Espírito, pois, uma vez conquistada, iluminará, antes de tudo, nosso entendimento espiritual.
Ninguém está separado da natureza humana, nem tão pouco da natureza divina, pois ninguém se perde ou está condenado para sempre, mesmo que não tenha fé, pois até mesmo o materialista, o ateu - que só tem fé em si mesmo -, apenas não conheceu ainda o Sol que brilha nas almas, mas basta-lhe descortinar o horizonte com a luz da razão para ressuscitá-lo do túmulo, a exemplo de Lázaro ante a voz do Cristo.
Fé e razão, ensina o Espiritismo, são luzes que nos livram das trevas da ignorância, da superstição e do sectarismo religioso. Deus está em nós com a sua justiça, a nos dar a cada dia que nasce novas oportunidades de renovação e entendimento, mas, fundamentalmente, com a misericórdia de suas leis, iluminada pela nossa fé.

Sobre a fé, Alfredo Miguel escreveu o soneto abaixo:
 


A fé veraz, iluminada e ativa,
É aquela que se estriba na razão,
Sucedânea dessa velha fé passiva,
Que o fanatismo ainda prega em vão.

Fecunda, diligente, construtiva,
Portadora de amor e de perdão,
A nova fé, alentadora e viva,
Nos fortalece a mente e o coração.

A fé arcaica, irracional, sem luz,
Que no passado, em nome de Jesus,
Perseguiu a virtude e a inocência,

Há tempos projetou-se no ostracismo,
Desde que o divino Espiritismo
Firmou o seu consórcio com a Ciência.
 


Alfredo Miguel nasceu em 24 de agosto de 1902, na cidade do Cabo (PE) e desencarnou em 10 de março de 1985, em Salvador (BA). 


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita