Artigos

por Rosana de Deus e Costa e
Wagner Lopes Ricarte

 

Família e progresso


Designa-se por família o conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar. Uma família tradicional é normalmente formada pelo pai e mãe, unidos por matrimônio ou união de fato, e por um ou mais filhos, compondo uma família nuclear ou elementar. Sabemos que este conceito de família já passou por mudanças significativas: evoluíram os pensamentos, diversificaram os tipos de união, mas as formas de se manter essa união continuam as mesmas, dentre as quais destacamos a paciência, a tolerância, o afeto, o amor.

Quando vemos uma família bem formada, pais religiosos da seara do Cristo, filho cursando universidade e filha coesa com os pensamentos dos pais, o mais fácil a se pensar é que, sim, esta é uma família feliz. Mas nem sempre isso acontece, constantemente ouvimos, por intermédio dos meios de comunicação, as intercorrências entre pais e filhos, acarretando fatalidades dos genitores, mesmo em grupos familiares abastados.

As tragédias atualmente noticiadas chocam e promovem expressões de horror a todas os leitores, além de muitas interrogações. O que pode realmente ter acontecido com essas famílias? Conflitos de interesses, intolerância religiosa, não aceitação de uma tendência sexual ou homossexualidade, loucura? Não, isto não nos cabe julgar, e sim fazermos os questionamentos corretos para respostas acertadas. E o que a doutrina espírita nos traz de esclarecimentos sobre a construção familiar? E mais ainda, por que a família é o melhor e o maior campo de aprendizado e burilamento que um Espírito em plena evolução pode ter?

“Identifiquemos no lar a escola viva da alma”, assim Emmanuel nos responde na obra Vida e Sexo, iniciando nova interpretação dos fatos. Já na fonte fecunda, de que é O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos também esclarecimentos para tão sensíveis questionamentos a seguir discriminados:

“No seio da Terra, o homem é a criatura que mais solicita cuidados da família ao nascer e para se desenvolver. Nela o princípio da reencarnação funciona, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação do mundo espiritual, em que dois seres se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto. Surge, então, o lar, que garante os alicerces da civilização. Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis Divinas”.

A reencarnação é a grande oportunidade de atingir o objetivo do progresso, conforme a doutrina espírita nos esclarece. Antes do nascimento, no estado de erraticidade, além do planejamento reencarnatório que alguns Espíritos se propõem desenvolver, é escolhido um núcleo familiar para o Espírito obter aprendizados e ajudá-lo a ascender na escala evolutiva.

Na arena terrestre, é justo que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas esferas superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de experiência, volvidos à reencarnação para fins de progresso e burilamento. E, em O Evangelho segundo o Espiritismo, item 11, cap. V, os Espíritos informam: “o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito…”.

No caso em questão, podemos inferir que essa família, em seus relacionamentos, pais e filhos com comportamentos conflituosos ainda em burilamento, não conseguiu o ajustamento necessário para atingir as propostas anteriormente prometidas. Frente a isso Emmanuel esclarece na obra Vida e Sexo:“Apesar disso, importa reconhecer que o clã familiar evolve incessantemente para obrar mais amplos conceitos de vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma. Temos, dessa forma, no instituto doméstico, uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do Mundo Melhor”.

A capacidade do Espírito encarnado de interagir com o próximo, exercitando a benevolência, fruto do amor direcionado a ele, mesmo sendo ele aparentemente causa de conflitos familiares, produzirá a afabilidade e a doçura, qualidades que tanto contribuem para que o convívio no lar seja mais ameno e prazeroso. Sendo assim, a compreensão e a aceitação das individualidades de cada um, membro familiar, farão parte de seu dia a dia e frutificarão em uma sociedade sedenta de amor.

 

Referências bibliográficas:

Significado de família - https://bit.ly/2C53hsu

Correio Braziliense - https://bit.ly/2JyVnK3

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013.

XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970.


Este artigo foi contemplado no concurso “A Doutrina Explica”, ocorrido em 2018, promovido na turma do Curso de Palestrantes Espíritas do Distrito Federal, na Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF). Os autores são palestrantes espíritas radicados no Distrito Federal.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita