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por Jane Martins Vilela

 

Caminhos da vitória


“Sou o grande médico das almas, e venho vos trazer o remédio que deve curá-las; os fracos, os sofredores e os doentes são meus filhos prediletos e venho salvá-los. Vinde, pois a mim, todos vós que sofreis e estais sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados.” –  O Espírito de Verdade (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI.)


Os grandes Espíritos se revelam em sua trajetória humana. Temos visto e conhecido muitos ao longo do tempo. Pessoas que estão em provações imensas, que dão exemplos de superação. Vencem acidentes vasculares cerebrais, que os prostraram em leitos, fazem fisioterapia e se recuperam, de modo incrível. Vencem cânceres, dando mostra de coragem, mesmo quando tudo parece conspirar contra eles. Estão paralisados muitos em cadeiras de rodas e sorriem e seguem; outros, na cegueira, outros em provações diversas seguem firmes.

Há pouco tempo conversamos com uma senhora cadeirante, com um humor incrível, que nos revelou que muitas pessoas, ao verem sua disposição de ânimo, já lhe disseram que ela é tão feliz que não sabe o que é sofrer. Ela disse que essas pessoas que assim lhe falam não sabem o que dizem e o que ela passa, portanto, ela segue em frente, sem se preocupar com o que lhe falam.  Ela nos fez lembrar de Jerônimo Mendonça, “o gigante deitado”. Também ele era um ser que educava os demais através de seu exemplo. Consta no livro que tem esse apelido referido, “O Gigante Deitado”, uma história de que um homem muito rico, que tinha perdido todos os bens materiais e que por isso estava em falência moral, o foi procurar em Ituiutaba, Minas Gerais, sua cidade natal. Ao ouvir as risadas do Jerônimo, imaginou que havia perdido seu tempo indo procurá-lo, pois ele era muito feliz e, assim, não sabia o que era sofrer.

O homem estava cego em seu egoísmo. Foi preciso o Jerônimo despertá-lo.

Jerônimo lhe perguntou, se ele pudesse receber seus bens de volta, se estaria disposto a dar em troca seus olhos. O homem achou isso um absurdo. Os olhos são muito preciosos. Um braço, então... Outro absurdo, uma loucura, no entender do homem. Uma perna, então, em troca dos bens... Outro absurdo. Pois bem – disse-lhe Jerônimo – era ele então um homem bem-aventurado, pois tinha olhos que podiam ver, braços e pernas que funcionavam, e queria morrer por perder seus bens materiais? Pois se não estava disposto a dar nenhum deles em troca dos bens, como acabar então com a própria vida por isso? O homem despertou. Jerônimo não tinha nada disso. Era cego, braços e pernas paralisados, imóvel no leito, uma cama ortopédica, e ria… Aquele que fora rico e tudo perdera modificou sua vida. Tornou-se um servidor do bem.

O Espiritismo dá coragem, é libertador, mas nem sempre os exemplos de superação que observamos estão nas fileiras do Espiritismo. A bem da verdade, a grande maioria não está. E conseguem ser modelos para os demais. Modelos de força e de coragem. Imaginamos quão mais poderiam fazer se tivessem o coração movido pela esperança de que todos os sofrimentos são passageiros e que caminharão para a vitória sobre si mesmos na vivência da resignação! Temos, no entanto, a certeza de que estão com essa mensagem impressa em seu interior, de que são modelos vivos para os homens, pois sabem exemplificar bem!

Jerônimo, com sua inteligência e capacidade brilhantes, obtinha sua força e coragem no conhecimento espírita. Sabia que suas dores eram temporárias e que, no final, quando libertado do corpo físico cheio de dificuldades, seu Espírito planaria livre de todas as adversidades. Foi o que ocorreu. Vencida a dor, eis que o Espírito se tornou a luz que ele próprio edificou em sua marcha de exemplificação, de resignação e fé!

Assim caminha a humanidade. De aprendizado em aprendizado vamos nos tornando melhores em cada etapa, em cada reencarnação.

Vemos, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 167, a pergunta de Allan Kardec aos Espíritos: Qual é a finalidade da reencarnação? E a resposta curta e lúcida: - Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?

Na subsequente, 168, pergunta ele se o número das existências corpóreas é limitado, ou se o Espírito se reencarna perpetuamente. Os Espíritos respondem que a cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do progresso; e quando se despojou de todas as impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea.

Felizes são os que passam suas provações com resignação e fé, com amor a Deus, apesar de suas dores! São exemplos para quem os observa. São dignos de admiração. São aqueles que hoje mostram a superação em todos os níveis, com muita coragem. Estão edificando um reino de paz para si mesmos e mostrando aos outros o poder da vontade firme. São anônimos na multidão, ou são esses atletas maravilhosos que demonstram que estão vivos!

Quantos há que se entregam ao desânimo, à depressão, por lhes faltar a coragem precisa na hora do testemunho? Precisariam atentar mais nos modelos, como o homem falido que foi procurar o Jerônimo e se modificou. Os modelos estão por aí. Atentemos. Podem estar ao nosso lado.

O modelo maior de todos nós é Jesus. Exemplificou até o final e, além da morte, voltando para os companheiros aflitos, demonstrou a eles que a morte não é o fim, mas sim a libertação e a volta à realidade, à vida imortal do Espírito livre.

Confiemos e sigamos com coragem. Jesus está conosco.

Caminhemos intimoratos para a vitória! Confiemos e sigamos resignados ante todas as provações, pois essas hão de passar! Continuemos a oração da vida bem vivida com amor a Deus e ao próximo, não importam quais sejam as condições em que nos encontremos. 


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita