O que nos falta?

Naturalmente, buscando nos colocar como estudantes da doutrina espírita e, mais que isso, como aspirantes a aprendizes da vida, em busca de sucesso no nosso processo de reforma íntima, poderíamos e deveríamos nos perguntar: o que nos falta para caminhar com Jesus?

Exemplos temos aos montes de Espíritos iluminados que periodicamente visitam o nosso globo e dão o seu exemplo de vida digna e, portanto, de vida cristã. Poderíamos, não obstante isso, alegar ignorância quanto ao rumo que devemos tomar e nos manter? Ou como executar tais objetivos?

Primeiramente, seria interessante lembrar que, através do determinismo divino, somos chamados a todo momento às obrigações previamente assumidas no plano espiritual em prol da nossa própria evolução espiritual. É desnecessária, portanto, a busca sem sentido que mais se identifica com uma fuga ou fascinação, de atividades grandiosas, no sentido espetaculoso do termo, para preencher nossa existência. Todo aquele que diante de sua família e sociedade age com respeito e dignidade, cumprindo suas obrigações diárias e trabalhando para sublimar suas más tendências, canalizando suas energias para boas atividades, está no caminho cristão.

Mas que ninguém espere, por se ter alistado numa escola religiosa, algum tipo de privilégio ou facilidades na vida. O próprio Cristo e todos os seus enviados aqui passaram por situações tão difíceis que a maioria de nós não teria condições de suportar. O que podemos esperar, com toda a certeza de receber, é a força necessária para transpor estes obstáculos e aprender com eles, assim como suportar situações que não nos é dado ainda modificar.

Além do que, a própria natureza de nosso mundo - categoria de provas e expiações - deixa claro que as dificuldades e muitas tristezas, inclusive, são ferramentas deste para a nossa evolução. A maneira como as encaramos e lidamos com elas é que fará toda a diferença.

Podemos concluir que temos tudo de que precisamos para caminhar com Jesus, seguindo seus ensinamentos e já sendo capazes de compreender esses ensinamentos a nós ofertados por Ele. Basta, para isso, a perseverança no caminho da luz, que implica necessariamente iluminar caminhos, seja da família consanguínea ou da família humana, segundo nossas possibilidades. E que não tenhamos, com isso, a presunção de perfeição própria de imediato.

Ainda assim, a pergunta que intitula este despretensioso texto deve ser repetida a nós mesmos, quando nos soar a dúvida sobre o que estamos fazendo com a oportunidade da reencarnação, cujo intuito é o de nos despertar para o fato de que, se nos falta algo, é apenas a boa vontade, como nos elucida a questão 909 de O Livro dos Espíritos: "Poderia sempre o homem, por sua vontade, vencer suas más inclinações? Resposta: Sim, e com esforços insignificantes. O que vos falta é vontade. Ah! poucos de vós fazem esforços".