Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 13 - N° 623 - 16 de Junho de 2019

 

Divaldo Franco: “Nossas vidas não devem ser vazias, inúteis; estamos na Terra para servir”


Em seu périplo pela Europa, o conhecido orador esteve na Itália, onde falou aos espíritas de Roma e Milão


No dia 27 de maio, mais uma vez Divaldo Franco esteve em Roma, a convite e sob os auspícios do Grupo di Roma Allan Kardec- GRAK, onde ele e seu amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez Mantilla falaram a um público numeroso que lotou o belo salão de conferências do BV Oly Hotel.

Iniciando as atividades, Juan Danilo abordou, com muita propriedade, a temática Autismo: O Amor em Silêncio, apresentando muitos esclarecimentos que prenderam a atenção de todos. Com muita simplicidade, Dr. Juan foi elucidando diversos pontos ainda pouco explorados sobre o Autismo, que tem crescido muito nos últimos tempos, alcançando, hoje, a proporção de um autista para cada sessenta pessoas. O autismo, ao contrário do que muitos pensam, não é uma doença, é um espectro que possui muitos matizes, muitas nuances, tornando o diagnóstico algo bastante desafiador. Todo autista é possuidor de alguma faculdade especial, nem sempre detectada e estimulada por pais e cuidadores, afirmou Juan. Com grande habilidade, o querido amigo, narrou algumas experiências riquíssimas de consultório que ajudaram na compreensão do complexo tema, dirimindo muitas dúvidas e desfazendo equívocos acerca desta temática.

“Vidas Vazias”, o tema da palestra em Roma

Na sequência, Divaldo Franco assumiu a tribuna e desenvolveu o tema: Vidas Vazias, asseverando que nas últimas décadas o ser humano conseguiu penetrar nas micropartículas, realizando extraordinárias conquistas tecnológicas e, no entanto, a sociedade atual se encontra vazia de sentido existencial. O homem moderno mata pelo prazer de matar. Em alguns países, a violência urbana ceifa milhares de vidas, alcançando índices alarmantes. Assim, inquiriu o nobre orador e humanista: o que está havendo com o ser humano?

Preocupados em triunfar em seu exterior, o homem e a mulher atuais não pensam em triunfar sobre as suas próprias más inclinações. Vivem, desta forma, em uma sociedade sem freios, em busca do gozo imediato, do que proporciona maior lucro, mesmo que não preencha as necessidades emocionais. A vida de cada ser humano, afirmou Divaldo, deve ter o sentido de viver para ser feliz. O amor é a alma da vida, e a vida, a alma do amor. Jesus, declarou o lúcido orador visivelmente inspirado, é o filósofo da luz, não é o homem crucificado, é o amigo dos que choram, daqueles que perderam tudo, menos o direito de amar.

Neste momento, a emoção tomou conta de todos, pois falando ao coração, este trabalhador de Jesus, acostumado às misérias humanas, parece penetrar na intimidade dos que o ouvem, para extrair o que há de melhor em cada um, impulsionando-os para um novo amanhecer. Por muito amar, Divaldo atravessa oceanos para levar a palavra de Jesus.

Encontro com os espíritas de Roma

Na tarde do dia 28 de maio, Divaldo Pereira Franco e Juan Danilo Rodríguez Mantilla estiveram visitando a pequena sede do Grupo di Roma Allan Kardec - GRAK, em Roma, onde foi possível a convivência saudável e renovadora entre os trabalhadores espíritas que ali labutam. Foram momentos enriquecedores, pois em um primeiro momento, Juan Danilo abordou a temática do amor, afirmando que todos estão nas mãos do amor. Corroborando, discorreu sobre o seu próprio exemplo, que órfão de pai e mãe, contou com o amor de uma terceira pessoa, uma vovozinha amorosa que lhe acolheu como filho amado. Dr. Juan Danilo também evidenciou o quanto é importante amar a si mesmo para poder amar aos outros, questionando: Embora estando nas mãos do amor, nós amamos?

Reflexionando sobre a Doutrina Espírita, esclareceu que o Espiritismo é uma poderosa filosofia que auxilia o ser humano a elevar as sensações através da razão, em primeiro lugar, seguido pelos sentimentos. Outro ponto destacado foi a intuição, que é a porta de entrada da mediunidade, que necessita ser treinada, com dedicação e disciplina. Abordou, com a mesma ênfase, a questão 132 de O Livro dos Espíritos, referente à Reencarnação, e com muita habilidade discorreu sobre o amor de Deus a todas as suas criaturas, asseverando que as provas e as expiações são ações propiciadoras da evolução do Espírito no estágio em que ainda se encontra.

Na sequência, Divaldo Franco narrou a belíssima história, real, contida na autobiografia de Elizabeth Gladich. É a história emocionante e altamente comovente de Elisabeth, a Calhandra e Madame Schumann-Heink, o maior contralto que a humanidade jamais teve. A narrativa, com incrível riqueza de detalhes, teve o dom de emocionar todos os presentes. Aproveitando o clima de emoção que tomou conta dos presentes, Divaldo Franco, com a habilidade de quem está acostumado com as questões que afligem o ser humano, afirmou que Deus disse a cada um de nós, vai e serve, abre as portas do teu coração ao serviço no bem, se possível, ajuda a trazer Deus ao coração de quem não O conhece ou O abandonou. “Nossas vidas, asseverou o servidor de Jesus, não devem ser vazias, inúteis; nós estamos na Terra para servir, cada qual dentro de suas possibilidades; somos de certa forma as mãos de Deus.”

Finalizando o singelo encontro, no trabalho de auxiliar na renovação dos que ali estavam, Divaldo Franco fez uma significativa comparação, afirmando que Roma possui alguns dos mais suntuosos templos da humanidade, no entanto, ali estavam, em um pequeno grupo de espíritas, em uma minúscula sala, que faz lembrar, por analogia, a pequena e humilde manjedoura que abrigou o Rei Solar, Jesus.

As emoções envolveram todo o ambiente, todos visivelmente emocionados, não continham a alegria do reencontro, que logo foi encerrado com sentida oração, porque aquele que semeia, saiu e prossegue semeando, e, nesta quarta-feira, muito cedo a estação de trens de Roma já irá encontrar o dedicado trabalhador e pacifista Divaldo Franco se dirigindo à cidade de Milão, Itália, juntamente com os amigos que o acompanham nesta meritória e profícua atividade de divulgação do Espiritismo.

Entrevista e palestra na cidade de Milão

Na manhã do dia 30 de maio, esta quinta-feira, já em Milão, Divaldo Franco, Juan Danilo e amigos, nas dependências do Hotel Michelangelo, deram entrevista à conceituada revista CARAS, da Itália. Divaldo e Juan Danilo tiveram a oportunidade de discorrer sobre o trabalho de Divulgação do Espiritismo e da obra fantástica de educação e assistência aos necessitados e que são prestados aos acolhidos pela Mansão do Caminho, obra assistencial do Centro Espírita Caminho da Redenção.

Com o carisma que lhe é habitual, Divaldo Franco detalhou o seu trabalho, que vem sendo realizado ao longo de mais de setenta anos, ao tempo em que apresentou os principais aspectos da Doutrina Espírita, a bússola de sua vida, iluminado pela Luz do Evangelho de Jesus. Divaldo Franco, aos 92 anos de idade, com um dinamismo incomparável, é um jovem trabalhador entusiasmado, estimulado e estimulador, amando profundamente o seu semelhante, é um exemplo de dedicação à causa do bem, plantando a semente da Boa Nova nos corações e mentes dos que buscam a autoiluminação, a felicidade.

À noite, nas dependências do hotel Michelangelo, Divaldo Franco, acompanhado pelo Dr. Juan Danilo e demais amigos, abordou a temática das Vidas Vazias.

Uma plateia de quinhentas pessoas lotou o belo salão, fazendo um contraste com um recuado momento quando, há quarenta e seis anos, Divaldo chegara à cidade para pregar o Evangelho de Jesus, por primeira vez em Milão, para um pequeno grupo de pessoas desejosas de conhecer a Boa Nova.

O evento de agora, 30 de maio de 2019, se constituiu em uma noite encantadora. O belo e envolvente momento artístico contou com apresentações do tenor Maécio Gomes, que encantou com sua bela voz, e Alessandro Marini no teclado, configurando um harmonioso momento. Destacando o trabalho e a vida do humanista e Embaixador da Paz no Mundo, foi apresentado o trailer do filme sobre Divaldo Franco, pelo próprio diretor, Clóvis Mello, que sensibilizou os presentes com suas palavras. Em seguida Juan Danilo Rodrígez Mantilla saudou o público em nome da Mansão do Caminho, apresentando suas considerações sobre o trabalho no bem, o amor e a caridade, que não permitem o vazio existencial.

Divaldo Franco, dirigindo-se ao público atento, afirmou que a angústia predomina atualmente no mundo e, que apesar de o ser humano estar em busca da compreensão do grande enigma do cosmo, de penetrar nas micropartículas, descobrindo as energias, ainda não conseguiu lograr viver a cultura do amor. Apresentando uma síntese da evolução do pensamento humano, citou Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, autor de Assim Falava Zaratustra. O Semeador de Estrelas também discorreu sobre as variadas doutrinas materialistas, e a vivência do prazer, da extravagância e do gozo, vivendo o aqui e o agora, alcançando o atual período, o da vida vazia, apresentando, assim, o panorama experimentado pelo homem.

O lúcido orador questionou sobre qual a razão de tanta decadência ética, por que tanto sofrimento, por que os maus prosperam enquanto os bons sofrem? Qual, afinal, o sentido da vida? Contribuindo para a equação destas questões, Divaldo Franco discorreu sobre as conclusões a que chegou o Dr. Rollo May (1909-1994), psicólogo e teólogo americano, que afirmava ser o homem moderno vítima de três fatores decadentes, o Individualismo, o Sexismo e oConsumismo, demonstrando a urgência em despertar para a vivência do amor, pois quem não ama, ainda não começou a viver, ainda vegeta.

O cativante orador ressaltou o ensinamento ministrado pelo maior psicoterapeuta da humanidade, Jesus, que convida amar a Deus sobre todas as coisas, ao próximo e a si mesmo, evidenciando o significado do autoamor, afinal, quem não se ama, dificilmente logrará amar a outrem, quiçá a Deus.

Sempre jovial, Divaldo foi conduzindo sua narrativa, apresentando exemplos de sua vida, provocando risos saudáveis a todo momento, descontraindo, fazendo as pessoas desarmarem-se. Com frequência foi interrompido pelos aplausos, tão genuínas são as suas palavras. Ele é alguém que fala direto ao coração, suas palavras são ricas de encantamento, de simplicidade, porém recheadas pela vivência do amor. Estimulando a busca do autoaperfeiçoamento, afirmou que quando o ser humano muda para melhor, a vida muda e, assim, muda o mundo. A oração, asseverou, é o veículo para se falar com Deus, abrindo a alma, que se esvazia de ego para preencher-se de felicidade.

Foi, de fato, uma noite memorável, todos estavam jubilosos pela oportunidade, mas o seareiro, logo se recolheu, pois afinal, na madrugada seguinte, ele rumaria para Colônia, na Alemanha, para o tradicional Congresso na pequena cidade de Bad Honnef.

 

Nota do Autor:

As fotos que ilustram esta reportagem são de autoria de Jaqueline Medeiros.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita