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por Estênio Negreiros

 
Quando nos tornaremos um mundo de regeneração e de plena paz?


Conforta-nos o ensinamento da Doutrina Espírita de que a Terra, um dia, passará de um lugar de duras provas e expiações, uma habitação fria e temporária, para um lugar de refrigério, de repouso e de regeneração para os que nela habitarem. Allan Kardec vaticinara essas afirmações em O Livro dos Espíritos, escrito em 1857.

De fato, é inegável o progresso, não somente tecnológico, mas também moral, experimentado pelos Espíritos que aqui têm reencarnado desde o aparecimento do primeiro hominídeo em nosso Planeta, criado pela Sabedoria Divina há cerca de 4,5 bilhões de anos, conforme afirmações científicas.

Daqueles remotos tempos até aqui, quantas transformações o Homem tem experimentado... Transformações lentas, mas graduais, seguindo o infalível roteiro das leis naturais, que não queimam etapas nem atropelam o seu curso.

Chegados aos tempos atuais podemos comprovar uma verdade insofismável: o nosso avanço moral não tem caminhado no mesmo passo do desenvolvimento científico e tecnológico, o que é profundamente lamentável. Essa aceleração no desenvolver da Ciência e da Tecnologia deu-se, a meu ver, principalmente nos últimos cinquenta anos, com destaque para o campo das comunicações, que se tornaram incrivelmente velozes com o advento da Internet, quando uma informação percorre o mundo inteiro em questão de segundos.

Infelizmente, não se vê ocorrer igualmente na nossa elevação moral, em que pese o nosso tímido avanço nesse aspecto. Predomina, ainda, entre nós, a matriz de todos os males - o egoísmo -, que reboca todas as outras desvirtudes
Os valores morais são parcamente cultivados. Valoriza-se muito mais o ter do que o ser. Caminhamos alegremente de braços dados com o orgulho, com a vaidade, com o hedonismo, com a corrupção, com os vícios de todos os matizes.

Despreza-se o lustrar o Espírito com qualidades que nos elevem moralmente; desvaloriza-se a educação; fazemos pouco caso da existência de Deus, cultuando-se muito mais a Ciência, como se ela fosse a causa de tudo e não o efeito que emana da Sabedoria Divina, ignorando-se que tudo o que ela descobre ou cria é fruto da inspiração dos engenheiros siderais, mandatários do Senhor do Universo.

Dizem que tempo e espaço são medidos diferentemente no mundo espiritual e no mundo material. De todo modo, creio que a comparação vai além da nossa limitada compreensão.

Faço essa menção para especular sobre a afirmação de Kardec, em 1857, de que estaríamos perto de ver este nosso jovem Planeta deixando de ser um mundo de dores e de sofrimentos para tornar-se um lugar de pouso e de repouso para os Espíritos estropiados que aqui refarão suas forças. Se o Codificador estiver certo em sua previsão, parece-me que esse desiderato ainda está muito longe de se concretizar, antes que ainda se passem muitos séculos contados pelo tempo deste nosso mundo.

Já lá se vão, neste ano de 2019, cento e sessenta e dois anos da previsão do Codificador e, a meu ver, pouco avançamos moralmente, pois, ao contrário, os fatos demonstram que involuímos, haja vista que, ainda assistimos a nações guerreando entre si, gastando bilhões de dólares a cada ano na construção de artefatos belicosos mortais, visando à destruição dos seus antagonistas com o intuito exclusivo do mando, do domínio, ceifando milhares de vidas em suas escaramuças guerreiras; convivemos com a degradação dos costumes; com  o avanço do vício e da libertinagem; com o aumento espantoso da drogadição, estimulado pela  conivência de leis brandas que a descriminaliza, servindo de motor para todo tipo de crimes; com a corrupção predominando entre os mandatários dos povos da Terra; perseguimos obsessivamente a eterna juventude com o culto exagerado à perfeição do nosso corpo material, inconformados com as imperfeições dos nossos invólucros carnais, tão cuidadosamente por nós escolhidas antes de reencarnarmos e sob a orientação dos nossos mentores siderais e sempre tendo em vista as nossas necessidades espirituais na busca do aperfeiçoamento moral. Perdeu-se, enfim, o senso moral.

Por todo o exposto, parece-me coerente vaticinar-se que muito tempo ainda demandará para que a previsão de Allan Kardec se concretize. Resta-nos elevarmos nossas preces constantes a Deus pedindo-Lhe que nos encoraje sempre na difícil subida da montanha da elevação moral, pois somente esta virtude conferirá ao nosso Planeta o honroso atributo de mundo de regeneração e de plena paz para os que nele vierem habitar.


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita