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por Ricardo Orestes Forni

 
Como vai o seu interior?


“Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova, dia a dia.” – Paulo. (II Coríntios, 4:16)


Na atual fase que o nosso país e o mundo atravessam, precisamos refletir bem nas palavras de Paulo para que tenhamos bem claro a que se referia ele quanto à corrupção do homem exterior. Tinha o apóstolo dos Gentios total autoridade para fazer tal afirmativa que legou aos Coríntios. Paulo vivenciou essa realidade quando levou a Boa Nova aos povos não judeus. Homem inteligente, muito bem conceituado entre o próprio povo, respeitado até mesmo pelos dominadores romanos, excelentemente posicionado na sociedade, amado pelos familiares, respeitado pelos amigos e motivo de orgulho para eles; ao voltar-se para servir Jesus, experimentou o abandono dos corações afins, a repulsa dos familiares, a derrocada da sua posição social, a fuga para não ser morto em diversas ocasiões, a dor das chicotadas, o desprezo dos judeus, a prisão, o refúgio no deserto e todas as dificuldades, que é desnecessário serem relembradas em sua totalidade.

Entretanto, enquanto o antigo Saulo se desmoronava exteriormente, Paulo de Tarso crescia vigoroso como Espírito imortal.

Embora a imensidão evolutiva que nos separa desse Espírito de escol, temos nossas batalhas, nossas dificuldades, obstáculos a serem vencidos, semeados que foram por nossas escolhas na posse do livre-arbítrio.

Como temos nos comportado frente a eles? Resignados com a certeza de que a Justiça Divina não comete enganos, não erra de endereço? Quando assim procedemos, muitas vezes assistimos à ruína do homem exterior, mas revigoramos o ser imortal que aproveita as lições que lhe chegam.

Se, ao contrário, batalhamos pela vitória do homem exterior lutando muito para que esse homem não se corrompa no sentido de permanecer vitorioso perante o conceito do mundo, passamos a comprometer o crescimento do ser espiritual, razão máxima pela qual voltamos a utilizar um novo veículo material.

Aprendamos, relembrando Emmanuel no livro Fonte Viva, psicografia de Chico Xavier, na lição de número 141:

Cada dia tem a sua lição.

Cada experiência deixa o valor que lhe corresponde.

Cada problema obedece a determinado objetivo.

Há criaturas que, torturadas por temores contraproducentes, proclamam a inconformação que as possui à frente da enfermidade ou da pobreza, da desilusão ou da velhice.

Ainda que a prova te pareça invencível ou que a dor se te afigure insuperável, não te retires da posição de lidador, em que a Providência Divina te colocou.

A moléstia pode ser uma intimação transitória e salutar da Justiça Celeste.

A escassez de recursos terrestres é sempre um obstáculo educativo.

A senectude do corpo físico é fixação da sabedoria para a felicidade eterna.

Sê otimista e diligente no bem, entre a confiança e a alegria, porque, enquanto o envoltório de carne se corrompe pouco a pouco, a alma imperecível se renova, de momento a momento, para a vida imortal.

Chico, no final da sua existência tinha o corpo material exausto de tanto se doar aos mais diversos necessitados da vida que incansavelmente o buscaram. Entretanto, obteve a condição de Espírito completista perante os compromissos assumidos em sua última reencarnação. Não se importou com o corromper exterior para que o interior se inundasse de luz.

Nos problemas presentes no lar, na saúde comprometida, nas dificuldades financeiras, nas situações humildes dentro da existência, nas mais diversas limitações que venhamos a conhecer, estaremos diante da nossa estrada de Damasco.

Resta saber se nessas ocasiões teremos a força moral de perguntar a Jesus o que Ele deseja que façamos ou mergulharemos em protestos e revoltas porque Deus não tenha feito conforme os nossos desejos para que o homem físico não se corrompa, mesmo que o preço seja a da estagnação do ser espiritual.

Paulo curvou a cabeça perante o soldado encarregado de impor-lhe a pena da justiça romana.

Até quando continuaremos de cabeça erguida sustentada pelo nosso orgulho, egoísmo e vaidade corrompendo o exterior em detrimento do interior?


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita