Criança e apego à natureza

Só se pode transmitir à criança aquilo que o educador conquistou em si mesmo. Rudolf Steiner

As crianças devem interagir com a natureza. Logo, uma educação ambiental contínua e bem conduzida deve fazer parte da rotina familiar. Ou seja, uma abordagem cotidiana, e não eventual, que valorize, para a família, a experiência direta e real entre pessoas e natureza…

As crianças, desde pequenas, necessitam desenvolver atitudes ambientais para que sejam, agora e depois, pessoas proambientais, interessadas no conhecimento ecológico, dispostas a interferir na solução dos problemas ambientais por meio de mudanças em seu próprio comportamento –  apagar as luzes, cultivar plantas em casa, andar menos de carro, reciclar, não usar sacola plástica, não adquirir animais silvestres...

De um modo geral, as crianças têm uma apreciação positiva dos ambientes naturais e mostram grande interesse em explorar parques, bosques e jardins. Além disso, os ambientes naturais são contextos que facilitam o desenvolvimento da inteligência naturalista (a oitava inteligência diferenciada por Howard Gardner), que leva a criança tanto a explorar o mundo da natureza como sentir-se envolvida com os problemas ambientais e as espécies ameaçadas, por exemplo.

Sem dúvida, para um desenvolvimento mais pleno da criança, a família deve motivar a inteligência naturalista por meio de experiências concretas em ambientes naturais. Em palavras simples, incentivar a criança a ter contato frequente com a natureza – e, com isso, brincar, observar e cuidar dos animais, colecionar pedras, colher frutos, conhecer os nomes das árvores e das flores…

Bosques, parques, praças, jardins, gramados, tudo isso desencadeia emoções nas crianças, avivando curiosidade, gerando descobertas que embasarão atitudes ambientalistas na vida adulta.

Nós adultos dependemos da Terra.  Nossas crianças também dependem da Terra… Por isso, toda educação, em casa e na escola, deve ser ambiental. Inegavelmente, as crianças que têm mais contato com a natureza  enfrentam melhor as adversidades da vida cotidiana, pois se tornam mais empáticas, mais cooperativas, mais resilientes, mais responsáveis, mais felizes.

Notinha - Howard Gardner, o criador da Teoria das Inteligências Múltiplas, a princípio havia distinguido sete inteligências: musical, lógico-matemática, linguística, espacial, corporal-cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Identificou então a oitava, a naturalista, que provavelmente deu origem a todas as outras. Cf. Gardner, H. A inteligência naturalística. Pátio Revista Pedagógica, n. 5, v. 19, 54-57, 2001.