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por Jorge Hessen

 

O espírita não pode agir quais “robozinhos”, abrigando “verdades” infalíveis


O orador espírita deve esquivar-se do egocentrismo e dos holofotes nas ribaltas elegantes dos eventos patrocinados pelo movimento espírita “oficial”. O orador espírita precisa evitar o propósito de proeminência pessoal, necessita silenciar amostras de conhecimentos superiores.

O expositor espírita deve ser prudente, evitar jactância, sensacionalismo. Até porque as conferências doutrinárias fracassarão, caso o palestrante não seja humilde perante os que ouvem seus discursos. Por isso, cabe adverti-los para que não sejam decorebas, ou seja, que não “decorem meramente” quaisquer trechos de livros espíritas para recitá-los, quais atores de telenovelas, isto porque a expressão verbal autômata não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. Nas palestras devem governar as próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem esgares.

Há oradores espíritas que são quais "comediantes" e fazem momices para forçar a gargalhada dos ouvintes na plateia, outros não conseguem despir-se das ostentações, das santificações, dos endeusamentos e da euforia proselitista. Alguns “divos da tribuna” forçam palavras “afáveis, melosas, piegas” e chegam a ficar pálidos por causa do esforço para demonstrar brandura, outros transportam um falso sorriso através dos dentes trincados (pressionados com força) na tentativa de evidenciar simpatia de fachada. Ora, centro espírita não é picadeiro, por isso tais atitudes são dispensáveis.

Há palestrantes que se submetem às imposições sociais, sobretudo quando buscam adesão (bajulações) dos outros, “quando permanecem na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso cínico e do verniz pessoal, da adulação, condicionando-os a submeterem-se aos juízos e opiniões alheias”.

Kardec jamais aprovaria os shows de oradores ungidos que impera no Brasil. Aqui os palestrantes vão se tornando cada vez mais santificados e adorados pela liturgia mística de ingênuos seguidores “espíritas”.

Espiritismo se aprende pelo método ativo, através do amplo diálogo em que os diversos debates doutrinários, psicológicos, morais, científicos, sociais são discutidos e confrontados com as hipóteses propostas pelos Espíritos nas obras da Codificação.

No Brasil foi criada desde o século XIX uma exótica cúpula diretora com evocação de infalibilidade para manter o rebanho imbecilizado. Por tais razões não se pode agir qual “robozinhos”, aceitando “verdades” indiscutíveis, construídas pelos diretores e oradores ungidos e infalíveis. Cada espírita precisa descobrir-se, conhecer a si mesmo e buscar estudar os conceitos que lhe chegam para depois compará-los com os princípios formulados por Allan Kardec.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita