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por Waldenir A. Cuin

 

Valores reais


“O poder e a consideração de que um homem goza na Terra dão-lhe alguma supremacia no mundo dos Espíritos? – Não; pois os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede os salmos.” (Questão 275 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.)


As posições de mando, poder, fama e influência e outras que temos aqui na Terra nem sempre são mantidas no mundo espiritual.

Com frequência, por aqui, vemos homens extremamente influentes cujo comportamento e atitudes destoam plenamente do que é justo, nobre e digno e criaturas que vivem com destaque no meio social dardejando exemplos negativos, infelizes e sumamente prejudiciais ao avanço moral das comunidades.

No mundo físico, ante o estágio evolutivo em que vivemos no momento, aplaudimos muito mais os valores fantasiosos, ilusórios e equivocados do que os procedimentos maduros e edificantes.

Temos muitas dificuldades em incorporar no nosso comportamento diário as atitudes que facilitam o nosso amadurecimento real, pois que ainda não conseguimos entender, com convicção, que a nossa verdadeira vida não é na Terra. Agasalhamos a noção de que estamos na presente encarnação a título de experiências e aprendizados, mas vacilamos em assumir definitivamente tal realidade, dessa forma, com insistência permitimos deslizes e enganos que nos prejudicam a jornada de ascensão espiritual.

Sabemos que o perdão vale como uma regra de boa convivência, que tanto beneficia quem perdoa quanto ao que é perdoado, mas relutamos em apagar mágoas e ressentimentos.

Sabemos que o amor ao próximo, assumido com gestos de caridade, altruísmo e compreensão, é o caminho para a paz entre os homens, mas temos muitas dificuldades em doar e nos doar também.

Sabemos que a paciência é atitude que equilibra o nosso âmago e que a resignação ante as situações que não podem ser mudadas, por enquanto, são estradas valiosas e indispensáveis para uma vida saudável, mas insistimos em guiar nossos dias dentro da ansiedade.

Sabemos que o silêncio é norma de equilíbrio, no entanto não conseguimos conter um comentário infeliz ou uma fofoca bem engendrada.

Sabemos que o uso equilibrado dos bens materiais é muito importante, mas preferimos nos escravizar a eles e procuramos, com insistência, sempre amealhar cada vez mais, mesmo que nos sufoquemos no meio deles.

Sabemos que a educação da infância e da juventude é o único caminho capaz de construir uma sociedade mais justa, fraterna e humana, mas permitimos, em muitos casos, que nossos rebentos sigam seus próprios instintos e tendências sem amoldar-lhes o caráter.

Sabemos que a família é o porto seguro dos nossos sonhos de paz e felicidade, mas por descuido e indiferença muitas vezes preferimos dar mais atenções ao nosso lazer e entretenimento do que ajustá-la aos padrões da dignidade.

Sabemos que o mais forte deve amparar o mais fraco, que o mais rico precisa socorrer o mais pobre, que o mais inteligente tem necessidade de auxiliar o menos dotado intelectualmente, mais ainda agimos de forma diferente.

É obvio que muitos homens que se projetaram no nosso meio social prosseguem respeitados no mundo espiritual, pois que a liderança e o prestígio que ostentaram nasceram da vivência prática dos ensinamentos do Cristo. Podemos destacar Madre Tereza do Calcutá, Gandhi, Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier, dentre outros. Já o mesmo não podemos dizer de Hitler.

Os pequenos que serão exaltados são aqueles que passaram despercebidos pela Terra, mas realizando grandes ações em favor de uma sociedade mais próxima do amor e os grandes que serão rebaixados são os que foram reverenciados no mundo físico, mas que deixaram um legado de ações que comprometeram o nosso organismo social. 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita