Joias da poesia
contemporânea

Espírito: João de Deus

 

Grande tolo
 

Logo após a cabra-cega,

Zezinho, todo suor,

Ao lado do professor,

Dizia para um colega:

 

— Eu hoje já fiz das minhas,

Amanheci no brinquedo,

Levantei-me muito cedo,

Apedrejando as galinhas.

 

Quebrei xícaras e pratos,

Pus fogo ao quintal vizinho,

Chicoteei meu cãozinho,

Dei pancadas em dois gatos.

 

Furtei doces à cozinha,

Queimei um sapato e um pente

E atirei água fervente

Ao rosto da empregadinha.

 

Esfregando as mãos, contente,

Sem respeito, sem temor,

Perguntou ao professor:

— Não julga que sou valente?

 

O mestre, sem repreender,

Respondeu-lhe, em desconsolo:

— Não passas de um grande tolo

Que tem muito que aprender.

 

Do livro Jardim da infância, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita