Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Medo de quê?


A infância tem suas próprias formas de ver, pensar e sentir, nada mais insensato que tentar substituí-las pelas nossas
. Rousseau


Nas crianças, o medo é normal e faz parte do seu desenvolvimento, cumprindo função importante para a sobrevivência, o bem-estar e a futura autonomia.

De que a criança tem medo? Conviver com uma criança pequena nos ensina que em cada fase da vida há determinados tipos de medo, embora haja medos também ditos imprevisíveis na infância se levarmos em conta ambiente e diferenças individuais. Ou seja, o mesmo estímulo pode ser ameaçador para uma criança e fonte de encantamento para outra (pensemos nas crianças que têm medo de cachorros e nas crianças que se lançam alegres em direção a cachorros). Mas é fato: na infância, todos nós conhecemos o medo e isso é natural: medo do trovão, do escuro, de monstros, de dormir sozinhos…

Sem esquecer que os pais são os primeiros professores de inteligência emocional, eles podem ajudar o filho com medo levando a sério o que ele diz. Estruturado um ambiente de confiança, os pais podem auxiliar a criança a identificar e compreender melhor o medo que está sentindo – é medo do escuro; permitir, então, que a criança tenha uma luz de apoio no quarto. A atitude coerente e compreensiva por parte dos adultos sempre torna o momento do medo mais leve para a criança.

O que os pais (ou os adultos) não podem fazer? Subestimar o medo do filho ou desmoralizar a criança (“deixe de ser medroso”, “seja corajoso”, “na sua idade eu nunca tive medo de aranha” etc.) só pioram a situação e são um desserviço para a educação emocional de um ser humano em formação. Certamente, e em razão disso, muitos adultos mantêm apreensões que têm origem nos temores de infância (não contaram com um apoio inteligente do ponto de vista emocional por parte dos pais).

Contar histórias, por exemplo, pode funcionar de forma terapêutica em relação aos medos pertinentes à infância, fornecendo à criança imagens valiosas que a  ajudará a processar com mais eficácia seus temores e receios.

Por fim, se o sentido mais profundo de viver na Terra é o desenvolvimento da autoconsciência, o medo faz parte do desenvolvimento humano e, em razão disso, ele não pode ser impedido, embora demande ser superado. Segundo Alexander Boss, “o medo fortifica a autoconfiança. O suportar o medo, desenvolve uma ‘consciência de eu’, de si mesmo. A autoconsciência é um presente do medo.”

Notinha

Há atividades que, no dia a dia, ajudam a criança a desenvolver educação emocional e, com isso, expressar/enfrentar melhor suas emoções – medo, raiva, tristeza, alegria etc.: brincar em contato com a natureza; fazer desenhos livres; escutar ou tocar instrumento musical; cantar; contar, no dia a dia, com o abraço e carinho dos pais.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita