Internacional
por Isabel Porras Gonzáles

Ano 12 - N° 610 - 17 de Março de 2019

 

José María Fernández Colavida, “o Kardec espanhol”


Há 200 anos – no dia 19 de março de 1819 – nascia o pioneiro espírita José María Fernández Colavida, reconhecido como o maior divulgador do Espiritismo nos países de língua espanhola


Primeiro tradutor das obras de Allan Kardec para o idioma espanhol, José María Fernández Colavida nasceu em Tortosa, província de Tarragona, em 19 de março de 1819, e desencarnou em Barcelona no ano de 1888.

Em 1833, quando a primeira guerra carlista na Espanha ocorreu, ele dela participou e destacou-se por ser um homem corajoso e humanitário, do que lhe resultou a obtenção do posto de Coronel. Em 1840, os carlistas perderam a guerra e Colavida teve de exilar-se na França, onde, além de aprender a língua, pôde estudar e praticar o Magnetismo ensinado por diferentes professores franceses, incluindo du Potet.

Depois de alguns anos de exílio, regressou a Barcelona, onde casou-se com uma jovem chamada Ana Campos, que lhe deu uma pequena amostra de suas faculdades mediúnicas.

Em 1860, o Capitão Ramón Laguier e Pomares lhe deu de presente O Livro dos Espíritos, com o que ele descobriu a Doutrina Espírita. Ele ficou tão impressionado com o trabalho, que em 1861 decidiu traduzi-lo e publicá-lo, tornando-se o primeiro tradutor espanhol das obras da codificação espírita.

Dotado de grande conhecimento doutrinário, tornou-se a partir daí um fiel discípulo da Doutrina Espírita e, sobretudo, um exemplo de amor e caridade. Graças a seu trabalho nas lides espíritas, foi chamado então, já na sua época, de “o Kardec espanhol”, visto que, além de tradutor das principais obras espíritas, foi fundador, diretor e redator da Revista de Estudios Psicológicos, periódico espírita que circulou pela primeira vez em Barcelona no ano de 1869.

Maior divulgador do Espiritismo na Espanha e nos países de língua espanhola, foi graças à divulgação que empreendeu e aos livros que imprimiu por sua conta e distribuiu graciosamente que Amalia Domingo Soler pôde conhecer a Doutrina Espírita e, com o conhecimento espírita, sentir-se aliviada com a resposta que o Espiritismo lhe deu, em face da situação que vivia.

José María Fernández Colavida fundou também a primeira livraria espírita surgida na cidade de Barcelona, Catalunha, onde se verificou um momento muito significativo na história do Espiritismo. Allan Kardec enviou à Espanha, em 1861, trezentos volumes espíritas, que foram queimados na Plaza de Cataluña, na presença de dezenas de pessoas que não compreendiam o porquê daquele ato, promovido pela Igreja católica, que considerou que aqueles livros eram contrários aos princípios católicos.

Reportando-se ao episódio, o próprio Allan Kardec escreveu: “Hoy, nueve de octubre de 1861, siendo las diez y treinta horas de la mañana en la explanada de la ciudad de Barcelona, lugar donde se ejecutaban a criminales condenados, fueron quemados por orden del o bispo Palau de Barcelona, 300 libros, revistas, folletos, etc.”

A espiritualidade – soube-se depois – permitiu que o auto de fé ocorresse porque, em vez de prejudicar o Espiritismo, ele ajudou-o a difundir-se pela Espanha, devido à curiosidade que levou muitos a procurar e conhecer aqueles livros e, na sequência, converter-se em espíritas.

Colavida foi um exemplo vivo de honestidade e de prática daquilo que divulgava. Nunca teve medo da Igreja católica e dos ataques que ela fazia à sua pessoa, a Amalia Domingo Soler e a Miguel Vives y Vives, entre tantos outros. Nada disso, contudo, impediu que continuasse com seu trabalho e os muitos compromissos que ajudaram bastante a expansão do movimento espírita espanhol.

Suas mãos laboriosas, ferramentas luminosas em serviço constante pela causa espírita, escreviam textos doutrinários e cartas de orientação a espíritas de todas as condições sociais e nacionalidades.

Entre suas realizações, fundou também a Asociación de los Amigos de los Pobres e a Sociedad Barcelonesa Propagadora del Espiritismo, tendo sido diretor do Grupo Espírita La Paz, instituições em que trabalhou com afinco pelo bem do próximo.

Em setembro de 1888, poucos meses antes de sua desencarnação, foi presidente de honra do Primeiro Congresso Internacional Espírita, realizado em Barcelona, uma homenagem que ele recebeu com humildade, visto que jamais buscara reconhecimento pelo seu trabalho, exceto o de sua própria consciência.

A Federação Espírita Brasileira publicou em português o livro A Barqueira do Júcar, autoria de Colavida, que é em verdade uma novela mediúnica recebida no Grupo La Paz, em Barcelona, Espanha, que relata a história de uma jovem barqueira tida como bruxa e famosa pela sua inteligência, cultura e mediunidade. Para ler a obra, clique em https://goo.gl/fKGxst

 

Para mais informações sobre Colavida: https://goo.gl/4aUSKw


 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita