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por José Lucas

 

Espiritismo pago? Não faz sentido!


O Espiritismo (Doutrina dos Espíritos ou Doutrina Espírita) é uma ciência de observação, é filosofia e é moral. Não é mais uma seita ou religião. É uma filosofia de vida, assente na experiência científica e radicada na moral de Jesus de Nazaré.

O Espiritismo apareceu oficialmente em 18 de Abril de 1857, com o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. A codificação espírita engloba 20 livros (os 5 considerados fundamentais, 12 volumes de “A Revista Espírita”, “O Espiritismo na sua mais simples expressão”, “Viagem Espírita em 1862” e “O que é o Espiritismo”. “Obras Póstumas” também é de considerar, embora não tenha sido editada por Kardec.

Allan Kardec codificou a Doutrina dos Espíritos de forma tão zelosa e sólida, que ainda hoje, 161 anos depois, não conseguimos entender o seu alcance e profundidade. Os alicerces estão lá, para hoje e para o futuro, como uma janela aberta ao devir, nos inúmeros campos do conhecimento.

Os movimentos espíritas são grupos de pessoas que gostam de estudar, praticar e divulgar o Espiritismo, cada movimento com as idiossincrasias próprias do grupo humano, que se une por afinidade. São muito válidos e desejáveis, desde que o bom senso prevaleça. Um movimento espírita pode-se radicar num Centro Espírita, num grupo familiar, na edição de um jornal ou revista, programa de rádio, num sem-fim de oportunidades de movimentar o Espiritismo, dando-o a conhecer, não com o sentido proselitista mas sim para esclarecer e consolar uma Humanidade, que ainda não descobriu que é imortal, que a reencarnação é uma verdade científica e que existe uma Lei de Causalidade.

Como os movimentos são feitos por Homens, é provável que existam discrepâncias doutrinárias ou no modus operandi destes ou daqueles espíritas.

É normal que num Centro Espírita se vendam livros, jornais e revistas espíritas (com lucro mínimo, pois o objetivo é divulgar).

O resto, como vender cafés, bolos, comida, louças, bazares, rifas, roupas etc., não faz sentido dentro de um Centro Espírita.

O Centro Espírita deve ser simples, sem fotografias de Kardec, Jesus, do dirigente do Centro etc., sem a tradicional toalha branca rendada, tudo reminiscências do catolicismo, de onde quase todos viemos.

Não tem mal nenhum, mas não são práticas espíritas.

O Centro Espírita tem de cativaro coração dos seres mais simples que lá apareçam.

 

O Espiritismo não está à venda, e não pode ser vendido, pois pertence à espiritualidade superior que o ofereceu à Humanidade

 

Não faz sentido, por exemplo, ver palestrantes que se deslocam a Portugal duas e três vezes por ano, sem qualquer mais-valia doutrinária, com o objetivo de… vender livros, entre outras coisas. A falta de sentido crítico dos dirigentes espíritas portugueses vai alimentando este vil comércio.

Não faz sentido efetuar eventos espíritas a preços chorudos, como congressos, workshops, seminários. Estes devem ser, sempre que possível, ao preço mínimo ou gratuitos, se possível, a fim de possibilitar aos espíritas pobres terem acesso ao mesmo conhecimento que os espíritas endinheirados.

Não faz sentido: palestrantes ”estrelas” que, quando convidados para divulgar o Espiritismo no estrangeiro, fazem todo o tipo de exigências, como o pagamento da viagem da esposa e outras. Quem serve a Deus não põe condições.

Não faz sentido: as conferências espíritas transformarem-se em “shows”, onde se projeta o ego em vez de se projetar o Espiritismo.

Não faz sentido: os “sites” pagos na Internet, as páginas pagas no YouTube, divulgação doutrinária com “direitos de autor”, quando os autores do Espiritismo foram os Espíritos.

Não faz sentido que o espírita, para ter acesso ao conhecimento espírita, tenha de pagar, havendo oportunidade de divulgar o Espiritismo com simplicidade e profundidade, no YouTube, gratuitamente!

Não faz sentido o proliferar de “web-tv’s” com o objetivo de vender material didático espírita.

Não faz sentido aceitar donativos de frequentadores do Centro Espírita, pois muitos deles, em sofrimento, pedindo auxílio, acabam por querer “pagar” o alívio concedido pelos bons Espíritos (que não cobram nem aceitam dinheiro).

O Centro Espírita ou é autossuficiente, ou não é. Têm de ser os sócios do Centro Espírita a suprir as necessidades do mesmo, sob pena de estarmos a catolicizar (no que concerne ao dinheiro) os centros espíritas.

No campo das ideias, existe o chamado “recuo evolutivo” (quando o Homem vai adaptando novas ideias à sua maneira de ser, desvirtuando a nova ideia). É importante que não voltemos a cair nesse erro e / ou que saiamos dele rapidamente.

É fundamental devolver a simplicidade do Espiritismo ao Centro Espírita.

No Espiritismo não há lugar a pagamentos, nem a um simples obrigado. Se houver comércio, mesmo que disfarçado de “caridade”, aí não está o Espiritismo!

O Espiritismo não está à venda, e não pode ser vendido, pois pertence à espiritualidade superior que o ofereceu à Humanidade.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita