Entrevista

por Orson Peter Carrara

Projeto Corujas do Bem: um olhar para a  criança autista

Natural de Catanduva (SP), onde também reside, e espírita desde a infância, tendo recebido grande influência do avô, Mara Ferreira de Camargo Gabas Pereira (foto) é bacharel em Direito e jornalista. Mãe de uma criança autista, nossa entrevistada juntou forças com outras mães e fundou o Projeto Corujas do Bem, voltado para o atendimento a crianças autistas. As atividades desenvolvem-se no Núcleo Educacional Espírita Joanna de Ângelis, em sua cidade. Conheça essa história.

Quando e como surgiu o Projeto Corujas do Bem? 

Meu filho mais novo, Rafael, de 10 anos, é autista, e sempre comento dele em meus programas de rádio. Então pude diagnosticar muitas crianças que estavam em casa sem tratamento. Ajudava com terapias, mas não eram adequadas. Surgiu o sonho de ter uma escola de autistas que fosse top. E de graça. Um dia, visitando-me na emissora de rádio, Angelica Cacciari, do Núcleo Joanna de Ângelis em Catanduva, soube de meu sonho, e a escola da sua família, que estava parada no período da tarde, foi a mim doada.

Onde está situado? Pode ser visitado? E quais os dias e horários?

Rua Igarapava, 294, Jardim Alpino em Catanduva-SP. Fica na escola espírita Divaldo Pereira Franco, atrás do centro espírita Joanna de Ângelis. Pode ser visitado de segunda a sexta das 13 às 17 horas.

Quais os links na internet disponíveis para visita do leitor?

Basta pesquisar no Facebook e no Instagram como PROJETO CORUJAS DO BEM, de Catanduva (SP). Existe outra página também com este nome, basta procurar Catanduva.

Da experiência pessoal de um filho autista, como foram os passos até conhecer o Espiritismo e atingir a execução do Projeto?

O Espiritismo me ajudou muito a entender que existem outras vidas e estamos aqui para aprender. Senão estaria desequilibrada. Encontro muitas explicações na doutrina. A execução do Projeto foi algo natural. Foi algo que veio de cima pra mim, a que, junto com outras mães (coincidentemente todas espíritas), nos dedicamos com todo o amor. 

Sobre o nome CORUJAS DO BEM, como surgiu? E quantas crianças atendidas atualmente?

Surgiu de mães corujas. A força da mãe é algo imensurável.  Hoje estamos com 30 crianças.

De sua experiência materna e também no CORUJAS DO BEM, o que você pode dizer atualmente às mães com filhos autistas?

É muito difícil. Tem que ter muito amor, paciência e renúncia. É uma dedicação exclusiva, ensinando todos os dias a mesma coisa, e às vezes sem progresso. Temos que comemorar bastante pequenas melhoras como uma grande vitória. Um dia de cada vez. 

Rafael é não verbal, e depois do Projeto ele melhorou bastante. Está mais calmo, entendendo mais as coisas e as ordens.

Considerando os diversos níveis de autismo, a depender da criança, como é administrar essas diferenças?

São diferentes sim. Cada autista é de um jeito, por isso o Projeto tem uma agenda individual de terapias para cada criança.

Como é o atendimento do CORUJAS DO BEM? Gratuito?

É gratuito. Os pais que têm condições financeiras fazem doações. E fazemos muitas ações para pagar as contas: rifas, feijoada, eventos, palestras. Temos terapia ocupacional em uma sala sensorial (idealizado pro autismo), fono, psicóloga, fisioterapia, educador físico, musicoterapia, aula de culinária, além de toda a parte pedagógica. Estivemos nos Estados Unidos em 2017, visitando algumas escolas de autismo, e vimos alguns métodos que pudemos implantar, como por exemplo a comunicação por figuras para os não verbais. O atendimento é prestado à tarde. As crianças entram às 13h e saem as 17h e fazem todas essas terapias.

Para quem quiser colaborar, como deve proceder? 

Pode entrar em contato comigo ou acessando nosso perfil no Facebook ou no Instagram.

De suas lembranças na experiência já vivida, qual a mais marcante que gostaria de relatar aos leitores?

Acho que é a solidariedade em geral e o apoio ao Projeto. As pessoas se sensibilizam com a ideia e nos ajudam, sempre que possível.

Gostaria de algo acrescentar?

Que nosso Projeto sirva de inspiração para outras mães de autistas de outras cidades se juntarem e montarem uma escola para seus filhos. É muito gratificante. 

Suas palavras finais.

Muito obrigada por poder contar um pouco a história do Projeto Corujas do Bem. Para nós o CORUJAS DO BEM é um sonho realizado.
 
  

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita