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por Temi Mary Faccio Simionato  

 

Com quem falamos quando falamos sozinhos?


Escolhas de pensamentos, sintonia. Sabemos que jamais estamos sós. Podemos sentir a comunicação com os Espíritos através da intuição, sonhos, sentimentos, o que nos remete à questão 459 de O Livro dos Espíritos. Pergunta Kardec: “Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?”. Respondem os benfeitores espirituais: “Sim, muito mais do que supondes imaginar, em via de regra são eles que vos dirigem”. Podemos, assim, compreender que os Espíritos nos ouvem, leem nossos pensamentos, ficando claro que estes são força viva atuante e criadora, atraindo outras mentes boas ou não.

A qualidade dos pensamentos que temos são os fatores que mais influenciam o tipo de energia e vibrações que iremos ter e que tipo de Espíritos estarão ao nosso lado. Sabemos que nossos amigos espirituais estão conosco, porém, quando preferimos seguir as más tendências, eles se afastam, pois, nossa energia vibratória estará muito distante das deles. Nesse momento, seus conselhos seriam inúteis. Não ignoramos que eles se afastam porque não nos impõe nada, diferentemente dos irmãos menos evoluídos que constantemente permanecem insuflando ideias desequilibrantes.

A mente em qualquer plano emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o Alto, destino que lhe compete atingir. Assim, estamos assimilando correntes mentais de maneira permanente, de modo imperceptível, absorvendo pensamentos a todo momento, projetando ao nosso redor essas influências. Por isso, quando estivermos tristes, com raiva, magoados, ressentidos, sentindo dificuldade em perdoar ou até mesmo tendo algum pensamento inferior constante, entremos em oração, pedindo auxílio ao nosso amigo espiritual; e esvaziando a mente de pensamentos sombrios, busquemos na memória os momentos alegres que experimentamos; ouçamos músicas que nos acalmam intimamente e o equilíbrio retornará, despertando e fazendo florescer nossas boas intenções, ainda que sejam poucas; restabeleçamos  o contato com os benevolentes amigos desencarnados, que nos ampararão nesses momentos. Conseguiremos assim tomar as rédeas de nosso progresso espiritual quando nos propusermos a educar os sentimentos. Essa ação resultará, certamente, na transformação do pensamento. No entanto, esse esforço deverá ser constante, diário, para que possamos nos renovar moralmente, alcançando degraus, cada vez mais altos, na escala evolutiva. Essa transformação poderá ser conquistada pouco a pouco e o caminho será sempre através do Evangelho de Jesus, iluminando nossos sentimentos, pensamentos e atitudes.

Ainda somos trevas e luz, o que nos faz lembrar que as influências espirituais que nos cercam fazem parte da Lei da Vida, e em virtude dessa sintonia que estabelecemos entre nós e os Espíritos, poderemos ceder às tentações ou resistir a elas. Daí a importância do alerta de Jesus: “Olhai, Vigiai e Orai”, sentindo desta forma a presença amiga daqueles que nos amam e guiam.

Um modo de distinguir nossos pensamentos daqueles que nos são sugeridos é o de compreender que normalmente o primeiro que nos ocorre nos pertence. É importante notarmos que, independentemente das sugestões ou não, a responsabilidade pelos atos é nossa. Por isso é necessário lembrarmos Kardec, em O livro dos Espíritos, na questão 462: “Se fosse útil pudéssemos claramente distinguir nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos, Deus nos teria dado o meio, assim como nos dá o de distinguir entre o dia e a noite. Quando algo fica impreciso, é que assim convém ao nosso benefício”.

Mister se faz que reflitamos sobre o que estamos sintonizando através dos pensamentos que emitimos diariamente, pois estes são a base de nossa evolução, atuando, principalmente, por meio de nossas palavras e ações. Assim, iremos construindo dia a dia o edifício grandioso ou miserável de nossa existência.

Somos responsáveis, sim, pela ligação com as forças construtivas do bem ou com as forças destrutivas do mal. É nosso livre-arbítrio. Para tanto, nada melhor que o Evangelho para clarear nossos pensamentos, vivenciando com profundidade o conhecimento que a Doutrina Espírita nos proporciona, educando-nos, alcançando a paz íntima através de vibrações salutares, na prática do bem e na fé em Deus. Sabemos que não é fácil. No entanto, precisamos perseverar, fortalecer-nos e jamais desistir de vencer a nós mesmos. Seguindo confiantes sempre, apesar das dificuldades e das lutas diárias tão necessárias a cada um de nós.

Em nossos esforços diários, tenhamos sempre como base os ensinamentos trazidos pelo Mestre Jesus e a prática desses ensinamentos nos quais encontraremos a chave para a renovação moral, como é esclarecido pelo codificador da Doutrina Espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”.

 

Bibliografia:

DENIS, Léon – O problema do ser, do destino e da dor - 1ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2009 – terceira parte – capítulo 23.

XAVIER, C. Francisco – Roteiro – ditado pelo Espírito Emmanuel – 9ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 1994 – capítulo 26.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita