Entrevista

por Orson Peter Carrara

O Espiritismo é uma luz que iremos propagar com nossa vivência e conduta

Espírita desde 1998, Nilma Mendes de Souza Nery (foto) nasceu em Santos Dumont (MG) e reside em Colorado do Oeste (RO), onde se vincula à Comunidade Espírita Cristã e ao Núcleo Espírita Francisco de Assis, instituição que dirige desde 2007. Graduada em Pedagogia e habilitada em Supervisão e Administração Escolar, atendeu ao nosso convite para entrevista que disponibilizamos aos leitores.  

Quando e como se tornou espírita? 

Quando criança e até uma certa idade tinha uma pseudoideia sobre Espiritismo. Essa falsa ideia mudou quando em 1998, no primeiro ano da faculdade, fui convidada por uma amiga para conhecer um grupo que estudava a Doutrina Espírita na casa de uma pessoa. Atendi ao convite e nunca mais saí. Comecei a fazer parte do trabalho com as crianças, também nessa casa, me encantei pelo trabalho, talvez pela afinidade com o curso de Pedagogia e os pensadores. Meu TCC foi "A Educação segundo o Espiritismo”.

A partir daí muitas coisas aconteceram. O grupo amadureceu e surgiu a necessidade de termos um espaço para nossos trabalhos. Construímos uma casa ainda na propriedade desta pessoa, mas com o passar do tempo nossa casa precisava ganhar autonomia e o grupo também. Então, conseguimos comprar um espaço e hoje a Comunidade Espírita tem sede própria, escriturada e tudo. Falei mais da casa do que do que me fez espírita, talvez seja porque as histórias se construíram simultaneamente. 

Fale-nos da instituição a que se vincula, numa síntese histórica e de atividades. 

A Comunidade Espírita Cristã de Colorado do Oeste, Rondônia, foi fundada em 6 de junho de 1996 por um pequeno grupo de pessoas corajosas que se reuniram para estudar e compreender o Espiritismo. Esse grupo se manteve durante algum tempo e novos adeptos foram chegando e outros saindo. Com o passar do tempo, o grupo se fortaleceu e resolveu-se então iniciar os trabalhos de palestras e semanas espíritas. Atualmente, a Casa Espírita trabalha com Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita nos domingos às 18 horas e palestra públicas às 19h30, simultaneamente com a evangelização; segunda-feira, reunião mediúnica; terças-feiras, aprendizes do Evangelho; quarta-feira, ESME; quinta-feira, estudo da Gênese e Gênesis Mosaica com Haroldo Dutra; sábado, evangelização infantojuvenil pela manhã e, às 13 horas, programa de rádio. Atualmente, a Comunidade Espírita adotou o Núcleo Espírita Francisco de Assis, num bairro periférico, em que desenvolvemos evangelização infantil e aulas de reforço e espanhol para as crianças do bairro e as nossas crianças.  

Que mais lhe chama a atenção quanto ao tríplice aspecto do Espiritismo?

A coerência da ciência, filosofia e religião. A certeza de que nada acontece por acaso. A responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Embora ainda seja difícil lidar com as atrocidades que acontecem no mundo, principalmente as questões relacionadas à corrupção, aprendi com a Doutrina que cada um de nós é responsável e que ninguém responderá pelo outro. Então, aprendi a desenvolver a tolerância e o respeito pelo tempo de cada um. Mas o que mais me toca são os exemplos do Cristo, o amor que ele tem pela criatura humana e o convite insistente para seguirmos o seu caminho.

Acerca do movimento espírita no estado de Rondônia, onde as distâncias físicas são um fato, que você pode nos dizer?

A federativa espírita de nosso estado é bastante atuante. Os dirigentes realizam atividades nas regionais com o objetivo de diminuir essa distância, possibilitando a maior participação de seus adeptosDesta forma, os departamentos se organizam, trazendo oficinas, seminários e formação de acordo com as solicitações dos municípios e as necessidades dos trabalhadores. Não sei se cabe aqui a reflexão que sempre faço, mas quero registrá-la: talvez, no meio espírita, muitos ainda não se conscientizaram da importância de sua divulgação. Ainda estão cuidando do seu sítio, de seus bens, de suas diversões e ainda não perceberam que temos todos o dever moral de levar a mensagem do Cristo Redivivo, além de que, nos momentos de integração entre as Regionais e as Casas espíritas, se constroem alianças, se fortalece o conhecimento espírita e se estreitam os laços. 

De sua prática e vivência espírita, que gostaria de destacar?

A condição de eterna aprendiz. Mas o que mais me impacta é a dificuldade de viver na prática os ensinamentos dos Espíritos Superiores. Vejo as maravilhas que a Doutrina Espírita opera em nossas vidas, e o convite que nos é endereçado, desde antes da presente vida para compartilharmos e vivenciarmos os conceitos do ser imortal. O Espiritismo, bem compreendido e bem vivido, é uma luz que iremos propagar com nossas vivências e conduta cristã, sendo a única doutrina capaz de responder todos os questionamentos que temos acerca da vida.

De suas lembranças dessa vivência, o que lhe salta à memória para relatar aos leitores? 

A ideia que sempre me acompanha e que me revigora é a certeza de que eles, os Bons Espíritos, nunca nos abandonam, e que mesmo naqueles momentos em que nos parece estarmos sozinhos, sem coragem para continuar, somos revigorados e consolados através das inspirações e intuições que nos chegam de maneiras mais inusitadas. Nunca estamos sós, e nossas companhias serão sempre de acordo com nossas sintonias e afinidades; por isso, a necessidade vigilância e da prece.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Devemos, todos nós, manter-nos confiantes, sem medo, pois o Espiritismo é Jesus de volta. Voltemo-nos para este doce amigo e nunca, nunca, estaremos sós. Então, marchemos sem temor, pois no momento certo seremos só nós e Deus. Façamos o melhor, amemos bastante para sermos amados, como nos aconselha Sanson, que foi colega de Kardec e membro da Sociedade de Estudos Espíritas de Paris.

Suas palavras finais.

Quero agradecer o convite para participar desta entrevista e ressaltar que o Espiritismo abre as portas para uma nova era, que deve começar dentro de cada um de nós. 
 
  

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita