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por Altamirando Carneiro

 
Processo de renovação


Faz parte da índole do homem o receio de mudanças, principalmente as que mexem com o seu íntimo, mesmo que estas sejam para melhorá-lo. 

Trazia Jesus a Boa Nova. Pregava um comportamento pelo amor e indulgência, o que alterava substancialmente a cultura da época, baseada na lei do olho por olho, dente por dente. A alteração era dramática e chocava-se com os interesses vigentes. Melhor seria matá-lo do que aceitar o grande esforço da mudança de cada um e, por conseguinte, de toda a sociedade.

Não há dúvida de que construir-se uma personalidade nova requer reforço e tenacidade. Muitas vezes, face a uma situação que nos permite a mudança de comportamento, optamos pelas reações antigas e, frente ao fato consumado, dizemos: "Que vou fazer? Eu sou assim mesmo..." e nada de renovação.

Se analisarmos bem as reações antigas, quando erradas, cobram caro à nossa consciência. Grande também é o esforço para podermos conviver com o peso que isso nos acarreta. Quanta energia mental despendemos, quantas noites em claro passamos, só porque nesta ou naquela situação nos decidimos pelo erro! Quantas vezes tentamos o esquecimento, tudo em vão! O complexo de culpa transforma-se em forte algoz, a ocupar boa parte da nossa capacidade de pensar. Nossos pensamentos como que invadem o nosso íntimo. Aos poucos, nossa resistência física se enfraquece e doenças de difícil diagnóstico se estabelecem. É o que se pode chamar de grande luta por pouca evolução. Grande esforço para praticamente não se sair do lugar. 

Que vamos fazer? Esta é uma decisão que nos cabe realizar. A vida sempre nos coloca frente a frente com as lições que, se aproveitadas, nos eleva perante o altar de nossa consciência e, como vimos, a desculpa de ser necessário grande esforço para aprendermos a fazer o certo não deve servir de base para continuarmos errando. Maior a luta para convivermos com as acusações da consciência. 

Somos seres em constante aprendizado. A vida é o instrumento de que Deus se serve para nos facultar o aprendizado à felicidade. Nesse sentido, a vigilância constante sobre nós mesmos, juntamente com o incansável desejo de nos ajudarmos uns aos outros, devem ter preferência. Nenhum pretexto deve ser mais forte a ponto de nos fazer desviar o esforço de vontade. Se tivermos que gastar nossas energias, que seja no processo de renovação de nós mesmos e não nos processos obsessivos que atingem a nossa mente quando nos desviamos do reto viver. Só o amor cobre a multidão dos pecados, disse o apóstolo Pedro. Ou seja, livra-nos do sofrimento e nos encaminha a alegrias inimagináveis.
 

  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita