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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 
Pessoas que não somam


É praticamente impossível, especialmente na atualidade, não encontrarmos em grupos de trabalho – independentemente da atividade exercida – pelo menos um indivíduo disposto a enxergar defeitos onde eles não existem. É muito raro não se ter o dissabor de ombrear com pessoas dessa natureza, inclusive em ambientes religiosos. Uma pessoa dotada de tal perfil não apenas deixa de acrescentar utilidade às coisas (se fossem neutras, provavelmente não atrapalhariam). Mas, pior ainda: subtraem valor efetivo da harmonia grupal e das interações humanas. 

Afinal de contas, as intervenções de pessoas desse tipo normalmente são cáusticas, insensatas e desmotivadoras. De fato, elas possuem uma língua afiada e adoram ter preponderância na fala – geralmente doentia, assim como eivada de observações anódinas. Tudo seria contornável se a “contribuição” delas se restringisse a apenas isto. Mas, como gostam de aparecer e de esbanjar suposto entendimento dos temas, elas destilam o seu veneno por toda a parte. São seres absolutamente desprovidos de qualquer capacidade de autocrítica ou autoanálise.

Por terem um nível de percepção fortemente distorcido, eles se acham “os donos da verdade”, e, assim, esperam que os outros se curvem às suas opiniões inconsistentes. Com efeito, a única solidez que apresentam reside no teor das suas bravatas, nos comentários ferinos desferidos a esmo e no comportamento narcisístico. Como são incapazes de olhar no espelho, não conseguem vislumbrar os rastros de ódio e indignação que despertam em seus interlocutores. Pobres criaturas!

Devido à sua obtusidade geram o afastamento dos demais, que neles enxergam apenas problemas e insatisfações. Se o(a) amigo(a) que me lê se identifica, de alguma forma, com o perfil acima delineado, é melhor proceder à imediata revisão da própria conduta. Afinal, encontramo-nos nesse plano fundamentalmente para cooperarmos e sermos úteis à humanidade e ao Criador. Portanto, não podemos exigir perfeição dos outros, se nós mesmos não a temos. Como diz o axioma popular, “procurar pelo em ovo” não nos tornará mais respeitáveis aos olhos dos outros.

Se não temos condições de acrescentar nada construtivo ao grupo ao qual estamos momentaneamente associados, então, é melhor nos calarmos. Prejudicar o avanço geral em virtude das nossas atitudes impensadas ou intervenções intempestivas, não nos tornará mais respeitáveis perante a espiritualidade ou junto aos nossos companheiros de jornada. Desse modo, calarmo-nos, às vezes, diante das circunstâncias, pode ser a melhor alternativa a seguir. Como bem ressaltou Jesus, “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem” (Mateus, 15: 11).

O apóstolo Paulo, a seu turno, recomendou-nos o seguinte: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Efésios, 4: 29). A rigor, portanto, só devemos nos pronunciar se estivermos convictos de poder sugerir algo, de fato, positivo, benéfico ou pertinente. Paulo ainda observou que “... não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Colossenses, 1:7). Todavia, compete a cada um de nós desenvolver tais habilidades.  
 

  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita