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por Rogério Coelho

 
Processos edificantes de saúde espiritual


Há que forrar-se de amor e conhecimento a fim de ajudar com proficiência


“(...) mas, dormindo os homens, veio seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo.” 
Jesus.  (Mt., 13:25.)


Dentre as muitas e imperecíveis lições aplicadas pelo Meigo Pegureiro, há dois milênios para esclarecimento da humanidade, destaca-se, sem sombra de dúvida, de maneira fulgurante, a Lei do Amor!

Os campos sáfaros das Almas somente serão renovados transmudando-os em terra fértil, a partir do momento em que nos decidirmos pela adoção incondicional e plena dessa Lei Maior, que é a Lei da não violência, da suavidade, da brandura, da serenidade, da mansuetude, da docilidade...

Essa Lei - evidentemente - deve vigorar em todos os departamentos da vida de relação, mas, na área da desobsessão, torna-se fator imprescindível para o desatamento dos grilhões que aprisionam verdugos e vítimas entre si.  

A Lei do Amor e seu caudal de corolários agirão sempre não só como terapêutica eficiente no equacionamento dos pungentes e intricados dramas obsessivos, mas também como excelente profilaxia, como fator de higiene espiritual.

Os Benfeitores Espirituais, através dos livros especializados que constituem as obras subsidiárias da Doutrina Espírita, já demonstraram amplamente a necessidade do comedimento no tratamento e erradicação dos liames obsessivos, onde não se pode cortar os doloridos laços de ódio de maneira atabalhoada, mas, sim, desatá-los com o algodão da misericórdia e do amor...

Casos de obsessão existem que atravessam milênios de interação psíquica perniciosa, extremamente danosa para ambas as partes em regime de nefasto litígio. Não será num golpe repentino e “miraculoso”que casos tais serão sanados de forma satisfatória. Há que se ter paciência, tirocínio, perspicácia, ciência e extremado amor...

Com a “Parábola do Trigo e do Joio”,entre outras coisas, Jesus estava ensinando a maneira correta de lidar nas questões da desobsessão. Ele aconselhou a “vigilância”, mas os homens “dormiram, então veio o inimigo, e semeou o joio no meio do trigo”.

Quando baixamos a vigilância, os obsessores nos alcançam com seus psiquismos perturbados e envolvem-nos em suas redes constritoras, porque, conforme ensinamento de Áulus, toda obsessão tem alicerces na reciprocidade.

Como as raízes do trigo e do joio se entrelaçaram nas profundezas do solo, também entrelaçados estão os liames que “amarram” obsessores e obsidiados nas profundezas perispirituais.

Erro lamentável cometeria quem desejasse trabalhar atabalhoadamente nos processos de desobsessão porque um desligamento rápido entre obsidiado e obsessor nos casos de obsessões graves acarretaria sérios prejuízos para o encarnado e possivelmente até mesmo sua desencarnação.

Ensina Manoel Philomeno de Miranda[1]“(...) na tecelagem dos destinos humanos, os fios que atam as malhas das redes dos compromissos procedem sempre das vidas transatas.

Nenhum acaso existe regendo ocorrências, nenhuma força fortuita aparece acolhendo a esmo. Os atos geram efeitos que rumam na direção de opções ao alcance das circunstâncias para a eclosão das Leis Divinas, dentro do equilíbrio cármico, através das causas e efeitos.

Em toda obsessão, simples ou subjugadora, como quer que se apresente, a trama dos destinos se situa no passado espiritual dos litigantes em forma de fatores causais.

Forrar-se de amor e conhecimento, a fim de ajudar com proficiência, tal deve ser a atitude de quem se candidata a esse ministério de terapia providencial”.

Ensina ainda o nobre Espírito Manoel Philomeno de Miranda[2]“(...) em quaisquer processos obsessivos, as diretivas clarificantes da mensagem de Jesus são rotas e veículos de luz libertadora para ensejar a uns e outros, obsidiados e obsessores, os meios de superação.

Nesse sentido, a exortação de Allan Kardec em torno do trabalho é de uma eficácia incomum, porque o trabalho edificante é mecanismo de oração transcendental e a mente que trabalha situa-se na defensiva. A solidariedade é como uma usina que produz a força positiva do amor e, como o amor é a causa motriz do Universo, aquele que se afervora à mecânica da solidariedade sintoniza com os Instrutores da ordem, que dirigem o Orbe. E a tolerância, que é a manifestação desse mesmo amor em forma de piedade edificante, transforma-se em couraça de luz, vigorosa e maleável, capaz de destruir os petardos do ódio ultriz ou os projéteis do desejo desordenado, porquanto, na tolerância fraternal, se anulam as vibrações negativas desta ou daquela procedência.

Assim sendo, a tríade recomendada pelo Egrégio Codificador reflete a ação, a oração e a vigilância preconizadas por Jesus, que são processos edificantes de saúde espiritual e ponte que alça o viandante sofredor da Terra ao planalto redentor das Esferas Espirituais, livre de toda a constrição e angústia”.

Continua o Mentor Amigo1“(...) muitos dos problemas graves, no contingente da saúde física e mental que a Medicina depara a cada momento, têm suas raízes no pretérito espiritual do paciente. Seus erros e suas aquisições fazem-se os agentes da sua paz ou da sua perturbação.

Reencarnando cada qual com a soma das próprias experiências, diferentes são as situações pessoais, conforme se observa no mundo. Vinculados aos desafetos de que se desejaram livrar, mas de que não se libertaram, padecem-lhes as injunções e influências maléficas.

Auto-obsessões, obsessões e subjugações são capítulos que merecem da patologia médica estudo simultâneo, à base dos postulados do Espiritismo. A reencarnação é a chave para a explicação de seus enigmas.

Ao lado das terapêuticas valiosas, ora aplicadas nos obsessos de vário porte, impõem-se os recursos valiosos e salutares da fluidoterapia e das expressivas contribuições doutrinárias da Terceira Revelação, que traz de volta os insuperáveis métodos evangélicos de que Se fez expoente máximo Jesus, o Divino Médico de todos nós.

O amor e a prece, o perdão e a caridade, a tolerância e a confiança, a fé e a esperança não são apenas virtudes vinculadas às religiões passadas, porém, insubstituíveis valores de higiene mental, de psicoterapia, de laborterapia, que se fazem de urgência para neutralizar as ondas crescentes do ódio e da revolta, da vingança e da mágoa, da intolerância e da suspeita, da descrença e da desesperança, que irrompem e se instalam no homem, tudo avassalando intempestivamente.

A Doutrina Espírita dispõe de valiosos tesouros para a aquisição da felicidade na Terra e depois da desencarnação. Conhecê-la e praticar-lhe os ensinos representa uma ensancha ditosa para aqueles que aspiram a melhores dias, anelam por paz e laboram pelo bem”.

Finaliza o Mentor[3]: “(...) a linha do equilíbrio psíquico é muito tênue e delicada.

As interferências de qualquer natureza sobre a faixa de movimentação da personalidade, quase sempre, produzem distúrbio, por empurrarem o indivíduo a procedimentos irregulares a princípio, que depois se fixam em delineamentos neuróticos.

A ação fluídica dos desencarnados, em razão da maleabilidade e da pertinácia destes, quando ignorantes, invejosos ou perversos, pela sua insistência interfere no mecanismo do hospedeiro, complicando o quadro com a indução inteligente, em telepatia prejudicial, que facilita a simbiose com o anfitrião.

Nessa fase, e antes que o paciente assuma a interferência de que é vítima, a terapia espírita torna-se de resultado positivo, liberador.

Ideal, no entanto, é a atitude nobre diante da vida, que funciona como psicoterapia preventiva e que constitui dieta para o otimismo e a paz”.     


 


[1] - FRANCO, Divaldo. Tramas do destino. 2. ed. Rio [de janeiro]: FEB, 1981, p. 19-20 e 14-15.

[2] - FRANCO, Divaldo. Nos bastidores da obsessão. 2. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1976, p. 35-36.

[3] - FRANCO, Divaldo. Nas fronteiras da loucura. 14.ed. Salvador: LEAL, 1982, p. 20.

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita