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por Maria Margarida Moreira

 
Em plena nova era


Todas as conquistas humanas não aparecem por geração espontânea. Exigem esforço, atenção, perseverança, trabalho máximo, repetição, devotamento e vontade de auxiliar o próximo. Todos os homens vivem na obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai, encontram-se no campo das oportunidades presentes, negociando com os valores do Senhor.

Porém, há muitas criaturas que usaram os empréstimos do Pai magnânimo, exclusivamente, para si mesmos, esquecendo-se de estendê-los aos companheiros de evolução e ignorando que a verdadeira alegria não vive isolada numa só alma, pois que somente viceja com reciprocidade de vibrações entre vários grupos de seus amigos.

Muitos espíritos das Altas Esferas já viveram assim. Entretanto, agora, os tempos são outros e as responsabilidades surgem maiores. E para que todos sejamos esclarecidos, o Espiritismo abre-nos infinita esfera de serviço, em cujas atividades não podemos prescindir do apoio recíproco, no crescimento da renovação.

O Livro dos Médiuns, na questão 28, 2º parágrafo, nos esclarece que se projetarmos o olhar sobre as diversas categorias de crentes encontraremos “os que no Espiritismo veem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conversa cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis, consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritos imperfeitos.”

Há muitos irmãos nossos que assim viveram, deixaram na Terra, como único rastro de vida robusta que usufruíram na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo do cemitério. Nenhuma lembrança útil em bases de fraternidade; nenhum exemplo edificante nos currículos da existência; nenhum ato que lhes recorde os padrões de fé, nenhuma ideia que vencesse a barreira da mediocridade, nenhum gesto de amor que lhes granjeasse sobre o nome o orvalho da gratidão. Apesar de tudo, a Terra conservou-lhe à força apenas o cadáver – matéria gasta – que lhe vestira o espírito e que passa a ajudar, sem querer, no adubo às ervas bravas.

Contudo, ao lado desses companheiros displicentes, há, também, os que se convenceram e optaram por um estudo direto, sério, cuidadoso. É o que nos esclarece O Livro dos Médiuns, na questão 28, 3º parágrafo. São “os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências, convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, único meio que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles, sempre, oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem: são os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos”. Estes estão conscientes de que o nosso programa fundamental permanece traçado na revivescência do Evangelho Redentor.

Antes, nos alicerces do edifício doutrinário, compreendíamos a curiosidade e o deslumbramento, acima da responsabilidade e do dever. Mas, agora, que já atravessamos o primeiro centenário sobre a codificação kardeciana, é preciso reconhecer a necessidade de introspecção, a fim de que não percamos de vista os sagrados objetivos que nos reúnem.

Dessa forma, é indispensável que o nosso espírito de fraternidade se manifeste, restabelecendo, através do amor, e reestruturando os caminhos da fé, por intermédio das obras edificantes, pois somos todos trabalhadores dentro da selva compacta de nossos erros, onde encontramos a soma total de nossos enganos e compromissos de todos os séculos, lutando, retificando, sofrendo, aprendendo, burilando e aperfeiçoando no rumo do porvir regenerado.

Honremos, então, ao Senhor da Vida que nos honra com as oportunidades atuais de realização e serviço, amparando-nos, uns aos outros, e de acordo com as nossas deficiências, abreviaremos nosso caminho de acesso à felicidade maior.

 

Bibliografia:

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Questão 28, parágrafos 2º e 3º. 59ª edição – 1992 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo XVIII – item 9 – 3ª edição – 1991 – FEESP.

XAVIER, Francisco Cândido – Pelo Espírito Emmanuel – Seara dos Médiuns – lição 7 – 7ª edição – 1991 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade – autores diversos – lição 12 – pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo – 15ª edição – 2006 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.


 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita