Brasil
por Carlyne Paiva

Ano 12 - N° 598 - 16 de Dezembro de 2018

Divaldo Franco: “Somente o perdão traz a paz”


Apesar das fortes chuvas, foi um sucesso o 4º Movimento Você e a Paz realizado na cidade de São Paulo


Nem mesmo a chuva foi capaz de espantar as pessoas de diversos credos que vieram em busca de celebrar a paz no 4º Movimento Você e a Paz de São Paulo, ocorrido em 10 de novembro de 2018, no auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer. Idealizado pelo médium e orador espírita Divaldo Franco e organizado  pela Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro, o evento teve a participação das apresentações musicais de Anastasha Meckenna, Virginia Rosa e banda Soul da Paz. 

Jacqueline Dalabona, mestre de cerimônia, e Odilon Wagner agradeceram a presença de todos e anunciaram  os  agraciados com o Troféu Você e a Paz. Na categoria “Instituições que realizam”, foram homenageados os Institutos Olga Kos e Credipaz, além da rede de loja de chocolates Cacaushow. Já na categoria “Personalidade física que se doa”, foram lembrados o humorista Carlos Alberto da Nóbrega e o escritor e cartunista Maurício de Sousa.

Cônego Joé Bizon, representante do Catolicismo,  propôs, em sua fala, a construção de uma cultura de paz. Convidou a todos a se reconciliarem e perdoarem, evitando a intolerância e promovendo o tratamento fraterno entre os seres humanos. Para ele, sem paz não haverá justiça, pois segundo o profeta Isaías a paz é o fruto desta. Ao encerrar seu pronunciamento, mencionou o pensamento do papa Francisco sobre as diferenças religiosas, que não devem ser fontes de divisão, mas sim uma força em prol da unidade, do perdão, da tolerância e da sábia construção de uma nação. As religiões podem auxiliar a extirpar as causas dos conflitos, construindo pontes de diálogos e sendo uma voz profética para as pessoas que sofrem.

Paula Cristina Corcelli Jorri, em nome das instituições umbandistas, aconselhou os ouvintes a serem portas de paz, permitindo que esse sentimento permeie as palavras, gestos e obras. Alertou para o fato de que não basta apenas vestir branco para simbolizar a paz, mas que é necessário internalizar o branco, vestindo-se de dignidade, ética e responsabilidade.

O rabino Nathan Ruben Silberstein mencionou que Deus é a fonte da paz e que, por si só, é capaz realmente de unir as pessoas em favor de sentimentos nobres. Para seu companheiro de religião, o rabino Michel Schlesinger, a paz é uma conquista que se atinge à medida que se está de bem consigo mesmo. Os dois respeitáveis senhores finalizaram suas falas desejando que todos consigam atingir a paz.

Divaldo Franco iniciou sua mensagem referindo-se a uma história ocorrida durante a primeira Guerra Mundial, no período de 1915 a 1917, em que turcos e armênios se combatiam. Os soldados da Turquia, ao invadirem uma das casas armênias, assassinaram os pais da família, deixando duas jovens órfãs. A mais jovem foi estuprada até a morte e a outra foi transformada em escrava sexual do comandante da tropa. Terminada a guerra, e tendo conseguido evadir-se, ela tornou-se enfermeira na Turquia, indo, anos mais tarde, trabalhar em um hospital.

Em determinada ocasião um homem agonizante necessitava de cuidados especiais, porém ninguém queria cuidar dele, visto que estava coberto de úlceras putrefatas, de modo que somente aquela enfermeira armênia dedicada aceitou cercá-lo de atenção. Quando convalescido, o doente agradeceu-lhe, e ela contou-lhe quem era e disse que, porque se tornara cristã, não poderia prejudicar ninguém, nem mesmo seu algoz do passado, que tanto a fizera sofrer, atendendo assim o ensinamento de Jesus, que nos recomenda amar até os nossos inimigos. Concluído o relato, Divaldo levou o público à reflexão mais íntima, perguntando a cada um dos presentes se, assim como a jovem enfermeira, seria capaz de perdoar. E acrescentou que somente o perdão traz a paz.

Em setembro de 1939 a educadora italiana Maria Montessori, ao ser convidada a proferir uma palestra sobre a paz, a homens de Estado, iniciou seu discurso ponderando que a criatura humana não é educada para a paz, mas apenas formada para a prepotência, para o triunfo enganoso, a mentira, a quimera, a ilusão, e afirmou que a salvação da humanidade virá através da educação. Essa proposta condiz com a questão 685 d’ O Livro dos Espíritos que menciona ser a educação moral a única forma de combater o materialismo e a crueldade. Divaldo ponderou, em seguida, que Allan Kardec foi também educador e discípulo de Pestalozzi, pai da educação chamada Escola Nova, e de Jesus Cristo, mestre por excelência.

A paz, lembrou o orador, é mais do que um estado de aparente modorra, ela pode ser de natureza agitada e encontrar-se numa pessoa ágil, ligeira, mas com a consciência de paz. O medo é a ausência da paz, pois perdeu-se a confiança no próximo. Ao invés de amar, o indivíduo está preocupado em armar-se. Diante disso, Divaldo propõe desarmar para amar mais os semelhantes, como está intrínseco na não violência proposta por Gandhi. A paz do Cristo é universal e apolítica. Em face disso, Divaldo propõe-nos que sigamos os exemplos de Francisco Candido Xavier, Madre Tereza de Calcutá e do papa Francisco, descobrindo os invisíveis e auxiliando-os, como fizeram os heróis, hoje célebres, e os anônimos amantes da verdade. Ao finalizar a sua fala, retomou a pergunta primeira: “Você perdoaria?”. “O ódio é a brasa que, ao jogar-se no criminoso, queima também as mãos do atirador.”

José Carlos De Lucca (na foto com Divaldo), outro palestrante espírita ali representando o Espiritismo, trouxe em sua mensagem o pensamento de que a promoção da paz não significa passividade, mas, sim, evitar com que se seja o contribuinte para a violência, buscando o sagrado habitado em cada ser humano. Rememorou ele um caso ocorrido com Chico Xavier, quando este teve seu gato envenenado por uma vizinha, magoando-o. Emmanuel, nessa ocasião, solicitou a ele que procurasse saber o que a vizinha estaria precisando e lhe desse de presente, livrando-se assim de quaisquer ressentimentos e pagando o mal com o bem, ou seja, perdoando verdadeiramente.

O evento encerrou-se em clima de harmonia e união, com a música sobre a paz, emblemática do movimento, composta por Nando Cordel, que foi entoada por todos que se encontravam no local, provando que é possível a união de diversos credos em favor de um bem maior.

 

Texto: Carlyne Paiva 

Fotos: Edgard Patrocínio


 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita