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por Jane Martins Vilela

 

Reforço na fé


“...Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que todo o que disser a esse monte: tira-te e lança-te ao mar, e isso sem hesitar em seu coração, mas tendo fé de que tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim.” (Marcos, XI:12-14 e 20-23.)


Distantes nos encontramos dessa assertiva do mestre dos mestres. No capítulo XIX de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que trata sobre a fé, Allan Kardec comenta que a fé sincera e verdadeira é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na Inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao fim. Por aqui, já vemos o quanto precisamos subir os degraus de luz de aprimoramento, para mantermos o equilíbrio.

A fé precisa fortalecer os corações. Dar a força interior que ajude a vencer as adversidades. Nesse sentido, o conhecimento é fundamental, lembrando Jesus, quando disse: “conhecereis a verdade e ela vos tornará livres”.

Allan Kardec, o grande codificador do Espiritismo, tem uma máxima, conhecida por todos os espíritas que é “Fé verdadeira só o é aquela que caminha passo a passo com a verdade, em todas as épocas da humanidade”.

Momentos difíceis edificam a fortaleza de ânimo nas almas que buscam se elevar. O Espiritismo é luz no caminho, mas exemplos de coragem e de fé são observados em Espíritos de diversas religiões ou até mesmo em quem não tem religião definida. Já tivemos oportunidade de presenciar isso, através dos anos. Compreendemos que são conquistas morais, adquiridas em várias reencarnações, que vão se sedimentando no Espírito, deixando nele uma base sólida. Como diz o próprio Kardec, para algumas pessoas, a fé parece de alguma forma inata: basta uma faísca para desenvolvê-la. 

Fato relevante é que, aquele que tem certeza do porvir, que acredita e tem fé na imortalidade da alma, vence mais serenamente os obstáculos do caminho.

As dores estão crescentes. Muitos amigos com doenças graves. Muitas pessoas com problemas econômicos sérios. A hora é de aprendizagem e de testemunho. Fortalecer a fé e erguer o bom ânimo, não se deixando abater em momento algum. Manter o pensamento elevado, na certeza do amparo divino e de seus colaboradores espirituais que nos assistem.

Quem já venceu etapas de dor, com coragem e resignação, torna-se um exemplo no caminho. Asserena-se, por conquistar no íntimo a esperança e a certeza. Fortalece a fé. Quem nunca passou na vida por um momento inesquecível, marcante, que demonstra a presença do amor de Deus e do auxílio constante dos benfeitores espirituais?  A maioria tem uma história a contar.

Temos uma senhora amiga, trabalhadora assídua da casa espírita que frequentamos, que há muitos anos serve na caridade e estuda o Espiritismo. Passou umas provações no mês de julho último. Já tem uma certa idade e estava com pneumonia. Foi internada, ficou alguns dias no hospital e foi liberada, para continuar o tratamento em casa. Após alguns dias, retornou para o hospital em estado de emergência. O quadro piorou muito. Tossia tanto que não conseguia parar de tossir e nem conseguia respirar, de tanta a frequência da tosse. Ficou em estado grave. Fez parada cardiorrespiratória. Os planos divinos, porém, a mantiveram por aqui. Recuperou-se sem sequelas e em poucos dias, voltou para as atividades do centro espírita.

Ela sempre denotou muita calma. Isso é uma característica de sua personalidade, desde que a conhecemos. Nunca alterada, sempre mostrando o grande equilíbrio emocional. Muito querida por todos os frequentadores da casa.

Num dia de estudo, umas duas semanas após sua alta hospitalar, o assunto foi direcionado para a fé, para a certeza da imortalidade que o Espiritismo faculta, para as belezas que Deus permite aos homens observarem de sua criação. Aproveitamos o ensejo para perguntarmos a ela se na parada cardiorrespiratória ela teria visto algo, nos momentos em que o corpo não mais respondia. Alguma coisa semelhante aos eventos citados nos casos de fenômenos de quase morte, referenciados muitos por médicos atentos e estudiosos do fato.

Ela estava quieta, serena, atenciosa ao estudo. Ao se lhe indagar, com uma vibração intensa na voz, de quem tinha convicção do que dizia e que se encontrava interiormente fortalecida, ela respondeu: vi, sim. Eu estava num imenso campo verde, lindíssimo, uma enorme paz. Havia pessoas sentadas embaixo de árvores, lendo. Uma paz! De repente, me vi debaixo de uma série de aparelhos. Ainda estava com a impressão daquele lugar. Vi uma moça de branco e pensei, nossa, um anjo! Aí, lhe perguntei onde estava e quem era ela. Para minha decepção, ela disse que era enfermeira e que eu estava na Santa Casa de Cambé!

Com ar de frustração no semblante, comentou ela que o lugar onde estava era lindo demais, calmo demais, que gostaria de ter ficado por lá mesmo!

Demos risada em conjunto, com suas palavras finais e com a expressão de seu rosto, mas lhe dissemos que ela pode ficar feliz, pois já teve de antemão a visita para o lugar em que provavelmente estará quando desencarnar. Ela concordou.

Sua fé foi fortalecida com esse episódio. Se antes já tinha plena certeza da imortalidade, depois que passou por essa experiência, não tem mais nenhuma preocupação com a morte. Morrer não dói. Quem tem um tesouro de paz edificado no íntimo já se encontra em paz aqui na Terra mesmo. O lugar para onde irá depois da morte é onde está o tesouro de seu coração.

Deixamos aqui, no parágrafo final, as palavras de José, do capítulo já citado acima, XIX, sobre a fé, no “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “tende, portanto, a verdadeira fé, na plenitude de sua beleza e da sua bondade, na sua pureza e na sua racionalidade. Não aceiteis a fé sem comprovação, essa filha cega da cegueira! Amai a Deus, mas sabei porque o amais. Crede nas suas promessas, mas sabei por que o fazeis. Segui os nossos conselhos, mas conscientes dos fins que vos propomos e dos meios que vos indicamos para atingi-los. Crede e esperais sem fraquejar: os milagres são produzidos pela fé”.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita