Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Leandro Gomes de Barros

 
Notícias da morte
 

Peço aqui a cada um

Que, por favor, me suporte,

Mas vários amigos mandam

Que eu escreva sobre a morte...

 

Não sei o porquê da escolha,

Já que não sou literato,

Verso que eu possa compor

Recorda uma flor do mato.

 

Antigamente julguei

Que a morte fosse a visão

De uma bruxa escaveirada

Com grande foice na mão.

 

Agora que atravessei

A terra de toda gente,

Posso falar de cadeira

Que ela é muito diferente.

 

Ninguém escapa na Terra

Às influências da dita.

Ela chega para todos,

Mas pouca gente acredita.

 

Quando não surge de estalo,

Vem vindo de passo em passo,

Começa por uma dor,

Uma tristeza, um cansaço...

 

Quando desponta, de início,

Pouco a pouco, ela reclama

Remédio, exame, cuidado,

Silêncio, repouso e cama.

 

Se o Céu envia uma ordem

De suspender a sentença,

Ela deixa a Medicina

Afugentar a doença.

 

Mas quando tem carta branca

Para trabalho, a preceito,

Ela carrega a pessoa

Agindo de qualquer jeito.

 

É um quadro triste de luta...

Muita gente, nessa hora,

Pede apoio e proteção

A Deus e Nossa Senhora...

 

Uns gritam: "Quero ficar,

Tenho meus filhos pequenos...

Socorro, meu Deus, preciso

De mais tempo, mais ou menos..."

 

Outros suplicam: "Doutor,

Eu pago o que possa ter,

Tome qualquer providência,

Mas não me deixe morrer..."

 

Contudo, se o Céu ordena,

De nada a Morte se espanta,

Ciência fica no estudo,

Remédio não adianta.

 

Então se estira a pessoa

Num sono esquisito e enorme,

Lembrando nesse descanso

Uma lagarta que dorme.

 

Depois, recorda um casulo

Na caixa, em forma de cocho,

E o corpo sem movimento

Tome vela e pano roxo.

 

Logo em seguida, a pessoa

Acorda e entra em ação,

Copiando a borboleta

Que deixa a casca no chão.

 

Aí é que o carro pega:

Se a consciência está boa,

É muito encontro feliz

E muita luz na pessoa...

 

Mas, se apenas sombra e culpa

É o que a mente em si carrega,

Parece um doente aos gritos,

Brincando de cabra cega.

 

Aqui termino a conversa.

Nada mais a comentar.

Da morte já disse tudo

O que eu podia falar.

 

Toda criatura na Terra,

Cada qual por sua vez,

Recebe, depois da morte,

Somente a vida que fez...

 

Do livro Assembleia de Luz, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita